O alerta sobre resíduos de agrotóxicos em diversos produtos vindos do campo, como o pimentão e o morango, dá força a movimentos que defendem a agricultura familiar orgânica, agroecológica e sustentável como modelo agrário.
A produção de alimentos tem ganhado destaque nas discussões globais e locais em um planeta que ganha cada vez mais habitantes. Como alimentar uma população que deve chegar a 9 bilhões em 2050, segundo estimativas das Nações Unidas, com ameaças de instabilidades climáticas e tendência de aumento nos preços das commodities agrícolas?
O tema fez parte das mesas de discussão do 42º Fórum Econômico Mundial, que aconteceu neste final de janeiro em Davos, na Suíça. Segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e fomento às oportunidades econômicas por meio da agricultura estiveram no centro do debate. Produzir mais com menos recursos é a tônica. Isso, em contrapartida, pode comprometer a integridade dos alimentos e do solo, com o uso cada vez mais intenso de defensivos agrícolas, que entram no sistema para aumentar a produtividade das lavouras.
Na mesma Comunidade Europeia, outro segmento da população se manifesta contra o modelo que prioriza a produção em larga escala. Na Alemanha, por exemplo, 40 organizações e iniciativas de diversas áreas, entre elas agricultura, nutrição, proteção à natureza e desenvolvimento, lideram uma campanha que pede um basta ao agronegócio e defende a agricultura familiar baseada nos princípios da sustentabilidade.
O movimento, preocupado com os impactos do atual modelo para a nossa sociedade, saúde e meio ambiente, incentiva um diálogo mais próximo entre produtores e consumidores, ideia que também ecoa em terras brasileiras. Aqui, uma das ações do Ministério do Desenvolvimento para incentivar o escoamento direto da produção de agricultores familiares é a certificação pelo Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf).
O mercado é expressivo. O último censo agropecuário realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2009, mostra que a agricultura familiar representava em 2006 cerca de 80% do total dos estabelecimentos agropecuários. A produção em pequena escala, ocupando apenas 24,3% da área agropecuária brasileira, já era responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão e 46% de milho. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%).
Comprar alimentos desses produtores certificados incentiva a economia de pequena escala e, para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), reduz o risco de se consumir produtos que não estejam de acordo com as “boas práticas agrícolas”.
A ANVISA fez um alerta em dezembro do ano passado, quando divulgou dados de seu Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos. Das 18 culturas pesquisadas, 28% foram consideradas insatisfatórias. Em alguns casos, foi constatada nos alimentos a presença de agrotóxicos que não são autorizados pela Agência ou que estavam em níveis acima dos autorizados. Com a repercussão nacional da notícia, o pimentão, o morango, o pepino, a alface e a cenoura, que estão no topo da lista de alimentos com resíduos de agrotóxicos, entraram na mira da população.
Há quem oriente o consumidor a lavar bem as frutas e verduras, retirando a casca e as partes externas, como forma de reduzir a presença de agrotóxicos na alimentação. Mas há uma série de organizações no Brasil que, como as da Alemanha, defendem a produção de alimentos orgânicos e agroecológicos como a única opção para uma vida saudável (tanto para o trabalhador rural quanto para o consumidor), além de uma terra sempre produtiva e um futuro livre de doenças e contaminações decorrentes de práticas abusivas do agronegócio.
A “Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida” foi lançada nacionalmente em abril de 2011 e já se espalha em comitês regionais pelos principais Estados brasileiros, promovendo principalmente ações de articulação, comunicação e formação profissional. “É importante ressaltar que as culturas que mais utilizam agrotóxicos são justamente aquelas produzidas no modelo do agronegócio, cultivadas em grandes áreas de monocultivo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país”, afirma Cleber Folgado, secretário-geral da campanha e dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
A tendência é realmente que o consumidor se aproxime cada vez mais da produção, saiba de onde vem o alimento, quem o planta e como, e consiga comprar diretamente do agricultor.
No livro A Terceira Onda, o futurista Alvin Toffler vai além e prevê uma civilização que começará a “cicatrizar a ruptura histórica entre o produtor e o consumidor”, gerando o que ele classifica como a “economia do prossumidor”, ou seja, aquela pessoa que já não depende de supermercados e redes de comércio para se alimentar ou adquirir mercadorias. Essas pessoas já existem: mesmo no ambiente urbano, elas cultivam hortaliças e legumes em quintais, varandas ou mesmo telhados, tendo assim a garantia da saúde em seus pratos de comida.
