A avaliação do consumo alimentar tem grande relevância em estudos epidemiológicos, pois permite a investigação da associação entre o consumo de alimentos, nutrientes ou compostos bioativos e o risco de doenças crônicas, como câncer e doenças cardiovasculares. Os métodos tradicionais de avaliação de consumo alimentar, como diários, questionários de frequência alimentar (QFA) ou recordatórios de 24 horas (R24) são amplamente utilizados devido ao seu caráter não invasivo e baixo custo. Todavia, sua acurácia depende de fatores como a memória e cooperação do entrevistado e alguns métodos podem não captar a variabilidade no consumo ao longo dos dias1.
Para contornar estas dificuldades, há um interesse crescente no uso de marcadores biológicos, ou biomarcadores, que são moléculas mensuradas em um fluido ou tecido que fornecem um indicador semi-quantitativo da exposição individual a determinados constituintes do alimento5.
Existem biomarcadores de recuperação e de concentração. Os primeiros são baseados em medidas quantitativas do balanço fisiológico entre o consumo e excreção de um composto. A ingestão de proteínas, por exemplo, pode ser calculada a partir da quantidade de nitrogênio excretado em amostra de urina de 24 horas, uma vez que se sabe que o nitrogênio na urina de 24 horas representa aproximadamente 80% do nitrogênio ingerido.
Os marcadores de concentração, por sua vez, são medidos no plasma ou soro, em frações de lípides plasmáticos (ex: fosfolípides), no tecido adiposo ou na urina. Neste caso, não é possível obter uma medida absoluta da ingestão alimentar, e sim correlações com níveis de ingestão6. As concentrações de carotenoides (α e β caroteno, luteína, zeaxantina e β-criptoxantina) e de vitamina C no plasma podem, por exemplo, ser utilizadas como indicadores do consumo de frutas e hortaliças1. Para a avaliação do consumo de polifenóis, amostras de urina podem fornecer estimativas do consumo de genisteína, gliciteina, enterolactona e hidroxitirosol, de acordo com revisão de Pérez-Jiménez et al. (2010)3.
Com relação aos ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3, pesquisas recentes mostram que biomarcadores, como a concentração de ácido docosahexaenoico (DHA) nos fosfolípides plasmáticos, eritrócitos ou plaquetas, são efetivos e podem ser mais acurados do que os métodos de avaliação do consumo alimentar para classificar indivíduos segundo níveis de consumo após a suplementação4.
Outro exemplo de biomarcador recentemente estudado, segundo Marklund et al. (2013)2, é a concentração de metabólitos do alquilresorcinol (AR) na urina, a qual, assim como a concentração plasmática de AR, pode ser utilizada como marcador do consumo em curto e médio prazo de grãos integrais e fibras em populações que tenham o centeio como um dos principais contribuintes para o consumo destes componentes alimentares.
É importante salientar que os biomarcadores não substituem os métodos tradicionais de avaliação de consumo alimentar. Devem ser utilizados como medida adicional, uma vez que nem todos os nutrientes possuem marcadores biológicos e pode haver influência de aspectos como biodisponibilidade, além de fatores genéticos e metabólicos. A melhor forma de análise disponível no momento é a combinação de QFA, R24 e biomarcadores, conhecida como método das tríades. Estudos com novas moléculas, com medidas repetidas ou com o uso de dois biomarcadores independentes poderão trazer novas perspectivas no futuro6.
Referências:
Para contornar estas dificuldades, há um interesse crescente no uso de marcadores biológicos, ou biomarcadores, que são moléculas mensuradas em um fluido ou tecido que fornecem um indicador semi-quantitativo da exposição individual a determinados constituintes do alimento5.
Existem biomarcadores de recuperação e de concentração. Os primeiros são baseados em medidas quantitativas do balanço fisiológico entre o consumo e excreção de um composto. A ingestão de proteínas, por exemplo, pode ser calculada a partir da quantidade de nitrogênio excretado em amostra de urina de 24 horas, uma vez que se sabe que o nitrogênio na urina de 24 horas representa aproximadamente 80% do nitrogênio ingerido.
