A população brasileira está envelhecendo. Hoje, no Brasil, há 18 milhões de idosos no país, o que corresponde a pouco mais de 10% do total da população. Estima-se que, em 2025, essa porcentagem corresponda a 14%.
Todos os seres vivos sofrem um natural e esperado processo de envelhecimento e, para que este ocorra da melhor forma possível, é importante estarmos preparados para enfrentar os desafios que a população de idosos representa.
É preciso aceitar essa fase como um importante capítulo do livro da vida. Então, como se manter bem, mesmo na presença de algumas doenças crônicas, tão comuns nessa faixa etária?
Muitas doenças são crônicas, e não é possível ter a cura delas, mas podem e devem estar controladas. Isso, na maioria das vezes, depende muito de você.
Faça o tratamento de reabilitação de sequelas ocasionadas por alguma doença crônica.
Mantenha hábitos saudáveis: não fume, não beba em excesso, evite ambientes com ruídos intensos e exposição solar sem proteção. Tenha uma alimentação rica em fibras (frutas e verduras) e pobre em gorduras saturadas.
Pratique uma atividade física. Isso ajuda a melhorar a sua condição física, dá mais disposição, ajuda a controlar doenças como hipertensão, diabetes e colesterol alto, diminuindo o estresse, a depressão e o isolamento.
Tenha um sono adequado: dormir bem ajuda a manter o corpo em bom funcionamento.
Pratique atividades de lazer, como passear, ir ao cinema, ao teatro, viajar, fazer amigos e dançar. Enfim, tenha como lazer aquilo que lhe dá prazer.
Mantenha a sexualidade: não valorize apenas o ato sexual. Lembre-se de que o contato e o afeto são muito importantes.
Tenha metas e objetivos. Planeje o seu futuro. Participe de decisões pessoais, familiares e sociais.
Não deixe de ter atividades intelectuais. Leia muito, faça cursos, esteja por dentro dos assuntos que acontecem no mundo. Isso contribui para preservar a sua memória.
Tenha fé, acredite em algo, cultive a espiritualidade. Estudos mostram que são úteis para manter o equilíbrio mental.
Até o momento, a ciência não descobriu nenhum antídoto para combater o envelhecimento. Suplementação vitamínica, drogas antioxidantes e anestésicos, nenhuma dessas terapias têm base científica que comprove o retardamento dessa fase. No entanto, um estilo de vida saudável com medidas simples, como as apontadas acima, podem fazer a diferença e proporcionar melhor saúde e bem-estar.
Até o momento, a ciência não descobriu nenhum antídoto para combater o envelhecimento. Suplementação vitamínica, drogas antioxidantes e anestésicos, nenhuma dessas terapias têm base científica que comprove o retardamento dessa fase. No entanto, um estilo de vida saudável com medidas simples, como as apontadas acima, podem fazer a diferença e proporcionar melhor saúde e bem-estar.
A Importância da Nutrição na Terceira Idade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o idoso como “uma pessoa com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos, e 60 anos nos países em desenvolvimento”. O aumento dessa população vem sendo observado no mundo inteiro, o que ocorre em função da melhoria na qualidade de vida, somado ao avanço da ciência e tecnologia aplicados na área da saúde.
Segundo o IBGE, estima-se que no Brasil, entre 1950 e 2025, a quantidade de idosos aumentará 16 vezes contra cinco vezes da população total.
Atualmente, sabe-se que as principais causas de morte entre idosos são previsíveis e passíveis de prevenção, através de ações relativamente baratas. Estudos mostram que derrames cerebrais e os infartos são as enfermidades que mais matam idosos no país, e considera-se que é possível reduzir as ocorrências através de um programa efetivo de controle da pressão arterial ou ainda pela introdução de hábitos saudáveis. Os programas de controle para idosos podem não apenas evitar as mortes precoces, mas também reduzir o sofrimento com as sequelas de algumas doenças.
A nutrição e a alimentação na terceira idade ainda são áreas pobres em investigação, sendo pouco exploradas e não tendo recebido a atenção que lhes é devida. Em alguns países desenvolvidos, muitas pesquisas têm sido feitas, visando a identificar o consumo alimentar de idosos, porém na América Latina, particularmente no Brasil, essas investigações praticamente inexistem.
