A pressão arterial elevada pode causar danos a estrutura e funções do cérebro já no início da meia-idade. Mesmo em pacientes que clinicamente não seriam considerados hipertensos foram encontradas evidências de danos estruturais no cerebral ocasionados em silêncio pelo descontrole da pressão sanguínea.
A investigação descobriu um envelhecimento acelerado do cérebro entre os hipertensos e pré-hipertensos na faixa dos 40, incluindo danos à integridade estrutural da matéria branca do cérebro e do volume de massa cinzenta, sugerindo que a lesão cerebral vascular "desenvolve-se silenciosamente ao longo da vida."
O estudo é o primeiro a demonstrar os indícios de danos estruturais no cérebro de adultos no início da meia-idade como resultado da pressão arterial. Até então, estes danos eram associados somente ao declínio cognitivo em idosos. Ele enfatiza a necessidade de atenção ao longo da vida a fatores de riscos vasculares para o envelhecimento do cérebro, diz autor Charles Decarli, professor de neurologia e diretor do Centro de UC Davis para estudo da doença de Alzheimer.
"A mensagem aqui é muito clara: as pessoas podem mudar a saúde do cérebro na velhice (evitando o declínio cognitivo e demência), conhecendo e tratando a sua pressão arterial em uma idade jovem, quando, em geral, não existe nenhuma preocupação com a questão, principalmente porque muitas não apresentam sintomas," disse Decarli.
Um dos resultados da pesquisa mostra que a saúde cerebral de um hipertenso de 33 anos de idade era semelhante ao de uma pessoa não hipertensa de 40 anos, confirmando que a pressão desregulada causou um envelhecido prematuro de sete anos ou mais.
O estudo de Framingham
Intitulado "Effects of Systolic Blood Pressure on White Matter Integrity in Young Adults: From the Framingham Heart Study," a pesquisa buscou decifrar a idade de início, a extensão e natureza dos efeitos da pressão arterial sistólica elevada no declínio cognitivo entre os participantes do estudo de Framingham, uma avaliação longitudinal cardiovascular dos moradores de Framingham, Massachusetts (EUA). Uma análise que começou há mais de 60 anos e está em sua terceira geração de participantes.
A pesquisa incluiu 579 participantes de Framingham, que tinham, em média, 39 anos de idade, quando recrutados para participar do estudo. Os integrantes foram organizados em grupos, com a pressão arterial normal, pré-hipertensos e pressão arterial elevada. Outras variáveis contabilizadas foram se estes pacientes recebiam tratamento para pressão alta e se fumavam.
O estudo usou ressonância magnética (RM) para determinar a saúde cerebral dos participantes usando uma variedade de medidas de lesão da substância branca e volume de substância cinzenta. Os exames de ressonância magnética incluíram tensor de difusão de imagem (um tipo particular de imagem que revela detalhes microscópicos de arquitetura do tecido dentro da matéria branca do cérebro). Os estudos de imagiologia, em seguida, foram combinados para criar uma medida global de saúde do cérebro comparando indivíduos normais e hipertensos.
Os resultados mostraram que em indivíduos hipertensos a anisotropia fracionada nos lobos frontais foi reduzida em média de 6,5%. Os hipertensos também tiveram 9 % menos massa cinzenta, em média, nos lóbulos frontal e temporal. Cérebros hipertensos eram significativamente menos saudáveis do que os de indivíduos com pressão arterial normal.
De acordo com os autores, a pressão alta provoca um endurecimento das artérias tornando necessário um pulso mais forte no fluxo de sangue para o cérebro. Esta condição sobrecarrega os vasos sanguíneos dificultando a alimentação de tecidos cerebrais, como os axônios.
A pressão sanguínea elevada está associada a um risco de 62% das doenças cerebrovasculares, tais como acidente vascular cerebral isquêmico, e um risco de 49% de doença cardiovascular. É maior fator de risco para mortalidade nos Estados Unidos.
Fonte: I Saúde, Pressão arterial alta pode causar danos ao cérebro no início da meia idade. Estudo comprovou que saúde cerebral de hipertenso de 33 anos era semelhante ao de um paciente sem a doença aos 40. Acesso em 01/11/2012.
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