Google Analytics Alternative

ALIMENTAÇÃO A BASE DE VEGETAIS PROTEGE OS RINS.

sábado, 30 de janeiro de 2016 0 comentários
A doença renal crônica atinge 10% da população mundial. A estimativa é que a enfermidade afete um em cada cinco homens e uma em cada quatro mulheres com idade entre 65 e 74 anos, sendo que metade da população com 75 anos ou mais sofre algum grau da doença.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, o risco de doença renal crônica, de acordo com a entidade, deve ser avaliado por meio das seguintes perguntas: (1) Você tem pressão alta? (2) Você sofre de diabetes mellitus? (3) Há pessoas com doença renal crônica na sua família? (4) Você está acima do peso ideal? (5) Você fuma? (6) Você tem mais de 50 anos? (7) Você tem problema no coração ou nos vasos das pernas (doença cardiovascular)? Se uma das respostas for sim, seu risco já é maior do que o de outras pessoas.

Eu adicionaria mais algumas perguntas: Qual é a quantidade de frutas e verduras que você consome ao dia? Qual é a quantidade de doces e alimentos adoçados que você consome por dia? Qual é a quantidade de carne que você consome ao dia?

Uma dieta padrão ocidental (pobre em frutas e verduras frescas, rica em carnes e alimentos adoçados) está mais associada com perda indesejável de proteína na urina (albuminúria) e redução da função renal (Lin et al., 2011).

Esta dieta ocidental é mais acidificante porque é rica em gordura saturada, açúcares, sódio e cloro. Porém é pobre em substâncias alcalinizantes como fibras, magnésio e potássio (Chen & Abramowitz, 2014). A carga ácida é associada a maior dano renal (Banerjee et al., 2014), devido à toxicidade tubular provocada, por exemplo, pelo excesso de amônia e radicais livres (Goraya & Wesson, 2014).

Para prevenir a doença renal crônica uma dieta a base de vegetais é recomendada. Plantas são ricas em vitaminas, minerais e fitoquímicos antioxidantes, que reduzem a quantidade de radicais livres circulantes (Chang et al., 2013). Além disso, as proteínas das plantas possuem menos aminoácidos sulfurados, acidificando menos o sangue (Kanda et al., 2014).

Para indivíduos que já estão em tratamento de doença renal a mudança da dieta ocidental para uma dieta vegetariana reduz a acidose (Goraya et al., 2013).

Fonte: Nutriyoga.

AZEITE DE OLIVA E OLEAGINOSAS CONTRA A PERDA DE MEMÓRIA.

0 comentários
Os benefícios da alimentação saudável em relação aos infartos ou aos derrames são conhecidos, e as evidências científicas a respeito são cada vez mais contundentes. O maior trabalho realizado na Espanha sobre essa questão, o chamado Predimed, com dados de 7.500 pessoas, observou há dois anos que quando a dieta mediterrânea (já por si só protetora) era reforçada com azeite de oliva extra virgem (não serve o refinado) ou frutos secos (oleaginosas), o risco de uma pessoa sofrer acidentes cerebrais se reduzia em até 30%.

Agora, os mesmos autores do trabalho anterior, dirigidos por Emilio Ros, do Instituto de Pesquisas Biomédicas August Pi i Sunyer (Idibaps), do Hospital Clínico de Barcelona, se concentraram em outro aspecto: a função cognitiva entre as pessoas idosas (média de idade de 67 anos). E observaram que o mesmo regime alimentar enriquecido com azeite e nozes também previne ou retarda a perda de faculdades mentais associadas ao envelhecimento na população saudável.

O estudo foi publicado nesta segunda-feira no JAMA Internal Medicine. E tem a particularidade, como explica Ros a este jornal, de que compara pela primeira vez pessoas submetidas a uma dieta enriquecida com uma população-controle, avaliadas no início e no final do experimento, de quatro anos de duração.

Entre os participantes do primeiro grupo foram selecionadas 115 pessoas às quais se deu um suplemento de um litro por semana de azeite de oliva extra e 147 que tomaram uma ração de 30 gramas por dia de uma mistura de nozes (15 gramas), avelãs e amêndoas. Para os outros 145 participantes simplesmente se recomendou diminuir o conteúdo de gordura de sua alimentação. As capacidades cognitivas foram medidas por uma bateria de nove testes neuropsicológicos.

Ao término do estudo os pesquisadores constataram que as pessoas que consumiram a dieta mediterrânea reforçada com suplementos tinham uma capacidade cognitiva melhor que a do grupo de controle, que tinha sofrido perdas maiores na função cerebral. Os que consumiram oleaginosas preservaram melhor a memória (uma das provas para avaliá-la consistia em memorizar sete palavras e lembrá-las depois de sete minutos). Entre os que consumiram azeite de oliva, as vantagens se relacionaram à função executiva (entre outros aspectos, eram mais rápidos na hora de unir com um traço 12 números postos ao acaso sobre um papel). Essa melhora da função cognitiva independe de variáveis como a idade ou o sexo dos participantes (dos 447 voluntários, 223 eram mulheres). “As duas dietas melhoraram significativamente os resultados do grupo de controle”, destaca Ros, que também dirige um grupo no Centro de Pesquisa Biomédica em Rede-Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição.

O pesquisador enfatiza que os resultados são aplicáveis à população saudável, como estratégia preventiva, mas nunca como um tratamento para frear os efeitos de um processo de demência quando os sintomas já começaram a se manifestar. “[A dieta analisada] detém a deterioração cognitiva associada à idade, mas no momento não podemos dizer que possa prevenir, por exemplo o Alzheimer, embora, sim, a condição patológica prévia ao Alzheimer”, comenta. Além disso, o experimento mostra como uma mudança de hábitos, neste caso, alimentares, é um recurso eficaz para prevenir a degeneração cognitiva, embora ocorra em idades avançadas.


Os efeitos benéficos provavelmente se devem à grande quantidade de agentes anti-inflamatórios e antioxidantes [desses produtos] Emilio Ros

O trabalho não aborda o mecanismo de ação preventiva do azeite e das oleaginosas. “Os efeitos benéficos provavelmente se devem à grande quantidade de agentes anti-inflamatórios e antioxidantes [desses produtos]”, indica Ros. Por isso, não adiantaria com azeite de oliva refinado, mas somente com o extra virgem —“puro sumo da azeitona”, nas palavras do investigador—, muito rico em polifenóis. Algo parecido, quanto às propriedades, sucede com as nozes, que são o segundo alimento vegetal com maior poder antioxidante, depois do quadril de rosa, o fruto de um tipo de roseira selvagem.

Em um ambiente caracterizado pelo aumento da expectativa de vida, o interesse pela prevenção da deterioração física, cognitiva e emocional relacionada com a passagem dos anos está cada vez mais concentrando esforços da comunidade internacional de pesquisas. Rafael Tabarés, catedrático de Psiquiatria na Universidade de Valência e principal pesquisador de um dos grupos do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Saúde Mental, conhece bem os trabalhos relacionados com o âmbito cognitivo.

Apesar dos esforços realizados, as únicas estratégias que demonstraram eficácia para frear a diminuição das faculdades mentais associada com a idade não são farmacológicas —há, sim, medicamentos quando a demência se manifestou—, mas estão relacionados com os hábitos de vida saudáveis. As mais estudadas têm a ver com os efeitos positivos e protetores da atividade física moderada e intensa em pessoas saudáveis em comparação com os comportamentos sedentários. “Há trabalhos que apontaram para a dieta, apesar de as evidências científicas serem menores”, explica Tabarés. “A importância deste trabalho consiste em que reforça a tese protetora da dieta, e nos permite pensar que, se é benéfica para as pessoas idosas, também será para a população em geral.”