E fundamental que o idoso apresente uma dieta equilibrada em carboidratos, proteínas, gorduras. O atendimento das necessidades de vitaminas e minerais é essencial, pois esses nutrientes, além de atuar regulando diversas funções no organismo, agem como antioxidante e previnem o envelhecimento e aparecimento de doenças. Além disso, é importante a refeição apresentar aspectos agradáveis, como a cor, sabor, aroma e textura, e que seja priorizado o prazer no momento da refeição, atendendo as preferências do idoso.
Atualmente, é pertinente pensamos na necessidade de aprimoramento em produtos e serviços voltados para a população idosa, de forma a promover a prevenção e tratamento dos problemas ocorrentes nessa fase da vida. Na questão nutricional, deve-se priorizar a criação de tecnologias, produtos, serviços e conhecimentos suficientes que agreguem prazer e saúde a essa população, sem desconsiderar as características fisiológicas especiais e uma necessidade nutricional específica.
As refeições na terceira idade devem ser pouco abundantes e repartidas, por forma que cada uma não sobrecarregue demasiado o estômago do idoso. À medida que aumenta a idade, a tendência será para que as refeições se tornem isocalóricas e com intervalos de cerca de 2,30 a três horas. Estas refeições devem ser preparadas para facilitarem a mastigação e permitirem uma fácil digestão, evitando a utilização de condimentos fortes e de gorduras em excesso e muito aquecidas.
Além disso, as refeições devem ser atrativas em termos de aspecto, de paladar e de consistência a fim de que estimulem o apetite.
Em termos de nutrientes, para idosos, deve preparar refeições pobres em gorduras sólidas e de origem animal e ricas em proteínas de origem animal, metade das quais devem ser provenientes de produtos lácteos.
O idoso deve ir buscar as vitaminas e minerais aos alimentos do GRUPO V da roda dos alimentos (vegetais, hortícolas, batatas, frutos), pois estes alimentos são facilmente digeríveis. As fibras podem ser adquiridas à custa do pão de mistura e de alimentos do GRUPO IV (vegetais secos, cereais e derivados, leguminosas secas, açúcar e cacau)
Aspectos a ter em conta na preparação dos alimentos
Ao organizar o regime alimentar de um idoso, deve ter em conta os seguintes fatores. A má dentição, ou utilização de defeituosa prótese dentária, exige o emprego de alimentos apropriados e com uma textura adequada (cozedura suficiente, fracionado ou picado, ralado, etc.). Poderá também optar por preparações dietéticas ou produtos homogeneizados, os quais, podendo dar satisfação completa nos aspectos dietéticos, levantam os problemas da aceitabilidade e do seu custo muito elevado.
Tenha também em conta que, no idoso, é muito freqüente a obstipação, ocasionada, por um lado, pela atonia do tubo digestivo e pela diminuição das secreções digestivas e, por outro lado, pela falta de fibra. Esta falta de fibra obriga ao cálculo da quantidade de fibra fornecida pelos GRUPOS IV e V e dos alimentos mais indicados (pão de mistura, vegetais verdes, e frutos) para se conseguir um equilíbrio em fibra.
As dislipidemias (ou formas estabelecidas de aterosclerose e outras perturbações degenerativas), nas quais a nutrição desempenha papel fundamental, dependem de desequilíbrio entre carboidratos e gorduras, do excesso destas ou dos seus ácidos gordos saturados e colesterol, do consumo excessivo de açúcar e de álcool, que as pessoas idosas aceitam inadvertidamente.
O idoso pode consumir cinco a seis refeições diárias. O processo de preparação mais indicado é a cozedura, bem como grelhados ou ainda assados.
Cuidados a ter com o planejamento das dietas
O planejamento de dietas que atendam ás necessidade dos idosos apresenta problemas que são tão variados quanto às circunstâncias nas quais estas pessoas vivem. Seja quem for o responsável pelo planejamento e preparação das suas refeições, deve atender aos gostos do paciente e às suas necessidades e limitações.
Neste planejamento, tenha em conta fatores como a ignorância dos fatos relacionados à nutrição, os preconceitos alimentares, o temor de alimentos desconhecidos, a falta de dinheiro e a dificuldade na preparação dos alimentos.
Embora possam necessitar de uma alimentação e preparação especial das refeições, os idosos devem, sempre que possível, participar nas refeições e comer os alimentos preparados para toda a família.
O aspecto visual da comida é muito importante. Até uma comida simples e bem apresentada poderá fazer com que o idoso sinta prazer em comer.
Se a capacidade digestiva é limitada, as refeições devem ser planeadas de modo que a pessoa idosa evite certos alimentos. Uma bebida quente à noite pode ser agradável para o idoso, ajudando mesmo a induzir ao sono.
