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BIODISPONIBILIDADE DAS VITAMINAS.

domingo, 26 de agosto de 2012
A biodisponibilidade de nutrientes é um tema complexo que envolve a digestão, a captação intestinal, a absorção e a distribuição dos nutrientes para os tecidos, bem como a maneira pela qual são utilizados pelo organismo para suprir demandas fisiológicas3,5,6,11,17. Isso porque nem todos os nutrientes consumidos são realmente utilizados, podendo existir interações entre substâncias, entre os próprios nutrientes dos alimentos e interferências da fisiologia própria do indivíduo que aumentam ou diminuem sua utilização9,12.

No caso das vitaminas, o uso e transporte da vitamina absorvida nos tecidos dependem da absorção celular e conversão para uma forma que realize função bioquímica. A palavra "disponível" é determinante para o entendimento do processo, pois a vitamina pode ser metabolizada dentro da célula e ficar indisponível para excreção subsequente, ou simplesmente pode ser armazenada para uso futuro9,12.

Em relação, especificamente, aos carotenóides, ressaltam-se: as espécies presentes o tipo de ligação molecular; a quantidade de carotenóides consumida na refeição; a matriz na qual o carotenóide está incorporado; fatores de absorção e bioconversão; a quantidade e tipo de gordura dietética associada; a presença ou não de fibra alimentar; e o processamento de alimentos fontes desse pigmento9,12.

Os trabalhos relacionados à biodisponibilidade de vitamina A indicam uma eficiência de absorção de cerca de 70% a 90% para a vitamina A pré-formada, e de 20% a 50% para as provitaminas2,6,8, após a ingestão de alimentos ricos nesses compostos. Possível explicação para a baixa biodisponibilidade dos carotenóides em relação à vitamina A seria o fato de existir uma absorção passiva, além de sua lenta taxa de conversão em vitamina A no intestino2. Outra explicação advém do tipo de ligação desses compostos à matriz do alimento6. Estudos recentes demonstram que 3 a 5g de lipídios ingeridos nas refeições assegura uma absorção eficiente de a e ß-caroteno6,12,13.

A vitamina D é considerada um micronutriente essencial somente em condições de baixa exposição à luz solar, uma vez que pode ser obtida pela síntese cutânea na presença de luz ultravioleta15. Estudos científicos envolvendo a biodisponibilidade desta vitamina são escassos 12. Van den Berg (1997), em seu estudo de biodisponibilidade de vitamina D proveniente de fontes naturais, estimou que a biodisponibilidade relativa da vitamina D2 em carnes, comparada com a de suplementos, foi 60% menor16.

A absorção da vitamina E (a -tocoferol e a -tocotrienol, que apresentam maior atividade biológica) segue o processo do metabolismo lipídico pela dependência da ação dos sais biliares, formação de micelas, e incorporação aos quilomícrons nos enterócitos para posterior transporte na linfa. A eficiência de sua absorção parece ser maior quando solubilizada em micelas contendo triglicerídios com ácidos graxos de cadeia média, se comparada aos de cadeia longa2,12.

A vitamina K se apresenta sob as formas de filoquinona (K1-predominante), dihidrofiloquinona (dK), menaquinona (K2) e menadiona (K3). A presença de gorduras na dieta possibilita um aumento na sua absorção (podendo conter de 30-60 µg de dK em 100 g do alimento), possivelmente pelo estímulo da secreção biliar e formação de micelas1,12,7,4,14,10.

Apesar de muitos trabalhos ainda não serem conclusivos, pode-se verificar que vários fatores podem influenciar a biodisponibilidade das vitaminas lipossolúveis, e que muitos pontos ainda precisam ser esclarecidos9,12. Porém, sabe-se que o estilo de vida, especialmente com relação aos hábitos alimentares, o consumo de álcool, fumo, estresse, resultando em altos níveis de radicais livres no organismo, são apontados como fatores que mais interferem na biodisponibilidade das vitaminas.

Referências:
1. Booth SL: Vitamin K: another reason to eat your greens. USDA Agr Res Serv 48: 16-7, 2000.
2. Ball G. Bioavailability and analysis of vitamins in foods. London: Chapman & Hall; 1998.
3. Boileau AC, Merchen NR, Wasson K, Atkinson CA, Erdman JW Jr. Cislycopene, is more bioavailable than trans-lycopene in vitro and in vivo in lymph-cannulated ferrets. J Nutr. 1999; 129(6): 1176-81.
4. Booth SL, Suttie JW: Dietary intake and adequacy of vitamin K1. J Nutr, Bethesda 128: 785-8, 1998.
5. Bramley PM. Is lycopene beneficial to human helth? Phytochemistry. 2000; 54(3):233-6.
6. Castenmiller JJ, West CE. Bioavailability and bioconversion of carotenoids. Annu Rev Nutr. 1998; 18:19-38.
7. Dôres SMC, Paiva ASR, Campana AO. Vitamina K: metabolismo e nutrição. Rev Nutr. 2001; 14(3):207-18.
8. Erdman JW, Poor CL, Dietz JM. Factors affecting the bioavailability of vitamin A, carotenóids, and vitamin E. Food Technol. 1988; 41(10):214-16.
9. Jackson MJ. Assessment of the bioavailability of micronutrients. Eur J Clin Nutr. 1997; 51(1):S1-2.
10. Klack, Karin e Carvalho, Jozélio Freire de. Vitamina K: Metabolismo, Fontes e Interação com o anticoagulante varfarina. Rev. Bras. Reumatol. 2006, 46(6):398-406.
11. Moritz, Bettina e Tramonte, Vera Lúcia Cardoso. Biodisponibilidade do licopeno. Rev. Nutr. 2006,19(2): 265-273
12. Mourao, Denise Machado; Sales, Nadja Santos de; Coelho, Sandra Bragança e Pinheiro-Santana, Helena Maria. Biodisponibilidade de vitaminas lipossolúveis. Rev. Nutr. 2005,18(4):529-539.
13. Roodenburg AJ, Leenen R, van het Hof KH, Weststrate JA, Tijburg LB. Amount of fat in the diet affects bioavailability of lutein esters but not of a-carotene, b-carotene, and vitamin E in humans. Am J Clin Nutr. 2000; 71(5):1187-93.
14. Smith CB, Price RJG, Fenton ST, Harrington DJ, Shearer MJ: Compilation of a provisional UK database for the phylloquinone (vitamin K1) content of foods. Brit J Nutr.2000;83: 389-99.
15. Stamp TCB. Intestinal absorption of 25-hydroxycholecalciferol. Lancet. 1974; 2 (7873): 121-3.
16. Van den Berg H. Bioavailability of vitamin D. Eur J Clin Nutr. 1997; 51(1):S76-9.
17. Van Het Hof KH, West CE, Weststrate JA, Hautvast JG. Dietary factors that affect the bioavailability of carotenoids. J Nutr. 2000; 130(3):503-6.

 
Fonte: Unilever, Biodisponibilidade de Gorduras e Vitaminas. Aspectos relacionados à biodisponibilidade de vitaminas. Acesso em 26/08/2012.

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