Fonte: El País.

3 INGREDIENTES QUE NÃO DEVERÍAMOS COLOCAR NO CAFÉ.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016 0 comentários
Os brasileiros adoram café e isso não é nenhum segredo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8 em cada 10 brasileiros consomem a bebida, sendo que a média nacional de consumo é de 3 a 4 xícaras por dia, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Este hábito, longe de ser prejudicial, se enquadra nos limites recomendados (2 ou 3 xícaras no máximo, segundo o The New England Journal of Medicine), e pode ser benéfico para a saúde.

A mesma publicação científica vincula a ingestão prudente de café a uma redução de 10% no risco de morte por doenças cardíacas, respiratórias, derrames e diabetes e infecções. Há exceções, é claro, como no caso dos hipertensos. Em geral, ainda que as orientações clínicas não sejam contundentes a respeito, recomenda-se moderar o consumo de café nas pessoas muito tensas. Apesar de alguns estudos não terem revelado que o consumo moderado aumente a tensão em longo prazo, realmente parece que altas concentrações podem elevá-la, assim como provocar um aumento momentâneo depois de sua ingestão. Por isso os médicos aconselham uma redução do consumo nestes casos.

“A presença de cafeína e antioxidantes pode melhorar o funcionamento cognitivo, o sentido da sensibilidade, assim como o processo de digestão”, afirma Alícia Aguilar, professora de Estudos da Ciência da Saúde e diretora do Mestrado em Nutrição e Saúde da UOC, que acrescenta que “até pode ser eficaz contra alguns problemas coronários, diabetes mellitus, Mal de Parkinson e Alzheimer e alguns tipos de câncer”. Os dados ainda não são conclusivos, pois se baseiam na observação e os estudos controlados apenas começaram.

Muito bem, realmente há efeitos positivos atribuídos ao consumo de café puro, sem ter sido adulterado por outros alimentos como leite e açúcar. Mas não é a mesma coisa tomar uma xícara de café puro do que fazê-lo com um pouquinho de leite e duas colheres de açúcar, e repetir esse gesto três, seis ou dez vezes ao dia. Nesse sentido, Aguilar afirma que “o ideal não tem de ser necessariamente tomá-lo puro, mas tudo depende do tipo de alimentação que temos no restante do dia”.

Açúcar: pouco pode ser muito
O critério a seguir em relação ao que se adiciona ao café tem de ser a moderação. Então, se você é dos que tenta encobrir o amargor do café com um saquinho de açúcar, lembre-se de que, ao fazê-lo, “você está aumentando o valor energético que o café sozinho não tem”, adverte Aguilar, que afirma que “ao acrescentar apenas açúcares simples, os benefícios mencionados e associados ao café ficarão subordinados à quantidade de açúcar que consumamos no restante do dia”.

Com esta premissa, e para não excedermos os 25 gramas diários de açúcar (5% da energia total necessária por dia) que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda atualmente, a especialista aconselha ter em mente que “os açúcares simples fazem parte de muitos dos alimentos que consumimos habitualmente, especialmente os processados, e portanto é fácil reduzir essa quantidade, ainda que só se tome uma colher por dia”. Conclusão: aprenda a saboreá-lo sem açúcar. “Tanto o mascavo quanto o refinado ou o mel são nutricionalmente equiparáveis”, afirma Aguilar.

Leite integral: quanto mais branco, mais gorduroso
De novo, para desfrutar dos benefícios do café, a prudência deve imperar. Neste caso, se você tem o costume de batizar o café com um pinguinho de leite, é melhor que não passe disso. O líquido branco não traz problemas de saúde, “mas é preciso considerar a quantidade de lácteos que vamos consumir ao longo de um dia e quantos cafés com leite e macchiato tomaremos”, acrescenta a especialista. O café, fonte benéfica de polifenóis que agem como antioxidantes, adquire, ao acrescentar-se leite integral, outro significado nutricional, pois entram em jogo as gorduras saturadas, para as quais realmente existe uma recomendação de consumo diária (10% da energia da dieta, segundo a OMS).

Os nutricionistas não desaconselham o leite integral em pessoas sadias, mas suas versões desnatada e semidesnatada têm menos calorias “e são aptas para pessoas com obesidade, patologias cardiovasculares e fatores de risco associados”, como relembra o nutricionista Giuseppe Russolillo, presidente da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas (FEDN).

Aguilar concorda e aconselha o semidesnatado para pingar no café, “exceto para pessoas com intolerância a lactose, que deveriam preferir bebidas vegetais”.

Álcool: passaporte para a doença
A combinação mais hard core do café, o carajillo (mistura de café com brandy ou outra bebida destilada, como rum ou aguardente), popular em países como a Espanha, tem uma certa dificuldades para ser aceita no clube das bebidas saudáveis. “É preciso pensar que as bebidas alcoólicas dão energia (7 kcal/g), mas sem qualquer outro nutriente adicional que nos beneficie”, adverte Aguilar. A OMS arremata com as seguintes considerações sobre seu consumo:“A ingestão de álcool é fator causal de mais de 200 doenças e transtornos. Está associada ao risco do desenvolvimento de problemas de saúde tais como transtornos mentais e comportamentais, incluindo o alcoolismo, doenças importantes não transmissíveis tais como a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, assim como traumatismos causados pela violência e os acidentes de trânsito”. Não parece o mais indicado para um plácido café da manhã...

Fonte: El País.

10 ALIMENTOS SAUDÁVEIS.

0 comentários

Parece que no momento todo o mundo se alimenta de chia, açaí, quinoa, bagas de goji. Alguns deles são milenares e têm fama de promover juventude, saúde e até beleza. Dez superalimentos e suas propriedades nutritivas.

Açaí
A campanha vitoriosa do açaí começou modestamente no Nordeste brasileiro, mas em poucos anos as bagas violáceas tomaram conta do mundo. Sua fama é de tornar o consumidor forte e esbelto. E jovem, devido aos numerosos antioxidantes que contém. Para muitos esportistas, os poderosos frutos da palmeira prometem uma dose extra de energia.

Abacate
O abacate é uma das frutas mais ricas em gordura. O que não significa que seja a mais engordante, pois contém ácidos graxos insaturados de alta qualidade, com efeito positivo sobre as taxas de colesterol e o sistema cardiovascular. Além disso, possui numerosas vitaminas que beneficiam desde a pele e os cabelos até os sistemas imunológico e nervoso.

Chia
As sementinhas de chia são vendidas como panaceia universal. Com alto conteúdo proteico, são ricas nos ácidos graxos essenciais ômega-3 e ômega-6. Os maias e astecas já conheciam as propriedades da chia 5 mil anos atrás. De gosto neutro, elas são consumidas por seus fãs como pudim, gel ou puras, salpicadas sobre a comida.

Goji
Ao se falar de superalimentos, é quase impossível evitar os superlativos. Isso se aplica em especial às bagas de goji, citadas entre as frutas mais saudáveis do mundo. Consta que fortalecem o sistema imunológico e cardíaco, baixam a pressão sanguínea, dão energia. E mantêm a pessoa jovem – por exemplo, pela ação benéfica sobre olhos e pele.

Couve-crespa
Passo a passo, a modesta couve-crespa vai conquistando o mercado europeu, passando de exótica à verdura da moda. Conhecida como "kale", nos Estados Unidos há muito ela tem excelente fama, seja refogada ou em forma de salada ou "smoothie". Cem gramas dessa verdura bastam para cobrir a necessidade diária de vitamina C. Além disso, ela é rica em vitamina A e minerais como ferro e cálcio.

