De acordo com os autores do artigo, o cenário chegou a tal ponto que os países deveriam começar a controlar o consumo de açúcar. |
Doce demais
Se os governos querem cuidar da saúde pública, então as autoridades deveriam controlar o consumo de açúcar da mesma forma que controlam o consumo de cigarro e de álcool.
A afirmativa contundente é de um grupo de três cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), em um artigo publicado nesta quinta-feira na conceituada revista Nature.
Segundo as Nações Unidas, as doenças infecciosas foram superadas no mundo, pela primeira vez na história, pelas doenças não-transmissíveis.
E, segundo os cientistas, o açúcar está alimentando uma epidemia global de obesidade e contribuindo para 35 milhões de mortes todos os anos, causadas por doenças não-transmissíveis, como diabetes, doenças do coração e câncer.
Controle brando
Robert Lustig, Laura Schmidt e Claire Brindis afirmam que os efeitos danosos do açúcar no organismo humano são semelhantes aos promovidos pelo álcool e que, por isso, seu consumo também deveria ser regulamentado pelas autoridades de saúde.
Robert Lustig, Laura Schmidt e Claire Brindis afirmam que os efeitos danosos do açúcar no organismo humano são semelhantes aos promovidos pelo álcool e que, por isso, seu consumo também deveria ser regulamentado pelas autoridades de saúde.
"Nós não estamos falando sobre proibição. Estamos falando sobre formas brandas de tornar o consumo de açúcar ligeiramente menos conveniente, mantendo assim as pessoas longe de doses excessivas," disse Schmidt.
Segundo o trio, o consumo mundial de açúcar triplicou nos últimos 50 anos.
"Todo país que adotou uma dieta ocidental, dominada por alimentos de baixo custo e altamente processados, teve um aumento em suas taxas de obesidade e de doenças relacionadas a esse problema. Há hoje 30% mais pessoas obesas do que desnutridas", destacaram eles.
Disfunção metabólica
De acordo com os autores do artigo destaca que a obesidade não é o principal problema do consumo excessivo de açúcar.
"Muitos acham que a obesidade está na raiz de todas essas doenças, mas 20% das pessoas obesas têm metabolismo normal e terão uma expectativa de vida também normal.
"Ao mesmo tempo, cerca de 40% das pessoas com pesos considerados normais desenvolverão doenças no coração e no fígado, diabetes e hipertensão", explicam eles.
Além disso, a disfunção metabólica é mais prevalente do que a obesidade.
Controle do consumo de açúcar
De acordo com os autores do artigo, o cenário chegou a tal ponto que os países deveriam começar a controlar o consumo de açúcar.
A regulação poderia incluir, sugerem, a taxação de produtos industrializados açucarados, a limitação da venda de tais produtos em escolas e a definição de uma idade mínima para a compra de refrigerantes.
Mas, diferentemente do álcool ou do cigarro, que são produtos consumíveis não essenciais, o açúcar está em alimentos, o que dificulta a sua regulação.
"Regular o consumo de açúcar não será fácil, especialmente nos 'mercados emergentes' de países em desenvolvimento, nos quais refrigerantes são frequentemente mais baratos do que leite ou mesmo água," destacaram.
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