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FIBRAS X ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA CURTA.

domingo, 15 de maio de 2016

E mais uma vez os estudos confirmam que a ALIMENTAÇÃO BASEADA EM PLANTAS tem efeitos benéficos à saúde humana. Sem dúvidas, se beneficiam mais os veganos e vegetarianos, mas os onívoros também podem começar a prestar mais atenção neste caminho... 

A ingesta de quantidades significativas de alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e legumes - típicos de uma dieta mediterrânea ou BASEADA EM PLANTAS - está ligada com um aumento da promoção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) benéficos para a saúde. Resultados encontrados em pesquisa publicada online pela revista Gut.

O estudo sugere que, apesar de recomendável, o indivíduo não precisa ser necessariamente vegetariano ou vegano para obter os benefícios.

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que incluem acetato, propionato e butirato, são produzidos pelas bactérias no intestino durante a fermentação de fibras insolúveis da matéria vegetal contida na dieta.

Os AGCC têm sido associados com a promoção da boa saúde, incluindo a redução do risco de doenças inflamatórias, diabetes e doença cardiovascular. 

Os pesquisadores reuniram informações por um período de uma semana da dieta diária típica de 153 adultos divididos da seguinte forma: 

- 51 onívoros (que comem de tudo, incluso carnes e outros alimentos de origem animal)

- 51 veganos (não consomem qualquer alimento ou derivados de origem animal)

- 51 vegetarianos (consumem derivados como o mel, ovos e laticínios)

Os participantes viviam em quatro cidades geograficamente distantes na Itália. Eles também avaliaram os níveis de bactérias nos intestinos e os marcadores bioquímicos de processos celulares (metabólitos) em amostras de fezes e de urina. 

A dieta mediterrânea caracteriza-se pela alta ingesta de frutas, verduras, legumes, nozes e cereais; consumo moderadamente alto de peixe; consumo diário porém moderado de álcool; e baixo consumo de gordura saturada, carne vermelha e produtos lácteos. 

A maioria, (88%) dos veganos, quase dois terços dos vegetarianos (65%), e cerca de um terço (30%) dos onívoros consistentemente consumiram uma dieta predominantemente mediterrânea. 

A pesquisa mostrou padrões distintos de colonização microbiana de acordo com o hábito alimentar. 

Bacteroidetes foram mais abundantes nas amostras de fezes daqueles que consumiram uma dieta predominante de plantas, enquanto Firmicutes foram mais abundantes em amostras daqueles que consumiram uma dieta de base animal. 

Ambas as categorias de organismos (filos) contêm espécies microbianas que podem quebrar os hidratos de carbono complexos, resultando na produção de AGCC. 

Especificamente as bactérias Prevotella e Lachnospira foram mais comuns entre os vegetarianos e veganos, enquanto a bacteria Streptococcus foi mais comum entre os onívoros. 

Os níveis mais elevados de AGCC foram encontrados em veganos, vegetarianos, 
e naqueles que consistentemente seguiram uma dieta mediterrânea. 

Níveis de AGCC também foram fortemente associados com a quantidade de frutas, verduras, legumes e fibra consumida habitualmente, independentemente do tipo de dieta normalmente consumida. 

Por outro lado, os níveis de óxido de trimetilamina (OTMA) - um composto que tem sido associada à doença cardiovascular - foram significativamente menores nas amostras de urina de vegetarianos e veganos em comparação com as amostras dos onívoros. 

Além disto, quanto mais os onívoros adotaram uma dieta mediterrânea e mais rigorosa no consumo de plantas, mais BAIXOS seus níveis de OTMA. 

Os níveis de OTMA foram associados com a prevalência de micro-organismos
relacionados com a ingesta de proteínas animais e gorduras, 
incluindo a L-Ruminococcus (da família Lachnospiraceae). 

Ovos, carne de vaca, porco e peixe são as fontes primárias de carnitina e colina - compostos que são convertidos por micróbios do intestino em trimetilamina, e que então são processados pelo fígado e liberados na circulação como OTMA. 

Os pesquisadores ressaltaram não obstante que os níveis de AGCC podem variar com a idade e o sexo, e que o estudo não se propôs a estabelecer quaisquer relações causais. 

Mas, no entanto, eles sugerem que a dieta mediterrânea parece sim estar relacionada com a produção de AGCC benéficos para saúde. 

Eles concluem: "Fornecemos aqui evidências tangíveis do impacto de uma dieta saudável e de um padrão de dieta mediterrânea (OU BASEADA EM PLANTAS), sobre a microbiota intestinal e a regulação do metabolismo microbiano, todos fatores benéficos para a manutenção da saúde do hospedeiro." 

E acrescentam: "as dietas onívoras ocidentais não são necessariamente prejudiciais quando um certo nível de consumo de plantas está incluído na alimentação."

(*) Fonte: BMJ. "High dietary fiber intake linked to health promoting short chain fatty acids: Beneficial effects not limited to vegetarian or vegan diets." ScienceDaily.

Journal Reference: Francesca De Filippis, Nicoletta Pellegrini, Lucia Vannini, Ian B Jeffery, Antonietta La Storia, Luca Laghi, Diana I Serrazanetti, Raffaella Di Cagno, Ilario Ferrocino, Camilla Lazzi, Silvia Turroni, Luca Cocolin, Patrizia Brigidi, Erasmo Neviani, Marco Gobbetti, Paul W O'Toole, Danilo Ercolini. High-level adherence to a Mediterranean diet beneficially impacts the gut microbiota and associated metabolome. Gut, 2015; gutjnl-2015-309957 DOI: 10.1136/gutjnl-2015-309957

Matéria publicada pela Revista Inglesa GUT - em 29.09.2015
Tradução Fernando Trucco
Comentários Conceição Trucom *

Fonte: Doce Limão.

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