Mirtilo
Na Alemanha a estação das bagas azul-escuro começa em julho. Mirtilos são apreciados como bombas vitamínicas, eficazes no combate às infecções. Sabe-se que já na Grécia e Roma antigas eles eram utilizados contra afecções intestinais. Ao contrário do açaí, contêm poucas calorias e quase nenhuma gordura, mas apresentam o mesmo efeito antienvelhecimento.

Gengibre
Ao aquecer o corpo, o gengibre é uma arma eficaz no combate às afecções gastrointestinais. Ao aumentar a circulação nos intestinos, ele faz sarar infecções e a mucosa intestinal se recupera. Esse efeito aquecedor se potencializa quando ele é ingerido seco. Em estado fresco, por outro lado, é mais picante, o que é de extrema importância para o reforço do sistema imunológico, por exemplo.

Cúrcuma
Há milênios o cúrcuma ou açafrão-da-índia é um dos condimentos principais da cozinha indiana, sendo encontrado no famoso pó de curry. A planta aparentada ao gengibre é tida como sagrada e incluída em praticamente todos os pratos, para promover a digestão. Além disso, o curcuma também tem fama de baixar o colesterol, além de ser antioxidante e anti-inflamatório.

Amêndoa
Comer algumas amêndoas por dia é um valioso segredo da saúde. Esse fruto seco combate ataques de fome, beneficia o coração e reduz o risco de diabetes do tipo 2 e mal de Alzheimer. Além disso, a gordura das amêndoas é como a do abacate: abundante, porém saudável.

Quinoa
Originária da região dos Andes, a quinoa já é cultivada há cerca de 4 mil anos. Esse pseudocereal é uma das melhores fontes de proteína vegetal conhecidas em todo o mundo. Os pequenos grãos contêm todos os aminoácidos essenciais e antioxidantes importantes para o combate às doenças, além de serem livres de glúten e ricos em minerais.

Fonte: DW.

ENVELHECIMENTO COMO UM PROCESSO CONFIGURÁVEL.

0 comentários
A cada ano que passa, as pessoas estão vivendo mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa média de vida hoje é de 71 anos, levando em conta a média global e ambos os sexos – em 1990, ela era de apenas 64 anos. No Brasil, esse índice melhora: os brasileiros vivem, em média, 75 anos.

Em entrevista à DW, o ginecologista Bernd Kleine-Gunk, presidente da Sociedade Alemã de Prevenção e Medicina Antienvelhecimento (GSAAM, na sigla em alemão), enumera os diversos fatores favoráveis a essa maior longevidade. Mas garante não haver uma fórmula secreta de rejuvenescimento: "Existem, porém, muito bons conselhos."

DW: Por que as pessoas estão vivendo mais – pelo menos no Ocidente?

Bernd Kleine-Gunk:Existem diversos fatores favoráveis. Os cuidados médicos, por exemplo, estão em constante progresso. Mas sabemos que isso não é o mais importante. O fator decisivo é que hoje temos melhores condições de vida, como melhor alimentação e melhor higiene. Esses aspectos influenciam mais na expectativa de vida da população do que a medicina propriamente dita.

O que podemos aprender com as chamadas "zonas azuis", onde as pessoas vivem mais do que a média mundial?

Não existe um denominador comum em todas elas. Em cada região, a população leva um estilo de vida diferente. Na Sardenha, por exemplo, eles afirmam que o vinho tinto é o segredo de sua longevidade. Já na ilha japonesa de Okinawa, o segredo seria a alimentação à base de algas. No entanto existem alguns fatores comuns: ninguém que chegou aos 100 anos, em qualquer dessas regiões, estava acima do peso. Pelo contrário, eles são adeptos da restrição calórica há décadas, como recomendam os especialistas em rejuvenescimento. Mas não como medida dietética consciente, e sim porque não tiveram alimento suficiente por muitos anos.

Além disso, a base de sua dieta são frutas e verduras. Muitos deles são agricultores e continuam trabalhando enquanto a idade – e o físico – permita. Por isso, passam muito tempo respirando ar fresco e adquirindo bons níveis de vitamina D. E, por último, o mais importante: eles estão bem arraigados em suas famílias e comunidades. Nenhum deles vive num lar de idosos. Esse sentimento de "Eu sou útil e tenho um papel a desempenhar na vida" é crucial e lhes dá forças para que continuem vivendo.

Qual é a importância da atitudes pessoal para se viver mais?

Gente otimista e afetuosa tem mais amigos durante a velhice. Quem é amável também é digno de ser amado. É bom se sentar junto com essas pessoas – com os rabugentos, nem tanto assim. Descobrimos que essa é também uma fantástica profilaxia da demência. O cérebro é um órgão social: precisamos do intercâmbio com os outros, e ele é muito mais fácil com os que têm uma estrutura básica amigável do que com os que vivem como lobos solitários.

Existe alguma fórmula para permanecer jovem por mais tempo?

Uma fórmula única, seguramente não. Mas existem conselhos muito bons. Um deles é: não deixe de fazer as coisas de que gosta. Nenhum artista deixa de pintar aos 65 anos, ou de escrever, ou de tocar música. Outro conselho: evite tudo aquilo o que faz envelhecer e morrer prematuramente, sobretudo fumar. Mais uma dica: cuide de seu peso, siga uma dieta equilibrada. E nunca perca a curiosidade pela vida. Se estou sempre descobrindo coisas novas e belas, tenho uma boa motivação para seguir vivendo.

Por que envelhecemos?

Estamos na Terra porque temos um objetivo biológico básico, que consiste em transmitir nossos genes às gerações seguintes. Feito isso, nos tornamos prescindíveis. Então passamos a envelhecer de maneira significativa e mensurável. Até os 30 anos, quando a missão de reproduzir normalmente foi cumprida, permanecemos jovens. A partir daí, não somos mais interessantes para a Mãe Natureza. Quem, então, ainda quiser se manter jovem e saudável, precisa se cuidar muito.

As mulheres se tornam inférteis antes dos homens, mas a expectativa de vida delas ainda é maior. Como isso se explica?

Há duas teorias. A primeira é que as mulheres são mais importantes. Elas contribuem para a preservação e reprodução da espécie muito mais do que os homens, por meio da gravidez, da amamentação e da criação dos filhos. Dessa forma, estão mais protegidas biologicamente.

A outra versão é a assim chamada "hipótese da avó". Ela postula que as mulheres de idade avançada, mesmo que inférteis, ainda mantêm um papel importante na educação e criação dos netos, o que também ajuda a preservar a espécie. Por isso as mulheres vivem mais. Homens idosos, por sua vez, são só uma boca inútil para alimentar.

O que ocorre com o corpo quando envelhecemos?

Várias coisas, muito diversas. Basicamente, podemos distinguir sete pilares do envelhecimento. Um deles é a oxidação, um processo pelo qual são gerados os chamados radicais livres, que passam a nos contaminar. Há também o processo de glicosilação, em que o açúcar se associa à proteína, impedindo que os tecidos do corpo funcionem corretamente.

Outro pilar do envelhecimento são as inflamações crônicas – aquelas que ocorrem em pequena escala. A morte das células-tronco, responsáveis por nos regenerar, é outro processo que nos leva a envelhecer. Danos genéticos e epigenéticos ao DNA aumentam com a idade e causam doenças relacionadas à velhice.

Outro pilar é a falta de hormônios e, por fim, o encurtamento dos telômeros, as extremidades dos cromossomos. A cada divisão celular, eles se encurtam um pouco, até alcançar um limite crítico, quando as células não são mais capazes de se dividir e morrem. Hoje já é possível medir o comprimento dos telômeros, o que é um possível parâmetro para avaliar a longevidade.

