Das novidades do mundo da cosmética, a utilização de substâncias extraídas de alimentos e ervas está entre as mais festejadas. Nunca se pesquisou tanto para se descobrir novos princípios ativos. O que se quer, principalmente, é encontrar nutrientes com poder de neutralizar a ação dos radicais livres (moléculas em desequilíbrio que facilitam o envelhecimento precoce das células) e restaurar as células. O resultado desse investimento pode ser medido pela grande quantidade de novas loções e cremes com chá verde, ginseng e polifenóis (substâncias encontradas na uva). Tudo destinado a melhorar a aparência.
A variedade de produtos também está revigorando a discussão sobre como aproveitar melhor o efeito dos princípios ativos desses alimentos e ervas. Afinal, está provado que os cremes, por mais sofisticadas que sejam as suas fórmulas, não ultrapassam a primeira camada da pele. “A nutrição das camadas mais profundas tem de vir de dentro para fora. E isso se faz com uma alimentação variada e, se for necessário, com suplementação de compostos vitamínicos”, defende a nutricionista Mirtes Stancanelli, de São Paulo. É bom que se diga que nem todos os especialistas concordam com o uso dos suplementos.
O que se sabe, em todo o caso, é que a escassez de nutrientes é um dos grandes venenos da beleza. É possível perceber a falta deles no rosto da pessoa. Quem não assimila adequadamente, por exemplo, a vitamina A (presente em vegetais, na gema do ovo e no fígado, entre outros alimentos), tem comprometida a elasticidade da pele. Aqueles que fazem pouco uso de ovos, leite e carne, ricos em proteínas, também podem padecer do mesmo mal. Vale dizer que, se o corpo se ressente da ausência de nutrientes, não existe cosmético que ajude. “Nenhum creme resolve a falta de proteínas. Sem elas, o corpo vai tirar de outras partes o material necessário para recuperar os tecidos e pode enfraquecer, por exemplo, os cabelos e as unhas”, explica a dermatologista Patrícia Rittes, de São Paulo. A carência de vitaminas também pode comprometer a capacidade de resistir a infecções. E tudo isso não é privilégio de quem come pouco ou mal. “Muita gente que passa a semana à base de refeições prontas ou congelados corre o risco de ter uma dieta pobre em vitaminas e minerais, apesar de rica em calorias”, afirma Mirtes.
Uma boa sugestão para garantir nutrientes sem precisar se prender a listas e tabelas ou encher-se de suplementos é variar o cardápio e encher o prato de frutas, verduras e legumes. A assessora de eventos Kitty de Salles Oliveira, de São Paulo, aposta nos efeitos especiais dessa alimentação. Convencida do poder dos sucos, ela muda a receita conforme identifica novas necessidades da pele. “Preparo um dos sucos com cenoura, maçã e gengibre para tornar a pele mais fina e dar mais tônus ao rosto. Outra receita é centrifugar cenoura, pimentão, couve, espinafre e nabo para deixá-la limpa”, afirma. Ela acredita que tudo isso melhora o aspecto da pele. Por esse motivo, não deixa de consultar um livro de nutrição para incrementar o cardápio diário.
Prevenção
Quanto antes a pessoa se interessar pela elaboração do menu, melhor. Procurar uma nutricionista pode ajudar a garantir a beleza da derme (a camada mais superficial da pele) no futuro. A nutricionista Mirtes costuma receitar o consumo de alimentos ricos em licopeno, substância presente no tomate e no morango, por exemplo, para prevenir a ação do tempo. “O licopeno é importante para a proteção da célula”, diz. A especialista também ensina às pacientes que não se deve desprezar as sementes da uva. O certo é mastigá-las, já que possuem antioxidantes (elementos que ajudam a combater o envelhecimento) em grandes quantidades. Folhas verdes são mais alguns ingredientes indispensáveis. Verduras contêm vitaminas, minerais, fibras e ferro. O cardápio de quem deseja manter a pele em ordem deve incluir ainda muita água. Alimentos como melão, mexerica e melancia são excelentes. “Mas isso não dispensa o consumo diário de dois litros de água”, alerta Mirtes. Se o problema for pele oleosa, recomenda-se ajuda especializada. As pessoas não devem deixar de comer porque suspeitam que algum alimento facilitará o surgimento de espinhas. “Elas não devem fugir dos alimentos, mesmo do chocolate. Não há provas concretas de que exista uma relação direta entre consumo alimentar e oleosidade da pele”, garante a nutricionista.
Um dos argumentos mais recentes em favor da nutrição da pele com alimentos – e mesmo suplementos – é um estudo feito por pesquisadores holandeses. Publicado noJornal Internacional de Nutrição, na edição de maio, é uma revisão de dezenas de trabalhos nessa área. Os especialistas concluíram que uma dieta enriquecida pelas vitaminas A, E e C garante ao organismo um ligeiro aumento da capacidade da pele de se defender dos raios solares do tipo ultravioleta, um dos maiores inimigos da epiderme. “Isso beneficia especialmente as pessoas com mais idade”, observa Mirtes.
Outro bom amigo da beleza da pele, de acordo com os especialistas da Holanda, é o ácido graxo ômega 3, um tipo de gordura encontrado em peixes de águas profundas, como o salmão e o bacalhau. Acredita-se que a substância ajude a controlar inflamações de pele. No entanto, a dermatologista Ediléia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), alerta para os riscos de se tomar grandes doses de suplementos, tanto de vitaminas quanto de ômega 3. “Ainda não há informação sobre os efeitos de doses mais elevadas por períodos mais longos”, afirma. Por isso, o melhor mesmo é servir-se à mesa dos ingredientes que podem deixar a pele mais viçosa.
Fonte: Istoé.
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