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QUALIDADE DOS ALIMENTOS ORGÂNICOS.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os alimentos orgânicos são melhores para a nossa saúde? Embora alguns estudos mostrem que o principal motivo dos consumidores na aquisição de alimentos orgânicos seja a questão da saúde pessoal e da família, a falta de estudos epidemiológicos relacionando o consumo de produtos orgânicos com a saúde humana faz com que, cientificamente, está questão ainda seja difícil de ser respondida. O objetivo do artigo não é polemizar sobre o tema, mas mostrar que a qualidade de um alimento precisa ser analisada sob diferentes aspectos que possam dar indicativos da melhor escolha para os consumidores.

Qualidade: Um conceito amplo
Para o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, numa escala de valores, a qualidade permite avaliar e, conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar determinado tipo de produto. Neste artigo a palavra “qualidade” agrupa um certo número de aspectos importantes para um entendimento global ou sistêmico do processo. Analisar e comparar a qualidade nesta perspectiva é uma tarefa complexa, porém permite uma maior probabilidade de acerto na escolha de um alimento mais adequado à saúde humana.

Neste sentido, procuraremos analisar os alimentos considerando aspectos referentes à saúde humana, à qualidade agronômica, organoléptica, nutricional, sanitária e ambiental, avaliando níveis de resíduos de agrotóxicos, irradiação de produtos, entre outros.

Saúde: um estado de equilíbrio
Desde que abandonou a vida primitiva, o homem vem modificando intensamente o ambiente em que vive. Nesse processo houve alteração de hábitos alimentares pela introdução de substâncias tóxicas, alimentos excessivamente processados, irradiados, geneticamente alterados, além de consumo exagerado de gorduras, açúcares e sódio (Tabela 1). Tudo com a finalidade de melhorar a aparência, o sabor e, sobretudo, a capacidade de conservação dos alimentos. Segundo PRETTI (2000), foram mudanças realizadas paulatinamente, porém sem a consciência de que tais atitudes poderiam ser nocivas à saúde.

TABELA 1 – PADRÃO DIETÉTICO DO HOMEM PRIMITIVO COMPARADO AO HOMEM MODERNO.

Homem Primitivo Homem Moderno
Alimentos integrais Excesso de alimentos refinados
Alimentos ricos em fibras Alimentos pobres em fibras
Alimentos ricos em nutrientes Alimentos empobrecidos em nutrientes
Alimentos ricos em energia vital Alimentos pobres em energia vital
Alimentos consumidos crus Alimentos na maioria processados pelo calor
Menor teor de gordura saturada Alto teor de gordura saturada
Ausência da adição de açúcar e sódio Excesso de açúcar e sódio
Ausência de fermentos e antibióticos Excesso de fermentos e antibióticos
Ausência de agrotóxicos e aditivos químicos Excesso de agrotóxicos e aditivos químicos

FONTE: PRETTI (2000)

Em verdade, a alimentação moderna tem conduzido não apenas a um desastre na saúde humana, mas também a uma série de problemas ambientais. Hipócrates já dizia que “as doenças atacam as pessoas não como um raio em céu azul, mas são conseqüências de contínuos erros contra a natureza”. Algumas formas de Medicina Alternativa e a milenar Medicina Chinesa consideram a saúde como um estado de equilíbrio. De acordo com PRETTI (2000) um organismo, quando em equilíbrio, dificilmente adoece e, quando adoece, recupera-se com mais facilidade. Se a carência é nociva, o excesso também o é. Portanto, o princípio do equilíbrio, fundamento básico da Medicina Ortomolecular, deve ser resgatado. Uma alimentação de qualidade não só previne, como é um poderoso recurso terapêutico. Portanto, qualquer proposta terapêutica deve considerar o homem, seu ambiente, seus hábitos e sua qualidade alimentar.

A busca da qualidade alimentar está se tornando uma das principais preocupações dos consumidores conscientes. Atualmente, as motivações para o consumo de alimentos orgânicos variam em função do país, da cultura e dos produtos que se analisa. Todavia, observando países como Alemanha e Inglaterra (WOODWARD & MEIER-PLOEGER, 1999), Austrália (PEARSON,1999), Estados Unidos (HENDERSON, 1999), França (SYLVANDER, 1998), Dinamarca e Noruega (DUBGAARD & HOLST, 1994; SOGN et. al., 2002), Polônia (ZAKOWSKA-BIEMANS, 2002) e Costa Rica (AGUIRRE & TUMLTY, 2002) percebe-se que existe uma tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde e sua ligação com os alimentos, em seguida ao meio ambiente e, por último, à questão do sabor e frescor dos alimentos orgânicos.

No Brasil, a principal motivação para compra de alimentos orgânicos também está ligada à preocupação com a saúde. Uma pesquisa encomendada pelo SEBRAE-PR e realizada pelo DATACENSO (2002) nos estados do Sul e Sudeste do Brasil mostrou que os principais motivos que levaram a consumir os alimentos orgânicos foram: em 1o lugar e 2o lugar, faz bem a saúde/saudável; em 3o lugar, sem agrotóxicos, em 4o lugar, mais sabor; e em 5o lugar, natural e qualidade do produto. Segundo a mesma pesquisa, hoje, quem consome os alimentos orgânicos são adultos e idosos pertencentes às classes sociais A e B.
É importante destacar que o desafio de levar o alimento orgânico para as outras camadas da população não está relacionado apenas aos aspectos técnicos (produção em quantidade, qualidade, regularidade e diversidade) e econômicos (preços competitivos aos produtos convencionais), mas também aos aspectos políticos e sociais.

Qualidade agronômica
O modelo convencional de agricultura já mostrou ser insustentável para o meio ambiente, para os agricultores e consumidores. Problemas de erosão, baixa produtividade das terras e culturas, doenças como vaca-louca, febre aftosa e contaminação por dioxina fizeram com que a opinião pública prestasse mais atenção para onde caminha nossa alimentação.

Vários estudos têm mostrado que os agricultores orgânicos que seguem um enfoque agroecológico conseguem resultados satisfatórios em vários aspectos ligados à sustentabilidade (DAROLT, 2002). O selo de qualidade orgânico é um indicativo de que os alimentos foram produzidos e processados de acordo com as normas orgânicas, o que significa um adicional em termos de qualidade agronômica quando comparado ao alimento convencional.

Fonte: VIva com Orgânicos, parte do texto A Qualidade dos Alimentos Orgânicos. Acesso em 31/05/2012.

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