Medindo os telômeros é possível prever quando morreremos?

Não, isso seria um excesso de interpretação e só serviria para assustar as pessoas. Mas a medição dos telômeros nos permite descobrir se somos biologicamente mais velhos ou mais jovens do que indica nossa idade cronológica. E a boa notícia é: podemos influenciar o resultado desse exame através de nosso estilo de vida. O envelhecimento não é mais um destino: é um processo configurável.

Fonte: DW.

NUTRIÇÃO NO ENVELHECIMENTO.

0 comentários
Nutrição e Envelhecimento Como garantir qualidade de vida daqueles que envelhecem?

O Brasil vivencia o processo de envelhecimento populacional à semelhança dos países desenvolvidos. Esse processo caracteriza-se por aumento proporcional de pessoas idosas em relação à população total. Dessa forma, o Brasil vai deixando de ser um país jovem, como durante muito tempo foi denominado, para presenciar o envelhecimento de sua população. Esse processo "privilegia" as mulheres, que comprovadamente vivem mais que os homens. Em países em desenvolvimento, são considerados idosos indivíduos com 65 anos ou mais e, nos países desenvolvidos, aqueles com 60 anos ou mais.

De acordo com a professora Dra. Maria de Fátima Marucci, este fato ocorre devido à queda nos coeficientes de fecundidade e de mortalidade. Está, também, associado à melhoria das condições de vida (moradia, alimentação, estilo de vida) e ao avanço do conhecimento científico, o que propicia diagnósticos e tratamentos precoces, bem como colabora na prevenção de agravos à saúde por meio de vacinas e medicamentos. Essa modificação, relacionada à estrutura etária e ao sexo, é denominada "transição demográfica".

Devido a essas modificações, verifica-se, também, alterações no perfil da população no que se refere à morbidade e à mortalidade. Assim, enquanto as doenças infecciosas e parasitárias ocupavam lugar de destaque anteriormente, agora estão sendo substituídas por doenças crônicas não transmissíveis (crônico-degenerativas), como aterosclerose, hipertensão, diabetes, obesidade, osteoporose e outras. Essa mudança é denominada "transição epidemiológica". Vários fatores interferem no processo de envelhecimento e também no aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis. Entre esses fatores, pode-se citar os de natureza genética, que não são passíveis de intervenção, e os de natureza ambiental, sobre os quais pode-se agir.

Entre estes últimos, encontra-se a alimentação, que exerce papel fundamental na promoção, na manutenção e na recuperação da saúde, desde que seja nutricionalmente adequada. Várias doenças que se apresentam mais prevalecentes em indivíduos idosos estão relacionadas à alimentação, seja como causa ou como forma de tratamento ou controle. Nutrição x Envelhecimento Uma das formas que temos para conhecer este perfil de alimentação e nutrição dos idosos é a partir de pesquisas populacionais utilizando tanto a antropometria para diagnóstico do estado nutricional, quanto a aplicação de inquéritos de consumo de alimentos para conhecer o padrão alimentar deste grupo etário.

Na determinação do diagnóstico do estado nutricional, a partir da antropometria, as medidas recomendadas são: peso, estatura, circunferência do braço, pregas cutâneas tricipital e subescapular. O Índice de Massa Corpórea (IMC), que utiliza o peso e a estatura, como critério diagnóstico é bastante útil, tanto ao nível individual como populacional. É muito simples de ser feito e permite comparação com estudos nacionais e internacionais.

Das alterações corpóreas que ocorrem no processo de envelhecimento, a estatura parece ser a medida mais afetada, conseqüência provável dos processos de sifose, escoliose e osteoporose que acometem muito freqüentemente esta população. De acordo com a professora Myrian Najas, uma das formas de corrigir este problema é utilizar a medida do comprimento da perna como um preditor da estatura. Para o cálculo da estatura, uma das fórmulas utilizadas tem sido a proposta por Najas e validada para a população brasileira. Elas levam em consideração a raça e o nível de escolaridade, como um marcador de nível sócio-econômico, uma vez que estes fatores são determinantes da estatura.

Patologias mais comuns no idoso
Os problemas nutricionais dos idosos têm aumentado, uma vez que eles, na sua maioria, além do envelhecimento fisiológico que pode levar ao declínio, proporcional ou não, de várias funções orgânicas, são pessoas sócio-economicamente menos produtivas, dependentes física e mentalmente e têm a alteração do estado nutricional, agravada pelo tratamento medicamentoso de diversas patologias relacionadas principalmente ao sistema digestório, cardiovascular, endócrino-renal, neurológico, neoplasias etc.

De acordo com a professora Dra. Nelzir Trindade Reis, os fármacos usados no tratamento das patologias podem, por seus efeitos colaterais (xerostomia, sialorréia, alteração da palatabilidade, diminuição da sensibilidade olfativa, acloridria, diarréia, constipação etc), causar limitações na ingestão alimentar, bem como provocar interações com os nutrientes, levando à alteração do estado nutricional dos idosos, agravado pelo uso de próteses dentárias, bebidas alcoólicas, auto-medicação, depressão e ansiedade.

O paciente idoso deve ser avaliado criteriosamente antes da prescrição do fármaco, pois o mesmo pode ter sua biodisponibilidade alterada pelos nutrientes ou estes podem ter sua absorção, metabolismo e excreção prejudicados pela droga, culminando com o agravamento da má nutrição. Múltiplas drogas são prescritas concomitantemente (laxativos, hipoglicemiantes, hipotensores, diuréticos, hipolipemiantes, suplemento de potássio, derivados salicílicos etc) provocando interações medicamentosas e potencializando as interações nutrientes x medicamentos ( ligadas aos macro e micronutrientes), prejudicando mais o idoso, tornando delicado o manejo nutricional.

Suplementação para Idosos
A necessidade de que o idoso seja suplementado apresenta inúmeras variáveis, como quanto aos suplementos de aminoácidos, já que sabe-se que não é verdade a ideia de que estes têm qualquer efeito no processo de envelhecimento, e que o que deve ser feito, é encorajar a ingestão de refeições nutricionalmente adequadas, com consideração especial aos alimentos ricos em proteínas.

No entanto, segundo a nutricionista Dra. Márcia Daskal Hirschbruch, se o idoso apresentar níveis baixos de algumas vitaminas e minerais como por exemplo, folato, ácido ascórbico, vitamina A e zinco, deve-se avaliar a necessidade da ingestão de suplementos vitamínico-minerais a fim de fornecer uma condição nutricional adequada. Quando há indicação de suplementação para os idosos, deve-se dar atenção especial para o fato de que estes apresentam um risco aumentado quando tomam grandes doses devido ao tecido magro corpóreo estar diminuído e da função renal reduzida.

Estudo Institucional
O estudo e o conhecimento do processo de envelhecimento ganhou interesse considerável nos anos recentes. Agora, mais do que nunca, existe um interesse crescente em se identificar os fatores que levam a um envelhecimento sadio. Além disso, existe também um grande interesse dos estudiosos em nutrição para ligar as práticas dietéticas com a redução ou retardo das mudanças e doenças que surgem com o envelhecimento, já que a boa nutrição está associada com o aumento da qualidade e expectativa de vida das pessoas.

BOLO DE ARROZ, LIVRE DE GLÚTEN.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 0 comentários
O segredo para agilizar o preparo é deixar o arroz de molho. Foto: iStock, Getty Images

Você já pensou que o arroz que está guardando em sua cozinha pode ser utilizado para fazer um lanchinho gostoso e saudável? O bolo de arroz cru é 100% livre de glúten e pode ser adaptado, ainda, para uma dieta sem lactose. Confira a seguir como preparar duas versões dessa delícia.
Bolo de arroz cru tradicional
Não tem segredo, nem enrolação. O bolo de arroz cru fica pronto em pouco tempo. Para agilizar o preparo, deixe o arroz e os damascos de molho durante a manhã. Após o almoço, você já terá todos os ingredientes prontinhos para começar.