Os marcadores de concentração, por sua vez, são medidos no plasma ou soro, em frações de lípides plasmáticos (ex: fosfolípides), no tecido adiposo ou na urina. Neste caso, não é possível obter uma medida absoluta da ingestão alimentar, e sim correlações com níveis de ingestão6. As concentrações de carotenoides (α e β caroteno, luteína, zeaxantina e β-criptoxantina) e de vitamina C no plasma podem, por exemplo, ser utilizadas como indicadores do consumo de frutas e hortaliças1. Para a avaliação do consumo de polifenóis, amostras de urina podem fornecer estimativas do consumo de genisteína, gliciteina, enterolactona e hidroxitirosol, de acordo com revisão de Pérez-Jiménez et al. (2010)3.
Com relação aos ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3, pesquisas recentes mostram que biomarcadores, como a concentração de ácido docosahexaenoico (DHA) nos fosfolípides plasmáticos, eritrócitos ou plaquetas, são efetivos e podem ser mais acurados do que os métodos de avaliação do consumo alimentar para classificar indivíduos segundo níveis de consumo após a suplementação4.
Outro exemplo de biomarcador recentemente estudado, segundo Marklund et al. (2013)2, é a concentração de metabólitos do alquilresorcinol (AR) na urina, a qual, assim como a concentração plasmática de AR, pode ser utilizada como marcador do consumo em curto e médio prazo de grãos integrais e fibras em populações que tenham o centeio como um dos principais contribuintes para o consumo destes componentes alimentares.
É importante salientar que os biomarcadores não substituem os métodos tradicionais de avaliação de consumo alimentar. Devem ser utilizados como medida adicional, uma vez que nem todos os nutrientes possuem marcadores biológicos e pode haver influência de aspectos como biodisponibilidade, além de fatores genéticos e metabólicos. A melhor forma de análise disponível no momento é a combinação de QFA, R24 e biomarcadores, conhecida como método das tríades. Estudos com novas moléculas, com medidas repetidas ou com o uso de dois biomarcadores independentes poderão trazer novas perspectivas no futuro6.
Referências:
1) Baldrick FR, Woodside JV, Elborn JS, et al. Biomarkers of fruit and vegetable intake in human intervention studies: a systematic review. Crit Rev Food Sci Nutr 2011; 51(9): 795-815.
2) Marklund M, Landberg R, Andersson A, et al. Alkylresorcinol metabolites in urine correlate with the intake of whole grains and cereal fibre in free-living Swedish adults. Br J Nutr 2013; 109(1): 129-136.
3) Pérez-Jiménez J, Hubert J, Hooper L, et al. Urinary metabolites as biomarkers of polyphenol intake in humans: a systematic review. Am J Clin Nutr 2010; 92(4): 801-809.
4) Serra-Majem L, Nissensohn M, Øverby NC, et al. Dietary methods and biomarkers of omega 3 fatty acids: a systematic review. Br J Nutr 2012; 107 Suppl 2: S64-76.
5) Spencer JP, Abd El Mohsen MM, Minihane AM, et al. Biomarkers of the intake of dietary polyphenols: strengths, limitations and application in nutrition research. Br J Nutr 2008; 99(1): 12-22.
6) Yokota RT, Miyazaki ES, Ito MK. Applying the triads method in the validation of dietary intake using biomarkers. Cad Saude Publica 2010; 26(11): 2027-2037.
Fonte: Unilever Health Institute, O que são biomarcadores do consumo alimentar? A dosagem de substâncias no sangue, urina ou tecidos pode refletir níveis de ingestão. Acesso em 05/04/2013.
Fonte: Unilever Health Institute, O que são biomarcadores do consumo alimentar? A dosagem de substâncias no sangue, urina ou tecidos pode refletir níveis de ingestão. Acesso em 05/04/2013.
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