Alimentação equilibrada e orientada pode garantir maior qualidade de vida
Nos últimos anos a melhora das condições de saúde e de tratamento tem feito com que o número de idosos venha crescendo tanto no mundo quanto no Brasil. Este fato, segundo Dr. Mauro Kleber de Sousa e Silva, especialista em clínica médica e suporte nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral pela AMB – Associação Médica Brasileira, faz com que novas preocupações e investimentos sejam feitos na identificação de particularidades que possam propiciar um melhor atendimento a pessoas desta faixa etária.
É sabido que o envelhecimento causa alterações no corpo que podem interferir com a alimentação e o estado de nutrição de uma pessoa. São comuns, segundo Dr. Mauro Kleber, as alterações do paladar e do olfato, com redução na percepção dos sabores salgado, doce e ácido. Embora não interfiram diretamente na ingestão alimentar, ocorrem com freqüência, a redução da salivação e menor capacidade de mastigação. Seja por falta de dentes ou pelo uso de dentaduras mal adaptadas e de diversos distúrbios da deglutição. Todos estes fatores, devem ser levados em consideração quando se trata de planejar a dieta de idosos, frisa o médico.
O idoso é em geral menos ativo fisicamente, e por isto tende a consumir menos calorias que os indivíduos mais jovens. Este fator já representa um risco aumentado de deficiência para várias vitaminas e minerais. Outra conseqüência é a alteração da sua composição corporal com diminuição da massa corporal seca (notadamente músculos e ossos) e um aumento da gordura corporal total.
No idoso, de acordo com o médico, o desenvolvimento da desnutrição tem alguns detalhes, que se não observados podem fazer com que o médico ou nutricionista não chegue ao diagnóstico correto. “O isolamento, a perda do cônjuge, a depressão, a demência, a anorexia, o uso de medicamentos, a diminuição da mobilidade, o consumo de álcool, o de tabaco, o estado da dentição, o uso de próteses, são condições que devem merecer uma atenção especial, pois podem interferir tanto com o acesso a alimentos quanto com a sua ingestão”.
A perda de peso e outras alterações no exame físico, tais como a diminuição de tecido adiposo, do tônus muscular e da saúde da pele, são importantes, mas devem ser interpretadas com cuidado. Mais importante parece ser uma avaliação funcional, que pesquise mudanças nos hábitos e na rotina diária de trabalho e de lazer.
Dieta variada – Saudável – Balanceada
De acordo com o especialista, existe o consenso de que o idoso deve receber uma dieta variada, saudável e balanceada. As necessidades proteicas calóricas e de lipídeos diárias não são muito diferentes das de grupos mais jovens de pessoas. Deve-se ter o cuidado de adequar a dieta para os indivíduos com dificuldade de mastigação e deglutição, alerta o médico. As restrições dietéticas, decorrentes de doenças específicas, como a diabetes ou das insuficiências de órgãos, devem ser respeitadas, o que não significa que a alimentação não possa ser saborosa. Eventualmente será mais importante recuperar ou preservar o estado nutricional de um idoso doente, prestando a atenção no prazer da alimentação e na conservação do apetite, do que respeitar restrições dietéticas muito rígidas.
O uso de suplementos vitamínicos pelos idosos merece um comentário à parte, pois segundo o médico, existem situações relacionadas ao envelhecimento e ao uso de dietas inadequadas, que fazem com que os idosos estejam mais propensos a ter carência de algumas vitaminas. “Este fato não justifica o uso indiscriminado de complexos vitamínicos nestas pessoas, ademais a maior parte dos idosos que recebe uma dieta adequada não apresentam sinais clínicos de deficiência vitamínica”:ratifica.
O Dr. Mauro Kleber destaca sobre o cuidado especial deve ser dado à vitamina B12, cuja deficiência é muito mais comum nesta faixa etária. Pessoas acima dos setenta anos têm uma incidência maior de gastrite atrófica, diminuição da acidez gástrica e da produção de fator intrínseco com conseqüente deficiência da absorção intestinal da vitamina B12. “A falta desta vitamina pode levar a anemia megaloblástica, neuropatia periférica, com dificuldades de marcha e déficits de cognição, e ela deve ser, quando necessário, administrada por via parenteral”, frisa.