Ingredientes:
- 1 xícara de chá de arroz cru
- ½ xícara de chá de damascos secos
- 4 ovos
- ½ xícara de chá de óleo vegetal
- 1 pitada de sal
- 1 punhado de castanhas-do-pará
- 1 colher de chá de canela em pó
- ¼ de xícara de chá de açúcar demerara
- 1 colher de sopa de fermento químico em pó.

Modo de Preparo:
Deixe o arroz de molho em água por quatro horas. Os damascos devem ficar de molho num recipiente à parte, também em água, por uma hora.

Escorra a água dos dois ingredientes e bata-os no liquidificador junto com os ovos, o óleo, o sal, a castanha-do-pará, a canela em pó e o açúcar demerara. O resultado deve ser uma mistura cremosa.

Leve o conteúdo do liquidificador para uma tigela. Junte o fermento e mexa delicadamente. Despeje em uma forma untada com azeite e um pouco de açúcar.

Leve ao forno preaquecido em temperatura média. Asse o bolo de arroz cru por 35 minutos. Retire quando estiver dourado. Aguarde esfriar e desenforme com cuidado.

ALIMENTOS DESCONGELADOS PODEM VOLTAR A SER CONGELADOS?

0 comentários
A vida inteira se acreditou que voltar a congelar um alimento descongelado anteriormente era quase um pecado mortal. Na verdade, na Agência Espanhola de Consumo, Segurança Alimentar e Nutrição (AECOSAN), vinculada ao Ministério da Saúde, afirmam categoricamente: "Nunca de deve congelar de novo um alimento que foi descongelado, a menos que seja cozido antes de voltar a ser congelado". Mas nem todas as autoridades de saúde concordam. No Serviço de Inspeção Alimentar do Ministério da Agricultura dos Estados Unidosafirmam: "Os alimentos descongelados total ou parcialmente podem voltar a ser congelados de forma segura sempre que ainda apresentarem cristais de gelo ou se não tiverem excedido os 4,4° C. O recongelamento pode afetar a qualidade dos alimentos, mas seu consumo continuará sendo seguro". Em outras palavras, o produto pode se transformar de uma iguaria em algo de gosto estranho. No caso das frutas e legumes, por exemplo, "percebe-se mudanças de textura, alterações na cor e no sabor, resultando nos chamados off-flavors, consequência da ação de algumas enzimas oxidantes e hidrolisantes capazes de atuar em baixas temperaturas", diz José A. Muñoz Delgado em seu estudo Refrigeração e Congelamento dos Alimentos Vegetais. De fato, no congelamento ou no recongelamento, a má reputação do processo de conservação de alimentos em baixas temperaturas é merecida, no que se refere ao paladar.

Alimentos descongelados total ou parcialmente podem voltar a ser congelados de forma segura sempre que ainda apresentarem cristais de gelo ou se não tiverem excedido os 4,4° C", segundo o Serviço de Inspeção Alimentar do Ministério da Agricultura dos EUA
Os alimentos são compostos quase que em sua totalidade de água. É assim com 91% dos brócolis, 76% de uma merluza, 66% do frango e 71% da carne bovina, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Ao reduzir a temperatura para entre -2 e -18°C, esse elemento líquido se congela e forma microcristais, tanto se o congelador for Frost Free como se for congelado a vácuo ou em embalagens individuais, como lembra Don Meyer, da Universidade de Guelph, em seu trabalho Guerra contra o Gelo.Imagine-os como espadas afiadas que rompem os tecidos conjuntivos dos alimentos. Rasgadas por dentro, essas iguarias nunca mais serão o que eram, segundo o professor de Ciência dos Alimentos. "Uma vez descongeladas, estas estruturas furadas como uma peneira serão incapazes de reter parte da sua própria água. Com os sucos perdidos, adeus a muitas das suas qualidades organolépticas". Imagine o que significa passar por isso duas vezes ...

INSTRUÇÕES PARA O DESCONGELAMENTO ADEQUADO

Os especialistas recomendam o descongelamento na prateleira de baixo da geladeira, se houver tempo de sobra, ou no microondas (usando a opção defrost ou 'descongelar'), em caso de pressa. Nunca ao ar livre, devido à proliferação de bactérias com um possível risco para a saúde, adverte Carmen Tejedor, professora de um curso de Segurança e Qualidade Alimentar na Universidade de Salamanca.
Pense que logo após descongelar o seu bife, você muda de ideia e decide colocá-lo de volta no congelador. O que fazer? Seguir as instruções da AECOSAN ou se beneficiar da aparente permissividade das autoridades norte-americanas? "O mais seguro é, na verdade, não voltar a congelar novamente, como recomenda a AECOSAN. Em primeiro lugar porque o alimento vai ficar seco e insípido. Se voltar a congelar, vão ocorrer mais rompimentos e ficará ainda mais seco e insípido. 

Segundo, porque ao descongelar algumas bactérias patogênicas podem se reproduzir mais rapidamente e atuar com mais voracidade quando encontrarem esses tecidos já rompidos. Por isso se recomenda cozinhar imediatamente. E ai então voltar a congelar. O calor mata as bactérias, o frio apenas as detém", diz Carmen Tejedor, do Departamento de Microbiologia e Genética da Universidade de Salamanca. Insistimos: e se tiramos o filé do congelador e antes de estar descongelado nos convidam para um jantar irrecusável? "Depende do tempo que ficou descongelando e a temperatura. Se ficou na geladeira a 4° C, não teria problema recongelar (a não ser pela perda de sabor ou consistência). Mas se abrimos a geladeira com frequência ou acabamos de guardar as compras, a temperatura interna será maior. E é difícil determinar a temperatura real da geladeira de casa em todos os momentos. Passando de 5° C as bactérias começam a se proliferar rapidamente e não se pode garantir 100% de salubridade desse filé".

Agora, se você decidiu cozinhar a carne antes de sair para o jantar que apareceu de surpresa, saiba que quando colocar a comida quente na geladeira elevará a temperatura do aparelho, podendo afetar a salubridade do restante dos alimentos, segundo a microbiologista, "mas deixar à intempérie expõe ao ataque das bactérias". Nenhuma opção é perfeita, mas na microbiologia nada é preto no branco.

Fonte: El País.

A RIQUEZA DAS FRUTAS QUE VÃO PARA O LIXO.

0 comentários
No momento em que uma fruta não consumida é posta no lixo, também se esvaem o trabalho de um agricultor, diversos nutrientes e uma série de recursos: água, energia e adubo, entre outros. Agora, imagine que 45% das frutas e vegetais produzidos do mundo são desperdiçados a cada ano, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Só de maçãs, são 3,7 trilhões, segundo a instituição.

O problema pode ocorrer tanto durante o plantio quanto depois da colheita, nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Enquanto na América do Norte o desperdício ocorre muito mais na última fase, a América Latina perde a maior parte de suas frutas e vegetais logo no início da produção: cerca de 20% na fase de plantio e quase 10% entre a colheita e o processamento. O dado é da Save Food - Iniciativa Global para Reduzir o Desperdício de Alimentos, também da FAO.

É por esse motivo que a região cada vez mais investe em projetos, especialmente entre os pequenos agricultores, que por si próprios nem sempre têm os conhecimentos ou os recursos para evitar a perda de alimentos.

