Não forçar o corpo
Qualidade de vida
é a receita para que as pessoas possam se prevenir e evitar as chamadas dores crônicas.
O percentual médio de pessoas afetadas por algum tipo de dor crônica no
Brasil varia de estado para estado e pode ser de 15% a 40% da população. Estudos
revelam que em São Luís (MA), por exemplo, o índice de queixas de dores crônicas
chega a 47%, enquanto em Salvador (BA), chega a 41% e em São Paulo, fica entre
30% e 40%.
Entre a população mundial, de 20% a 30% sofrem com essas dores.
A recomendação é que as pessoas não tenham sobrepeso para não sobrecarregar
as articulações e aumentar a possibilidade de ter artrose, dor articular, dor
lombar.
"Se você mantém o seu
peso adequado, se mantém atividade física, boa alimentação, pode evitar a dor
crônica," explica a neurologista Norma Fleming, da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ).
Tipos de dores crônicas
Os tipos mais comuns de dor crônica são as lombalgias, cefaleias e dores neuropáticas.
De modo geral, a dor da artrose é mais comum nos idosos do que nos jovens, à exceção
de pessoas jovens que pratiquem esportes de alta performance, como atletismo.
"Esse vai ter artrose e vai ter dor. Ele convive com dor o tempo inteiro".
Em compensação, as enxaquecas (dores de cabeça contínuas e persistentes) costumam
acometer os jovens na faixa dos 20 aos 40 anos, "quando começa a cair a
atividade produtiva".
Nessa mesma faixa etária se inserem as lombalgias, em especial entre os 30 e
os 50 anos.
Analgésico não cura dor crônica
Uma das principais características da dor crônica é que o quadro não se
resolve com analgésicos comuns.
Segundo Norma, o paciente necessita ser tratado por uma equipe
multidisciplinar, que inclua fisioterapeutas e médicos da dor, além de
psiquiatras e psicólogos para tratar a parte emocional.
De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (Iasp), uma
melhora de 40% no nível de dor crônica já é considerada uma grande melhora.
"Em muitos casos, a gente não consegue tirar a dor, mas consegue causar
alívio," diz Norma.
A neurologista defende a educação continuada para médicos que queiram
aprender a tratar da dor, e a melhoria da qualidade da medicação disponível para
os pacientes, tendo em vista o seu custo, em geral bastante elevado.
"Quanto mais você ensina, melhor as pessoas vão tratar. Educação é a condição
básica para melhorar o atendimento", aconselhou.
Dor aguda e dor crônica
Segundo a Dra. Norma, falta capacitação dos médicos para lidar com pacientes
com dores crônicas.
"O paciente com dor crônica é diferente do paciente com dor aguda,"
afirma.
A dor aguda é um fenômeno importante para o corpo humano, "porque é um sinal
de alarme para nos manter vivos". As dores agudas podem resultar de fraturas,
por exemplo, de um infarto do miocárdio, de peso excessivo que a pessoa
carrega.
"Já a dor crônica é aquela em que ela passa a ser a doença. Ela não é sintoma
de infarto ou de fratura. É a perpetuação de um estímulo e perde a função de
alarme. É um fenômeno complexo, porque gera alteração emocional e
cognitiva".
Dor emocional
Norma lembrou que o fator emocional faz parte do fenômeno da dor, embora não
seja a causa principal.
"É raro a gente pegar alguém na Clínica da Dor que tenha uma dor emocional.
Mas é muito comum a gente ter um paciente que está com dor crônica e que ficou,
por conseguinte, com uma alteração emocional. Ou, então, tem dor crônica, passa
por um problema emocional e a dor piora muito, porque a emoção faz parte da
fitopatologia".
"Essas dores que são altamente incapacitantes, se não forem tratadas
adequadamente, pegam as pessoas em plena fase produtiva. Elas devem ser tratadas
adequadamente, para [mandar] essa pessoa o mais rápido possível de volta ao
trabalho," aconselha.
Se a volta à atividade que a pessoa exercia não for possível, a função deverá
ser adaptada, sugeriu. "Não deixar a pessoa cair naquela situação de não poder
trabalhar". Nesse caso, a readaptação de função é saudável para o paciente.
A médica adverte, no entanto, que, no Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), pode haver pessoas que manipulem os sintomas da dor. Somente exames
multidisciplinares podem comprovar se aquela dor crônica alegada existe de fato
ou não.
Fonte: Diário da Saúde, Melhor qualidade de vida pode evitar as dores crônicas. Acesso em 15/01/2013.
0 comentários:
Postar um comentário