Vitaminas – Uma Necessidade do Idoso
O especialista acrescenta ainda que também são comuns entre os idosos as deficiências de vitamina D e cálcio. O envelhecimento leva a uma diminuição da absorção intestinal da vitamina D ativa e da capacidade da pele de produzir o seu precursor, a vitamina D3. A reposição de vitamina D deve ser feita com cuidado, pois é potencialmente perigosa, podendo levar a hipercalcemia e à morte. A absorção do cálcio também diminui com a idade e sua suplementação pode ser necessária, especialmente em mulheres em risco de osteoporose. A suplementação de cálcio está contra-indicada em pacientes com história de cálculos renais de cálcio, hiperparatireiodismo primário, sarcoidose e nos com hipercalciúria renal.
Nos idosos, tão ou mais freqüente do que a desnutrição, ocorre a desidratação, que deverá ser apropriadamente diagnosticada e corrigida pelos que os tiverem assistindo. “A alimentação do idoso obedece os mesmos princípios da de outras faixas etárias. A atenção especial que requerem algumas particularidades do envelhecimento, não cria nenhuma dificuldade ou cuidado extraordinário que não devesse fazer parte do cuidado habitual a ser prestado a um paciente”, finaliza o especialista.
A importância da nutrição na terceira idade:
- Os alimentos são importantes no tratamento e prevenção de doenças? Os primeiros registros de associação de alimentação à saúde datam de cerca de 2500 anos atrás. “Que o teu alimento seja o teu remédio e que teu remédio seja o teu alimento” pregava o filósofo Hipócrates, pai da Medicina e pioneiro na utilização de alimentos no tratamento e prevenção de doenças. Com o passar dos anos, nosso organismo passa por diversas transformações. Para continuar com saúde e disposição, prevenindo e tratando as doenças já instaladas, a alimentação é um ponto fundamental.
- A alimentação do idoso deve ser diferenciada?
- Sob o ponto de vista fisiológico, o idoso tem uma redução de diversas propriedades do organismo. Além de alterações na dentição, que dificultam a mastigação; e de locomoção, um obstáculo para a busca de alimento; as funções digestiva, absortiva, gástrica e intestinal estão reduzidas. No Brasil, lembra o especialista, é também freqüente a interferência da questão financeira. Com os baixos valores das aposentadorias, há a dificuldade de aquisição de maior variedade alimentar, o que reduz as chances do indivíduo ter acesso a todos os nutrientes necessários.
- O que deve ser observado na alimentação do idoso?
- Em qualquer faixa etária, é importante a atenção à variedade na hora das refeições. O prato típico nacional, composto de arroz, feijão, carne, salada e vegetais, é um bom começo. Na terceira idade, a receita não é diferente. Os idosos devem ter cuidado para não restringir a alimentação a carboidratos, como pães e massas; e às formas líquida ou pastosa, como as sopas. Embora mais fáceis de ingerir e preparar, devem estar sempre acompanhadas de frutas, verduras, salada e proteína. As proteínas são encontradas especialmente nas carnes. Se houver dificuldade de mastigação, o leite, ainda que o de soja em caso de intolerância à lactose; bem como peixes ou ovo, são ótimas fontes. No caso dos legumes, para facilitar devem estar bem cozidos e macios. Quanto às frutas e vegetais, podem ser ingeridos sob a forma de sucos.
- A orientação profissional é importante nesta fase da vida? Assim como os medicamentos, suplementos vitamínicos e alimentação devem ser consumidos a partir de orientação de profissionais especializados. Isso porque a existência de doenças crônicas é um fator relevante a ser considerado. A vitamina A, por exemplo, é hepatotóxica. Sua suplementação não deve ser indicada para portadores de insuficiência hepática. Diabéticos, hipertensos e portadores de insuficiência renal ou cardíaca são outros exemplos que devem receber atenção especial neste aspecto. O mesmo vale para os preparados de líquidos de fórmulas nutricionais especiais para idosos, disponíveis em casas especializadas. Ainda que voltados às carências típicas desse público, seu consumo tem seguir indicação profissional.
- Que sinais de alerta devemos observar? Familiares e cuidadores devem estar sempre atentos aos hábitos alimentares dos idosos, verificando quantidades e variedades ingeridas a cada refeição, bem como sua frequência. Em caso de visível perda ou ganho de peso repentinos, é necessária avaliação médica para investigação das causas. Muito mais que um sinal de alimentação inadequada, tais sintomas podem advir de doenças graves. A depressão é outro problema frequentemente refletido na alimentação. A perda do cônjuge ou de pessoa próxima é um dos principais fatores desencadeantes. Tendência ao isolamento e perda de apetite são alguns dos sintomas.
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