Bonita por fora e suculenta por dentro, a pitaia, também conhecida como fruta-do-dragão por sua casca que lembra escamas de dragão, chama atenção pela característica física e pelo sabor diferenciado, mas o destaque são mesmo as propriedades nutricionais com teores significativos de oligossacarídeos, que auxiliam no bom funcionamento do intestino e melhoram a digestão e a absorção de nutrientes. Com baixa caloria e abundante em água, a fruta também é rica em micronutrientes, especialmente cálcio, ferro e fósforo, além de ser fonte de betacaroteno, licopeno e vitamina E.
Pertencentes à família Cactaceae, existem inúmeras espécies de pitaia descritas na literatura, resultando em grande variabilidade relacionada ao tamanho e à coloração dos frutos, embora a maioria tenha polpa branca, com a cor da casca variando do vermelho ao púrpura. Na América Latina, várias espécies diferentes são denominadas pitaia e as mais conhecidas e de maior valor comercial são a de casca amarela (Selenicereus megalanthus), provenientes da Colômbia ou da Martinica e que têm polpa branco-amarelada, e as de casca vermelha com polpa branca ou vermelho-rosada (Hylocereus undatus), encontradas no México, na Nicarágua e no Brasil.
Existe ainda a espécie Selenicereus setaceus, conhecida como pitaia do cerrado ou popularmente chamada de ‘saborosa’, com fruto avermelhado tendendo para o roxo e polpa branca com inúmeras sementes negras comestíveis. Encontrada naturalmente nos cerrados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Distrito Federal e Tocantins, há relatos de sua ocorrência também em áreas de restinga na Bahia e no Rio de Janeiro, bem como na Argentina e no Paraguai. “As variedades de pitaia apresentam composição nutricional relativamente semelhantes, com baixo valor calórico, e podem constituir-se em fontes de cálcio, ferro e fósforo, além de apresentar teores significativos de vitamina E, carotenoides, betaxantinas e betacininas, com destaque para as variedades de polpa vermelha”, explica o doutor em Ciência dos Alimentos Luiz José Rodrigues, professor da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O estudo ‘Oligosaccharides of pitaya (dragon fruit) flesh and their prebiotic properties’, desenvolvido nas instituições Prince of Songkla University e King Mongkut’s Institute of Technology Ladkrabang, da Tailândia, e The University of Reading, do Reino Unido, com as espécies vermelha de polpa branca (Hylocereus undatus) e vermelha de polpa roxa (Hylocereus polyrhyizus) mostrou que a pitaia é uma fonte potencial de prebióticos, que podem ser usados como ingrediente em alimentos funcionais e produtos nutracêuticos graças aos oligossacarídeos presentes na fruta, que mostraram resistência às condições ácidas do estômago e à saliva humana (parcial), assim como capacidade para estimular o crescimento de lactobacilos e bifidobactérias na microbiota intestinal.
Os oligossacarídeos são prebióticos que afetam beneficamente o hospedeiro por estimulação do crescimento e/ou da atividade de uma ou de um número limitado de bactérias no cólon, melhorando a saúde, pois são os principais substratos de crescimento dos microrganismos presentes nos intestinos. Esses prebióticos estimulam o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana, considerados benéficos para a saúde humana. “Algumas pesquisas têm enfatizado o papel dos oligossacarídeos à saúde humana. Além de auxiliar no bom funcionamento do intestino, esses compostos podem atuar melhorando a digestão e a absorção de nutrientes, auxiliando na prevenção de tumores, no controle do colesterol e prevenindo o diabetes”, explica o professor Luiz José Rodrigues.
Além de apresentar baixa caloria – cerca de 36 em 100 gramas – e ter muita água, a polpa da pitaia vermelha também é rica em micronutrientes, como cálcio, ferro e fósforo, que colaboram para a manutenção dos ossos e dentes, na contração muscular e na produção de células vermelhas. A polpa também é fonte de betacaroteno, licopeno e vitamina E e, junto com a casca, é rica em betacianinas, betaxantinas e polifenóis, indicando atividade antioxidante e, consequentemente, colaborando para restringir os efeitos maléficos dos radicais livres no organismo.
“As sementes, digeridas junto com a polpa, são ricas em óleos esteróis que têm ação laxante e reduzem o nível de colesterol total e LDL. O nível elevado de lipídios funcionais pode ser usado como fonte de óleos essenciais para fins medicinais”, acrescenta a doutora em Agronomia e Fitotecnia Virna Braga Marques, pesquisadora do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para garantir seus efeitos benéficos, a recomendação é ingerir uma fruta in natura por dia. Em algumas regiões onde é cultivada, a pitaia é consumida em saladas, sucos, sorvetes e drinques. Ricos em ferro e carboidrato, os botões florais podem ser refogados e o caule usado em saladas ou servido cozido ou frito. O chá é indicado no combate à gripe.
A história da pitaia
A fruta-do-dragão tem sua origem nas Américas desde a época pré-colombiana (antes do século XV) e tem sido muito comum em seus países de origem, onde é consumida pela população em geral. A fruta é distribuída em países como Costa Rica, Venezuela, Panamá, Uruguai, Brasil, Colômbia e México. Cultivada no Vietnã por mais de 100 anos, apenas recentemente recebeu a atenção dos agricultores em outras partes do mundo, incluindo Israel, Austrália e, recentemente, Estados Unidos. Atualmente, também é cultivada em Taiwan, Vietnã, Tailândia, Filipinas, Sri Lanka e Malásia. A produção no Brasil ainda é incipiente, com maior produção da pitaia vermelha (Hylocereus undatus) concentrada no interior de São Paulo. Disponível em regiões restritas e apenas em grandes centros comerciais e capitais, a fruta é pouco difundida no País.
Outro aspecto que impede seu largo consumo é o valor, que pode chegar a R$ 90 o quilo da fruta. No entanto, os pesquisadores acreditam que o aumento no cultivo da pitaia deverá contribuir para a redução desse valor, uma vez que a procura por frutas consideradas exóticas cresce de forma significativa no Brasil. “Durante o ano de 2008 foram comercializadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) 75,7 toneladas de pitaia e, em 2009, 115,49 toneladas, com aumento superior a 50%. Em 2010 foram comercializadas mais de 140 toneladas da fruta, com aumento de 20% em relação ao ano anterior. A pitaia comercializada foi procedente, principalmente, das cidades de Cedral e Socorro”, afirma o professor Luiz Rodrigues, ao lembrar que o consumo também deve aumentar aliado ao fato de ser uma fruta que apresenta peculiaridades de cor, sabor e aroma intensos e marcantes, agradando aos mais exigentes paladares.
Fonte: Yakult
1 comentários:
Provei a fruta e fiquei apaixonada. Ganhamos de um amigo as frutas e uma muda. Não vejo a hora dela dar frutos!
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