Fonte: Sustentabilidade Allianz, Voltando às origens: plantio em pequena escala pode significar alimento mais saudável na mesa do consumidor. Acesso em 02/06/2012.
O tema fez parte das mesas de discussão do 42º Fórum Econômico Mundial, que aconteceu neste final de janeiro em Davos, na Suíça. Segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e fomento às oportunidades econômicas por meio da agricultura estiveram no centro do debate. Produzir mais com menos recursos é a tônica. Isso, em contrapartida, pode comprometer a integridade dos alimentos e do solo, com o uso cada vez mais intenso de defensivos agrícolas, que entram no sistema para aumentar a produtividade das lavouras.
Na mesma Comunidade Europeia, outro segmento da população se manifesta contra o modelo que prioriza a produção em larga escala. Na Alemanha, por exemplo, 40 organizações e iniciativas de diversas áreas, entre elas agricultura, nutrição, proteção à natureza e desenvolvimento, lideram uma campanha que pede um basta ao agronegócio e defende a agricultura familiar baseada nos princípios da sustentabilidade.
O movimento, preocupado com os impactos do atual modelo para a nossa sociedade, saúde e meio ambiente, incentiva um diálogo mais próximo entre produtores e consumidores, ideia que também ecoa em terras brasileiras. Aqui, uma das ações do Ministério do Desenvolvimento para incentivar o escoamento direto da produção de agricultores familiares é a certificação pelo Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf).
O mercado é expressivo. O último censo agropecuário realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2009, mostra que a agricultura familiar representava em 2006 cerca de 80% do total dos estabelecimentos agropecuários. A produção em pequena escala, ocupando apenas 24,3% da área agropecuária brasileira, já era responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão e 46% de milho. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%).
Comprar alimentos desses produtores certificados incentiva a economia de pequena escala e, para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), reduz o risco de se consumir produtos que não estejam de acordo com as “boas práticas agrícolas”.
A ANVISA fez um alerta em dezembro do ano passado, quando divulgou dados de seu Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos. Das 18 culturas pesquisadas, 28% foram consideradas insatisfatórias. Em alguns casos, foi constatada nos alimentos a presença de agrotóxicos que não são autorizados pela Agência ou que estavam em níveis acima dos autorizados. Com a repercussão nacional da notícia, o pimentão, o morango, o pepino, a alface e a cenoura, que estão no topo da lista de alimentos com resíduos de agrotóxicos, entraram na mira da população.
Há quem oriente o consumidor a lavar bem as frutas e verduras, retirando a casca e as partes externas, como forma de reduzir a presença de agrotóxicos na alimentação. Mas há uma série de organizações no Brasil que, como as da Alemanha, defendem a produção de alimentos orgânicos e agroecológicos como a única opção para uma vida saudável (tanto para o trabalhador rural quanto para o consumidor), além de uma terra sempre produtiva e um futuro livre de doenças e contaminações decorrentes de práticas abusivas do agronegócio.
A “Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida” foi lançada nacionalmente em abril de 2011 e já se espalha em comitês regionais pelos principais Estados brasileiros, promovendo principalmente ações de articulação, comunicação e formação profissional. “É importante ressaltar que as culturas que mais utilizam agrotóxicos são justamente aquelas produzidas no modelo do agronegócio, cultivadas em grandes áreas de monocultivo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país”, afirma Cleber Folgado, secretário-geral da campanha e dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
A tendência é realmente que o consumidor se aproxime cada vez mais da produção, saiba de onde vem o alimento, quem o planta e como, e consiga comprar diretamente do agricultor.
No livro A Terceira Onda, o futurista Alvin Toffler vai além e prevê uma civilização que começará a “cicatrizar a ruptura histórica entre o produtor e o consumidor”, gerando o que ele classifica como a “economia do prossumidor”, ou seja, aquela pessoa que já não depende de supermercados e redes de comércio para se alimentar ou adquirir mercadorias. Essas pessoas já existem: mesmo no ambiente urbano, elas cultivam hortaliças e legumes em quintais, varandas ou mesmo telhados, tendo assim a garantia da saúde em seus pratos de comida.
Fonte: Sustentabilidade Allianz, Voltando às origens: plantio em pequena escala pode significar alimento mais saudável na mesa do consumidor. Acesso em 02/06/2012.
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