A expressão “anemia causada pela prática esportiva” é usada para descrever um possível efeito do treinamento na diminuição concentrações de hemoglobina em comparação à população em geral (12 g/ dl para mulheres e 13 g/dl para homens), com maior incidência entre atletas de prova de resistência como corrida, ironman, triatlon, maratonas, cross country, ciclismo, corridas de aventura. Porém, essa alteração, pode ser uma falsa anemia que se instala, especialmente em homens devido à diluição da concentração de hemoglobina frente ao aumento do volume plasmático decorrente do treinamento (GHORAYEB ;BARROS, 1999; EICHNER, 1996; RIETJENS et al, 2002).
Porém, a deficiência de ferro decorrente da má alimentação pode levar o atleta à anemia. Isso ocorre principalmente com a população feminina, pois fisiologicamente os homens perdem menos ferro que as mulheres (NAGASHIMA; CLINE, 2000).
Entendendo a fisiologia da anemia em atletas
Os exercícios agudos e vigorosos reduzem o volume plasmático em 10 a 20% por três vias.
Com o aumento da pressão sanguínea aumenta a compressão muscular sobre as vênulas, que por sua vez, aumentam a pressão dos líquidos dentro dos capilares para ativar a musculatura.
Na formação de ácido lático e outros metabólitos nos músculos, aumentam a pressão osmótica dos tecidos.
Essas duas situações fazem com que ocorra à saída do plasma do sangue para os tecidos, conservando os glóbulos vermelhos. Depois, a água sai do plasma e é eliminada através do suor (NAGASHIMA; CLINE, 2000).
III. Para compensar e manter os níveis de água e sal normais, o organismo libera hormônios como: renina, aldosterona e vasopressina. Também ocorre uma adição de albumina no sangue. Com isso, há um aumento do volume plasmático (NAGASHIMA; CLINE, 2000).
Consequentemente ocorre uma diminuição na concentração de hemoglobina sérica da ordem de 1g/dL ou mesmo de 1,5g/dL comparativamente com os níveis normais. O diagnóstico de uma pseudo-anemia depende do conhecimento da capacidade aeróbia (determinada ao nível do mar) excluindo a possível presença de outro tipo de anemia. O volume plasmático preenche rapidamente os espaços criados pelo nível de exercício. Os atletas que treinam em alta intensidade apresentam níveis mais baixos de hemoglobina e quando os exercícios são interrompidos esse nível se eleva rapidamente (EICHNER, 1996).
Para saber se essa baixa concentração de hemoglobina é a causada pelo exercício ou deficiência de ferro, é importante outras análises clínicas e nutricional. Além disso, o único meio de se certificar de que a concentração limítrofe de hemoglobina em um indivíduo seja realmente anemia verdadeira, é comparando-a com o valor normal (mínimo) dessa pessoa (EICHNER, 1996).
Portanto, aparentemente, esse aumento no plasma sanguíneo é uma adaptação benéfica ao exercício aeróbico, pois apesar do atleta ter uma maior quantidade de sangue, este apresenta baixa viscosidade, ajudando no transporte de oxigênio à musculatura (RIETJENS ET AL, 2002).
Referências Bibliográficas:
GHORAYEB N, BARROZ T. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica – aspectos especiais e preventivos. São Paulo; Atheneu, 1999.
EICHNER, E.R. Anemia do Esportista.: Terminologia inadequada para um fenômeno real. Sports Science Exchange. Gatorade Sports Science Institute. Nutrição no esporte, no8. Traduzido e adaptado do original em inglês: Vol. 1(6), 1996.
NAGASHIMA K, CLINE GW. Effects of blood donation on exercise performance in competitive cyclists.Am Heart J. 2000; 130:838-40).
RIETJENS G.J.W.M. et al. Red Blood Cell Profile of Elite Olympic Distance Triathletes. A Three-Year Follow-Up Int J Sports Med. Vol. 23: p.391.396, 2002.
Fonte: RG Nutri
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