Bryce Mander analisa dados do estudo. |
A descoberta abre portas para o desenvolvimento de abordagens para reforçar a qualidade do sono em idosos com o intuito de melhorar a memória.
Os neurocientistas descobriram que as ondas cerebrais lentas geradas durante o sono profundo e restaurador que normalmente experimentamos na juventude desempenham um papel fundamental no transporte de memórias do hipocampo, que armazena memórias de curto prazo, para o córtex pré-frontal que guarda memórias de longo prazo.
No entanto, em adultos mais velhos, as memórias podem ficar retidas no hipocampo, devido à má qualidade de sono e depois são substituídas por novas memórias.
"O que nós descobrimos é um caminho disfuncional que ajuda a explicar a relação entre a deterioração cerebral, distúrbios do sono e perda de memória quando ficamos mais velhos", afirma o autor da pesquisa Matthew Walker.
Os resultados lançam uma nova luz sobre esquecimentos comuns para os idosos, que inclui dificuldade para lembrar nomes de pessoas. "Quando somos jovens, temos o sono profundo que ajuda o cérebro a armazenar e reter novos fatos e informações. Mas à medida que envelhecemos, a qualidade do nosso sono deteriora e impede que essas lembranças sejam salvas pelo cérebro durante a noite", explica Walker.
Adultos saudáveis, normalmente gastam um quarto da noite em sono REM profundo. Ondas lentas são geradas pelo lobo frontal do cérebro. A deterioração da região frontal do cérebro em pessoas idosas está associada à sua incapacidade de gerar sono profundo, de acordo com o estudo.
A equipe acredita que a descoberta de que as ondas lentas no cérebro frontal ajudam a fortalecer memórias abre caminho para tratamentos terapêuticos para a perda de memória em idosos, como a estimulação transcraniana por corrente contínua ou medicamentos.
No estudo, os pesquisadores fizeram imagens do cérebro de 19 aposentados e de 18 jovens na casa dos 20 anos. A equipe notou que uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal medial, atrás do meio da testa, era um terço menor, em média, nos mais velhos do que nos mais novos, diferença atribuída à atrofia natural do envelhecimento em pesquisas anteriores.
Antes da hora de dormir, a equipe fez os dois grupos estudarem uma lista com palavras pareadas com sílabas sem nexo. A equipe usou essas "não palavras" porque um tipo de memória que declina com a idade é a que grava novas informações nunca vistas antes.
Depois de treinar esses pares por meia hora, mais ou menos, os voluntários fizeram um teste. Os jovens superaram os velhos em 25%.
Novos testes foram realizados após uma noite de sono. Os participantes mais velhos dormiram só um quarto do tempo em sono de alta qualidade em relação aos mais jovens, conforme as medições de um aparelho de eletroencefalograma. Nesse teste, realizado de manhã, o grupo jovem superou o mais velho em 55%. A proporção de atrofia em cada pessoa mais ou menos previu a diferença de resultados entre os testes feitos à noite e de manhã. Até os idosos que foram melhores à noite mostraram declínio depois do sono.
"A análise mostra que as diferenças se deram não por mudanças na capacidade das memórias, mas na diferença da qualidade do sono", conclui o pesquisador Bryce Mander.
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