Em todo o Nordeste brasileiro, por exemplo, é comum encontrar pequenas fábricas de polpas congeladas, usadas para fazer sucos, doces e outras receitas. Além de dar uma vida útil maior a delícias locais como goiaba, umbu, acerola, manga e caju, elas agregam valor às frutas in natura. Um quilo de polpa de manga chega a custar oito vezes mais que a mesma medida do produto sem beneficiamento.

Quem conta essa informação é uma animada agricultora de Flores, cidade de apenas 288 habitantes no semiárido de Pernambuco, Nordeste brasileiro. Ivanilda Barbosa, 45 anos, presidente da Associação de Mulheres Agricultoras do Saco dos Henriques, encontrou na fabricação de polpas a solução para vários problemas, não só o do desperdício.

Até 2007, a comunidade vendia apenas as frutas in natura e nem sempre conseguia escoar toda a produção. “Elas eram desperdiçadas e acabavam ficando no roçado sem benefício algum, só adubando a terra. Pensávamos que poderíamos ganhar alguma renda com elas e começamos a fabricar polpas de frutas artesanalmente”, lembra Ivanilda.

No começo, o grupo usava liquidificadores e freezers caseiros, num esforço bem-vindo, mas ainda insuficiente para dar conta de toda a fartura. O trabalho foi se sofisticando aos poucos, e hoje os colegas (14 mulheres e dois homens) se orgulham da pequena agroindústria que estão montando, com capacidade de fabricar até 12 toneladas por ano.

Construída com apoio do Banco Mundial e do governo de Pernambuco, a agroindústria não só se encarrega do beneficiamento como também refrigera as frutas que não puderem virar polpa imediatamente. Os ingredientes básicos são cultivados pelos associados ou comprados de grupos nos arredores de Flores.

Como resultado, todos aprenderam um novo ofício, as mulheres têm uma nova fonte de renda (que lhes dá mais poder dentro da família) e o desperdício deve ser cada vez menor nos próximos anos.

Ivanilda sente estar contribuindo com sua sementinha em um mundo que ainda joga muita comida fora: mais precisamente um terço dos alimentos produzidos no planeta e 15% dos disponíveis na América Latina. “Muitas pessoas não entenderam nosso trabalho inicialmente, mas agora vem gente até da Alemanha para nos conhecer”, orgulha-se.

Soluções criativas como a das agricultoras de Flores continuarão crescendo em importância à medida que o planeta fica mais populoso: serão cerca de 9 bilhões de pessoas em 2015. Continuaremos desperdiçando quase metade das frutas, essas fontes tão valiosas de nutrientes?

Fonte: El País.

VEGETAIS: CRUS OU COZIDOS?

0 comentários
Depende do vegetal
O ato de cozinhar os vegetais leva necessariamente à redução do teor de compostos bioativos e da atividade antioxidante? Existe uma forma de preparo ideal, capaz de melhor preservar as propriedades funcionais desses alimentos?

Para responder a perguntas como essas, uma equipe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sob a coordenação da professora Veridiana Vera de Rosso, realizou uma série de experimentos comparativos.

"A conclusão a que chegamos até o momento é que não há uma regra válida para todos os alimentos. Depende, por exemplo, se o composto é solúvel em água, como as antocianinas, ou se é lipossolúvel, como os carotenoides," explicou a pesquisadora.

"Não é possível dizer que um determinado tipo de processamento é melhor para todos os vegetais, assim como não dá para afirmar que é sempre melhor consumir o alimento cru", acrescentou.
Estudos buscam avaliar o impacto de diferentes técnicas de preparo dos alimentos no teor de compostos bioativos com ação antioxidante. [Imagem: Ag. Fapesp/Unifesp]

Couve e repolho roxo
Como exemplo, Veridiana cita os experimentos mais recentes, quando foram comparados três diferentes formas de preparo - cozimento por imersão na água, cozimento a vapor e refogado - da couve e do repolho roxo.

"Escolhemos as três formas de preparo mais empregadas no Brasil e buscamos deixar os alimentos na textura que seria agradável para a alimentação humana. Em seguida, a extração dos compostos antioxidantes presente nas amostras foi feita em laboratório", explicou.

No caso dos carotenoides, grupo representado pelos pigmentos que vão do amarelo ao vermelho, todas as formas de preparo levaram a uma redução significativa do teor de compostos bioativos na couve, sendo que a menos prejudicial foi o refogado. Enquanto a folha crua tem 155 microgramas de carotenoides totais por grama do vegetal, esse número caiu 69 na couve refogada, 35 na cozida por imersão e 43 na couve cozida no vapor.

Já no repolho roxo, naturalmente pobre em carotenoides, foram comparadas as antocianinas (pigmentos do vermelho-alaranjado, ao vermelho vivo, roxo e azul). O cozimento a vapor até mesmo favoreceu a extração dos compostos em laboratório, proporcionando aumento significativo do teor desses compostos.

Da folha crua do repolho é possível obter 23,9 miligramas de antocianinas por 100 gramas do vegetal, número que sobe para 28,9 no cozimento a vapor e 25 no refogado, mas cai para 14 no cozimento por imersão.

"O que podemos concluir é que os componentes estão armazenados de maneira diferente em cada matriz alimentícia e isso determina se ele é mais ou menos estável quando submetido ao cozimento. Portanto, usando a mesma técnica de preparo podemos obter respostas diferentes para diferentes vegetais", afirmou a pesquisadora.

BEBIDAS AÇUCARADAS PREJUDICAM SERIAMENTE A SUA SAÚDE.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016 0 comentários
Algumas bebidas de cola contêm nove colheres de chá de açúcar em 330 ml. 
A indústria açucareira, uma gigante que produz inimagináveis 170 bilhões de quilos de açúcar por ano ao redor do mundo, está sob a mira da arma, como estiveram, décadas atrás, as empresas de tabaco. Um grupo de cientistas dos EUA pede que, como no caso dos cigarros, as bebidas açucaradas sejam marcadas com advertências de saúde para desencorajar o consumo. Por exemplo, a lata comum, de 330 mililitros, das marcas mais consumidas de bebidas de cola tem quase nove colheres de chá de açúcar (35 gramas). A Organização Mundial de Saúde relaciona as bebidas açucaradas à epidemia de sobrepeso e obesidade que afeta por volta de 2 bilhões de pessoas e faz com que problemas cardiovasculares sejam a principal causa de morte no mundo.

Os investigadores, liderados pela epidemiologista Christina Roberto, da Universidade da Pensilvânia, demonstrou pela primeira vez que a colocação de advertências de saúde nas bebidas açucaradas reduz as suas vendas, um objetivo que os cardiologistas perseguem, como mencionaram em várias ocasiões. Os cientistas realizaram uma pesquisa digital com 2.400 pessoas, todas elas com pelo menos um filho. Ofereceram aos consultados uma gama variada de sucos e refrescos. A compra de bebidas açucaradas caiu 20% (de 60% a 40%) quando os pacotes mostravam um alerta de saúde, como “ADVERTÊNCIA DE SEGURANÇA: Tomar bebidas açucaradas contribui para a obesidade, diabetes e cáries nos dentes”, segundo o estudo, publicado na revista Pediatrics. Os estados de Nova York e Califórnia já prepararam mudanças legislativas para introduzir esses alertas nos refrigerantes com acréscimo de açúcar. “Mesmo que muitos possam saber que Coca-Cola e Pepsi têm muito açúcar, muitas pessoas não percebem que outras bebidas que podem parecer saudáveis, como Gatorade ou Powerade, também estão cheias de açúcar”, lembra Roberto.

