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UMEDOSHI.

terça-feira, 20 de outubro de 2015
Essa ameixa seca e salgada que faz sucesso no Japão, no Brasil, é mais conhecida por suas propriedades medicinais do que pelo sabor.

O processo de preparo, que leva mais de ano, reflete a cultura nipônica da paciência de esperar o momento exato para se apreciar esse alimento. Ume é o nome da ameixa, fruto do umezeiro. Depois de curtida com sal e com folhas de shissô por cerca de um ano a um ano e meio, recebe a terminação boshi, que indica o processo de secar em conserva. Da família da Rosaceae, a ume tem o nome científico Prunus mume.

Por sua semelhança com o damasco, às vezes ganha referência a essa fruta, sendo chamada damasqueira-japonesa ou japanese apricot. O Instituto Agronômico (IAC) informa que a diferença da ume para o damasco é, entre outras coisas, os frutos menores, mais arredondados e meio amargos. Essa característica, aliás, desestimula seu consumo ao natural.

Origem

Apesar da origem chinesa, a ume se popularizou no Japão, onde é bastante cultivada desde o século 14. Na terra nipônica aparece em diversos pratos, principalmente acompanhando uma especialidade local: o arroz. Não há uma determinação correta da chegada dessa fruta à “Terra do Sol Nascente”, mas existem registros históricos do século 8 citando a planta.

Foi pela mão dos imigrantes japoneses que a ume chegou ao Brasil, mas a adaptação do umezeiro não aconteceu de imediato. A planta estranhou o clima mais quente do País. Acredita-se que na década de 60 uma variedade de Taiwan demonstrou bons resultados em plantações no interior de São Paulo, originando frutos um pouco maiores.

A divulgação da cultura oriental no Brasil ajudou a difundir o consumo da ume. Mas a fruta tornou-se mais popular com a dieta macrobiótica, na qual tem atuação importante.

Proprieades nutricionais
A nutricionista Priscila Di Ciero destaca como principais nutrientes da fruta o cálcio, o ferro e o fósforo. “A ume é altamente nutritiva, possui duas vezes mais proteínas, minerais e gorduras do que qualquer outra fruta”, destaca.

Segundo a nutricionista, ela é recomendada como boa fonte de ferro, cálcio e fósforo. “A umeboshi ajuda na saúde óssea e a deixar a imunidade mais alta”, diz Priscila, acrescentando que a ume se destaca entre as demais ameixas por ser mais antioxidante e ajudar a equilibrar o pH do organismo.

Propriedades medicinais
No Japão, a ingestão de umeboshi é praticamente uma recomendação diária para prevenir e curar diversos males. Ela é usada para ajudar na digestão, para dor de cabeça, gripes e resfriados, gases, infecções, entre outros. Suas propriedades alcalinizantes costumam incluir a ume nos alimentos indicados para aliviar as queimações de estômago e enjoos.

A nutricionista Priscila acrescenta que é indicada especialmente para aumentar a imunidade do organismo. “Por ajudar na imunidade, ela será benéfica para praticamente tudo”, destaca Priscila.

Como a umeboshi é curtida no sal, a restrição é tomar cuidado para não consumir em excesso. “Não acho interessante para hipertensos, por ser vendida em conserva no sal – alimento que é cuidadosamente controlado na dieta de quem tem hipertensão”.

Curiosidades
No prato típico japonês hinomaru bento, a umeboshi recebe papel de destaque. Ele é preparado colocando o arroz cozido em uma tigela com uma umeboshi ao centro. O resultado é uma imagem semelhante à bandeira japonesa.

Há um antigo provérbio japonês que diz: “Uma umeboshi por dia e chegamos aos cem anos de vida”. A ume também é utilizada para fazer refeições doces, como refrescos, sorvetes e geleias. Um exemplo é o umeshu, licor feito com os frutos maduros.

Essa pequena ameixa parece ser bastante inspiradora para os artistas. No Japão a palavra ume aparece em uma antiga obra poética, Kaifuusou, do ano 751. Também é citada nos versos de Man’yôshû, de 760. Por aqui, o adepto da macrobiótica, cantor e compositor Gilberto Gil, compôs na década de 70 a música umeboshi, onde exalta “umeboshi cura qualquer saúde, umeboshi cura qualquer doença”.

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Alimento Reino Vegetal, edição 47.

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