1 - ELE NÃO TEM INTERESSE PELA COMIDA
Exercite a criatividade. Para a nutricionista Nadia de Souza, do Hospital e Maternidade São Cristóvão (SP), vale a pena apostar em desenhos em quadrinhos, músicas, quebra-cabeças e outras brincadeiras que envolvam a temática da alimentação. Mas, lembre-se: o objetivo é aumentar o interesse pela alimentação e não barganhar ou convencer a criança a comer, já que isso deve acontecer de forma natural e prazerosa. Além disso, se for possível, convide seu filho para ajudar no preparo das refeições. O ato de tocar e cheirar o alimento pode despertar a curiosidade para provar algo novo. Outro incentivo eficaz é levá-lo para conhecer a origem dos alimentos, fazer compras na feira, plantar e regar alguma verdura...
2 - O SABOR DO ALIMENTO É DESAGRADÁVEL PARA ELE
“Quando a criança começa a se alimentar, o sabor mais aceitável para ela é o adocicado, que lembra o leite materno”, avisa a nutróloga Ana Luísa Vilela, de São Paulo. Por isso, ao introduzir a comida salgada na alimentação, a profissional sugere misturar, de vez em quando, pedaços de banana às papinhas.
Bom saber: como os bebês têm o paladar mais aguçado que os adultos (sim, perdemos papilas gustativas e, com isso, a sensibilidade, ao longo dos anos), o sabor amargo de alguns alimentos é percebido de forma amplificada por eles – e, se nem boa parte dos adultos suporta comer jiló, imagine os pequenos! Uma dica para disfarçar o amargor de vegetais, como berinjela, brócolis, almeirão e couve-de-bruxelas, é temperá--los com um pouco de suco de limão (o azedo predomina e é mais facilmente aceito).
Caso seu filho já tenha fechado a boca para o que você ofereceu algumas vezes, não se dê por vencido. Pode ser necessá-rio insistir um pouco mais. “O que parece rejeição é, muitas vezes, resultado de um processo natural de familiarização com sabores e texturas e da própria evolução da maturação dos reflexos sensoriais do paladar, que permitem distinguir o azedo, o doce, o amargo e o salgado. Por isso, os pais devem ofertar cada alimento, pelo menos, oito vezes”, ensina Nadia.
Invista em diferentes formas de preparo – vegetais assados, por exemplo, costumam agradar mais facilmente do que os crus. “Para a criança, a batata cozida é diferente da frita, que também se distingue do purê. Portanto, cada uma dessas apresentações conta como uma novidade e deve fazer parte das tentativas”, orienta Mauro Fisberg, coordenador do Centro de Dificuldades Alimentares do Hospital Infantil Sabará (SP).
3 - O HORÁRIO DAS REFEIÇÕES NÃO COSTUMA SER REGULAR
Pense bem: se fazer as crianças encararem um novo alimento já é um desafio quando estão com fome, imagine se o seu apetite estiver comprometido por terem beliscado fora de hora? Por essa razão, é desaconselhável liberar guloseimas, alimentos gordurosos e ricos em glicose nos intervalos entre as refeições, pois reduzem a fome, que deveria ser reservada aos pratos principais.
Outra medida fundamental é definir um padrão na quantidade de comida e nos horários. A partir do primeiro ano, devem ser oferecidas de cinco a seis refeições por dia, sendo três principais – café da manhã, almoço e jantar – mais dois lanches intermediários e, se necessário, uma ceia antes de dormir, caso a criança esteja com fome.
O ambiente em que os filhos se alimentam também tem grande importância para a refeição ser bem-sucedida. O ideal é sentá-los em um lugar seguro, como no cadeirão (até por volta de 2 anos), e reunir toda a família à mesa – de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Loughborough, no Reino Unido, jantar com os familiares torna as crianças menos exigentes como cardápio. “Mas estipule um tempo máximo para a refeição acontecer. Já foi observado que, depois de 20 minutos, a garotada dispersa e não se alimenta para valer”, argumenta Fisberg. Aparelhos como rádio, televisão e celular devem ser evitados, pois provocam distração e tiram o foco do ato de comer.
4 - ELE DIZ QUE ESTÁ DE BARRIGA CHEIA
Quando estamos famintos, temos a sensação de que comeríamos o que estivesse pela frente, certo? A lógica se aplica às crianças: aproveite o início da refeição, quando a fome deles é maior, para introduzir novos alimentos ou oferecer as opções mais saudáveis, como os vegetais. Só depois inclua os itens aos quais estão habituados. Forçar a barra também não está com nada. “Nunca devemos ser agressivos e obrigar os filhos a comer a quantidade que julgamos adequada. Tampouco empregar um sistema de punição e barganha para convencê-los a aceitar determinados alimentos”, ressalta Felgueira. Dica: limite as porções a uma colher de sopa de cada grupo alimentar por ano de vida – ser realista em vez de encher o prato vai diminuir sua frustração.
Pelo sim, pelo não, é fundamental verificar com o pediatra do seu filho, nas consultas de rotina, se o desenvolvimento dele está adequado, com base na curva de crescimento, e se há suspeita de alguma deficiência nutricional. Caso contrário, faça apenas o que estiver ao seu alcance e se convença de que cada criança tem seu próprio padrão alimentar.
Fonte: Revista Crescer.
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