Uma porta-voz do Ministério da Saúde afirma que “segundo a Agência Espanhola de Consumo, Segurança Alimentar e Nutrição (Aaecosan), esse tipo de advertência, no momento, não está contemplada” na Espanha. Até 2014, a diretora-executiva da Aecosan foi Ángela López de Sá e Fernández, que trabalhava como diretora de Assuntos Científicos e Normativos da Coca-Cola Iberia até a sua polêmica nomeação para o Ministério da Saúde. “Atualmente, existe outro enfoque: acordos voluntários e consenso com diferentes setores para uma redução global de açúcares acrescentados”, afirma a porta-voz do departamento de Alfonso Alonso.

A indústria açucareira resiste a perder sua atual impunidade. “Há um amplo consenso científico de nível internacional em torno do fato de que não existem alimentos bons ou ruins, mas dietas equilibradas ou desequilibradas”, explica o argumento enviado a este jornal pela Associação de Bebidas Refrescantes. “Uma etiqueta desse tipo, classificando alimentos ou bebidas, ou os diferentes nutrientes, como bons ou ruins, per se, rompe com este princípio, discrimina os setores produtivos e não resolve os problemas de saúde ou favorece hábitos saudáveis”, acrescenta.

A Agência Espanhola de Consumo, Segurança Alimentar e Nutrição, dirigida até 2014 por uma ex-executiva da Coca-Cola, recusa as advertências sanitárias
O setor de bebidas com açúcar está envolto em um escândalo desde que o jornal americano The New York Times revelou, em agosto, que a Coca-Cola doou 1,5 milhão de dólares para a criação do Global Energy Balance Network, formado por um grupo de cientistas que tentava minimizar o papel das bebidas açucaradas na epidemia mundial de obesidade, atribuindo-a à falta de exercícios físicos. O projeto foi desmontado depois que a fonte do financiamento foi conhecida.

A Coca-Cola acabou admitindo que também entregou três milhões de dólares à Academia de Pediatria dos EUA e 1,7 milhão à Academia de Nutrição e Dietética. As duas organizações anunciaram que cancelaram suas relações com a multinacional depois dessa revelação. A chefe científica da Coca-Cola, Rhona S. Applebaum, acusada de ajudar a organizar o Global Energy Balance Network, anunciou sua demissão em outubro. “Neste momento, sua vaga não será ocupada porque estamos revisando todo o enfoque sobre obesidade e bem-estar”, explica Leticia Iglesias, diretora de comunicação da Coca-Cola Company, na Espanha.

“A indústria do açúcar é que nem a do tabaco algumas décadas atrás”, opina o médico Javier Martín, do hospital madrileno Severo Ochoa. Ele publicou, dois anos atrás, um estudo que atribuía mais de 25.000 mortes anuais na Espanha ao excesso de peso. Uma morte a cada 20 minutos causada por infartos, derrames cerebrais, diabetes ou algum tipo de câncer vinculado ao sobrepeso e à obesidade, como o de mama, o de cólon ou de fígado. Os autores do trabalho, publicado na revista Medicina Clínica, apontaram diretamente às bebidas açucaradas e pediram o fomento do esporte. “Temos que conseguir fazer com que as bebidas açucaradas sejam menos atrativas para os consumidores. Colocar advertências de saúde não é suficiente. Temos que melhorar a educação em outros níveis, por exemplo, tirando as máquinas dessas bebidas dos colégios”, afirma Martín.
Uma etiqueta de advertência "discrimina os setores produtivos e não soluciona os problemas de saúde", segundo a Associação de Bebidas Refrescantes
Em 2015, investigadores da Universidade de Harvard e do Colégio Imperial de Londres, entre outras instituições, calcularam que o consumo de bebidas açucaradas provoca 133.000 mortes ao ano por diabetes, outras 45.000 por problemas cardiovasculares e 6.450 por diferentes tipos de câncer.

Martín aplaude os impostos às bebidas açucaradas como medida de saúde pública, como já acontece em países como Finlândia, Hungria e França. O México, segundo país com mais obesos depois dos EUA e um dos maiores consumidores de Coca-Cola, também aprovou, em 2013, um imposto de 10% para as bebidas açucaradas. As vendas caíram 6% no primeiro ano. A Associação Médica Britânica, que representa 170.000 médicos do Reino Unido, também defende que “um imposto de 20% nas bebidas açucaradas seja vital para frear a obesidade”. O imposto “deve ser de pelo menos 20% para ter um impacto na obesidade e nas doenças cardiovasculares”, concorda a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na Espanha, o governo catalão recusou, em 2013, a colocar um imposto antiobesidade nas bebidas açucaradas depois de pressões da embaixada dos EUA. O embaixador Alan D. Solomont chegou a se reunir com o presidente da Generalitat, Artur Mas, para comunicar-lhe o mal-estar da Coca-Cola e da Pepsi com a medida e sugeriu que os investimentos americanos na Catalunha poderiam ser reduzidos. O porta-voz do Ministério da Saúde reconhece que não está na agenda um imposto desse tipo para a Espanha.
O embaixador norte-americano se reuniu em 2013 com o presidente da Generalitat para frear um imposto às bebidas açucaradas



“Eu colocaria uma advertência de saúde em todas as bebidas açucaradas, como a Coca-Cola, mas também nos donuts e nos chocolates, que têm açúcar e mais gorduras”, propõe Carlos Macaya, presidente da Fundação Espanhola do Coração. Macaya, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Clínico San Carlos, de Madrid, pede “vigilância e controle da relação das associações profissionais científicas com a Coca-Cola”. Na Espanha, por exemplo, The Coca-Cola Company participou da elaboração do documento “Balanço energético em crianças e adolescentes”, da Associação Espanhola de Pediatria.

Macaya acredita que “os produtores estão cientes, a Coca-Cola, por exemplo, há tempos fez uma Coca-Cola Light e até uma Coca-Cola Zero”, embora reconheça que “agora seja necessário colocar os óculos para ver as calorias marcadas na embalagem”. A Organização Mundial de Saúde recomenda não consumir mais de 12 colheres de chá de açúcar por dia e sugere um consumo ideal de seis, menos que o nível presente em uma única lata de Coca-Cola.

Fonte: El País.

DÚVIDAS SOBRE TOMAR OU NÃO LEITE?

0 comentários
No mundo de hoje, há dois tipos de pessoas: as que toleram a lactose e as que não. Se você está no segundo grupo, não tem opção a não ser restringir os lácteos ou eliminá-los (conforme o grau de intolerância que tiver) para evitar problemas. Mas inclusive se você não tem dificuldade de ingerir leite e derivados, possivelmente acredita que esses alimentos possam causar danos ou prejudicar sua saúde; talvez tenha lido ou ouvido todo tipo de afirmações, muitas delas contraditórias, pois esse líquido branco suscita fortes paixões e fobias entre críticos e partidários. Não há motivo para o temor, como diz Giuseppe Russolillo, presidente da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas: “Os membros da comunidade científica, e os nutricionistas em particular, veem o leite como o alimento biologicamente completo e muito apto para o consumo humano.”

Para poder digerir o açúcar do leite é necessário uma enzima chamada 'lactase'. Na Europa, onde a capacidade de produção dessa enzima aumentou, entre 70% e 90% da população a produzem (mas isso pode mudar ao longo da vida)

A seguir, apresentamos algumas afirmações sobre o leite que podem confundir o consumidor. E oferecemos a informação para responder, com rigor, a essas sentenças frequentes.

“A maioria da população mundial não pode beber leite”

É verdade. Estima-se que dois terços da população mundial não podem ingerir a lactose depois dos oito anos. Um poderoso argumento para que essa maioria restrinja os lácteos (iogurtes e alguns queijos costumam ser bem digeridos pela maioria dos que têm intolerância, assim como pequenas quantidades de outros laticínios) ou não os consuma nos casos mais extremos. Para poder digerir o açúcar do leite, é necessária uma enzima chamada lactase. Na Europa, onde a capacidade de produção dessa enzima aumentou, entre 70% e 90% da população a produz (embora isso possa mudar ao longo da vida). Na Ásia e na África, ao contrário, a maioria dos habitantes são intolerantes, com taxas que superam 90% em muitos lugares. Por outro lado, existe a alergia ao leite (mais exatamente à sua proteína), que não tem nada a ver e afeta uma porcentagem mínima da população – em geral, menos de 1%. Além disso, a alergia costuma ser transitória. Um conselho pode ser útil para quem sofre dela: não tome lácteos. Já para você que não tem intolerância nem é alérgico, mesmo que se compadeça e se solidarize com os demais, a afirmação que encabeça esse parágrafo não o impede de se deleitar.

No ano passado, só 0,09% do leite analisado apresentou uma quantidade de antibióticos acima dos limites que estabelece a legislação

“O ser humano é o único animal que bebe leite após a amamentação"

Também é certo. Isso porque o ser humano é o único animal que desenvolveu a agricultura e pecuária. Também é o único que cozinha feijoada, que joga futebol e diz obviedades. Os traços que nos tornam humanos são exatamente os que apenas nós desenvolvemos – muitos deles bons, outros nem tanto. Além disso, embora a frase aí de cima geralmente seja aplicada como argumento contrário, poderia ser perfeitamente a favor. Há cerca de 8.000 anos, um grupo de humanos utilizou o leite para se alimentar na Europa e, com o tempo, acabou desenvolvendo a capacidade de digeri-lo. E onde o hábito foi adotado, a adaptação (ao longo de gerações) foi majoritária, de modo que a digestão da lactose parece mais uma vantagem evolutiva que um inconveniente.
“Os produtos lácteos contêm muita gordura saturada”

Há muitos outros alimentos que também fornecem cálcio, como os legumes e as frutas secas, e sua absorção pode ser inclusive melhor

Para começar, há lácteos desnatados que praticamente não contêm gordura alguma. Entre os demais, alguns têm porcentagens modestas (o leite integral tem 3,6% e um iogurte não desnatado tem ao redor de 3%). Esse é um terreno escorregadio, onde a evidência científica parece colocar em xeque ideias que estavam muito arraigadas. Como explica o nutricionista Juan Revenga, durante um tempo pensou-se que todas as gorduras saturadas eram ruins, mas novos estudos mostram que não se pode generalizar e que as provenientes do leite podem inclusive ser benéficas para a saúde.

“O leite está cheio de antibióticos e hormônios aplicados às vacas”

Começando pelo final, dar hormônios aos animais é uma prática proibida há anos. Aplicar antibióticos para fomentar o crescimento também é (na União Europeia desde 2006). Miguel Ángel Lurueña, doutor em ciência e tecnologia dos alimentos e autor do blogGominolas de Petróleo, explica que os antibióticos só podem ser empregados em situações específicas, exclusivamente para fins de tratamento. “Caso sejam administrados, é necessário respeitar um tempo de espera para conseguir que o animal metabolize essas substâncias, a fim de que não estejam presentes no leite (ou na carne) em quantidades que possam representar um risco à saúde humana. Quem menos deseja que haja resíduos de antibióticos no leite é a indústria de alimentos: a presença dessas substâncias traz enormes inconvenientes, entre eles a impossibilidade de elaborar laticínios fermentados como queijo e iogurte. Isso porque os antibióticos podem impedir o desenvolvimento das bactérias que entram em sua elaboração”, diz Lurueña. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) publica todo ano um relatório mostrando os resultados do controle que realiza periodicamente sobre os alimentos. No relatório do ano passado, apenas 0,09% do leite analisado apresentou uma quantidade de antibióticos acima dos limites estabelecidos por lei.

“O leite favorece o câncer”

Sobre esse tema não há conclusões científicas sólidas. Ou seja: se favorece ou impede o desenvolvimento do câncer, não seria de forma determinante, posto que não existe uma clara evidência de uma coisa ou de outra. Em todo caso, os estudos realizados vão na linha do que resume a Escola de Saúde Pública de Harvard: “Enquanto o cálcio e os lácteos podem reduzir o risco de câncer de cólon, um alto consumo desse grupo de alimentos poderia, possivelmente, aumentar ao mesmo tempo o risco de câncer de próstata e de ovário.” Os especialistas tomam essa afirmação com cuidado, já que foram encontradas correlações, mas não causalidades: ou seja, não se sabe se o que provoca um aumento ou uma redução dos tumores seja o leite; pode haver outros fatores na equação. “Esses valores tão estreitos não deveriam ser utilizados para fazer recomendações radicais ou excludentes demais”, conclui Luis Jiménez, químico e autor do livro Lo que dice la ciencia para adelgazar (“O que diz a ciência para emagrecer”).

“O leite produz catarro e favorece o resfriado”

A comunidade científica não tem dúvidas sobre isso. É um mito sem nenhum fundamento. O pediatra Carlos González explica desse modo: “Como o catarro é um mecanismo de defesa das vias respiratórias contra as infecções, poderia-se considerar que essa é uma vantagem do leite. No entanto, vários estudos realizados com um grupo placebo (leite de vaca ou de soja com substâncias que maquiam a diferença do sabor) mostraram que isso não acontece. O leite não produz muco.”

“Os lácteos contribuem para a osteoporose”

Não parece que seja assim. Como dizia numa entrevista de 2013 Sergio Calsamiglia, catedrático do Departamento de Ciência Animal e dos Alimentos da Faculdade de Veterinária da Universidade Autônoma de Barcelona, nos últimos 25 anos foram realizadas 138 pesquisas a respeito. E apenas duas indicaram uma maior incidência de osteoporose entre consumidores de leite. Na imensa maioria ocorreu o contrário. Calsamiglia afirma que esse panorama continua vigente. A Escola de Saúde Pública de Harvard conclui que o consumo de lácteos e cálcio parece “reduzir o risco de osteoporose”, como apontam dezenas de pesquisas.

E no outro extremo, alguém poderia dizer: “O leite é um alimento imprescindível para ter ossos saudáveis”

Isso é totalmente correto? O leite é uma rica fonte de cálcio, que é importante para os ossos. Portanto, os nutricionistas costumam recomendar sua ingestão para o aporte desse mineral. Mas o leite está longe de ser o único alimento que contém cálcio. Muitos outros também o oferecem, como os legumes e as frutas secas, e sua absorção pode inclusive ser melhor nesses casos. Além disso, como explica Revenga, para ter uma saúde óssea adequada existem muitos fatores em jogo. “A presença de cálcio na dieta é só um deles (e não tem por que ser o mais importante); também influem, e de forma importante: a adequada presença de vitaminas D e K; não consumir vitamina A em excesso; ter um adequado, não excessivo, aporte de proteína; não tomar refrigerante em excesso; e ter um padrão de vida ativo”, afirma.

Conclusão: Se você tem intolerância à lactose, é melhor não ingerir lácteos (ou consumir só alguns e em pequenas quantidades). Se tem alergia à proteína do leite, também deve evitá-los. Mas se não se enquadrar nos casos anteriores e gostar do leite e dos seus derivados, aproveite-os e saiba que o leite é um alimento completo cujo consumo habitual tem uma grande quantidade de benefícios em quantidades moderadas. Se você não gosta de lácteos, não quer toma-los, odeia-os, é filosoficamente contra eles por algum motivo ou quer se solidarizar com os que não podem prová-los, escolha outros alimentos que proporcionem uma dieta equilibrada. Nenhum é imprescindível.

Fonte: El País.