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UMA CASTANHA POR DIA.

terça-feira, 12 de novembro de 2013
Cresce o número de estu­dos relaciona­dos­ à castanha-do-brasil – até pouco tempo chamada de castanha-do-pará, por ter a maior produção naquele Estado­ do Norte do País – e esse aumento é justifi­ca­do pela quantidade de benefícios que o alimento traz para a saúde. Por conter grande concentração de selênio, a castanha tem propriedades antioxidantes e o consumo diário de uma única noz contribui para o bom funcionamento da tireoide e para o processo de desintoxicação do organismo. Além disso, com alto teor de lipídeos, o óleo extraído da castanha, quando adicionado ao creme­ dental, ajuda na prevenção da placa bacteriana.
 
O selênio, mineral descoberto em 1817, já foi considerado cancerígeno e altamente tóxico. Entretanto, hoje sabe-­se que é essencial para a saúde em quantidades mínimas, pois contribui para diversas funções do organismo, além de combater o envelhecimento celular por acionar as enzimas que combatem os radicais livres. “A principal função é ser antioxidante, mas o selênio também participa da conversão de T4 em T3 (hormônio mais ativo da glândula da tireoide envolvido no crescimento e desenvolvimento humano), pro­teção contra a ação nociva dos metais pesados e xenobióticos, e redução do risco de doenças crônicas”, enumera a nutricionista Silvia Cozzolino, professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).
 
Em pesquisa de doutorado realizada na FCF-USP, a nutricionista Bárbara Rita Cardoso, doutoranda em Ciência dos Alimentos, constatou que pacientes com Doença de Alzheimer tinham grande deficiência de selênio se comparados com idosos saudáveis. No momento, a pesquisadora avalia a atividade da enzima glutationa peroxidase (antioxidante dependente de selênio) em idosos com declínio cognitivo leve, que têm maior risco de desenvolver a doença. Esta fase começou em 2011 e, atualmente, 30 idosos participam do estudo, distribuídos em dois grupos, sendo que apenas um come diariamente uma castanha-­do-brasil. “Até o momento, o grupo que não recebe a suplementação não teve alteração no estado nutricional relativo ao selênio, nem na atividade da enzima. Mas os estudos epidemiológicos sugerem que quem tem uma quantidade melhor de selênio na alimentação tem risco menor de desenvolver Alzheimer”, explica a doutoranda. O estudo será finalizado no fim deste ano e a expectativa é que o consumo diário da castanha melhore o estresse oxidativo, que está relacionado ao surgimento da doença. 
 
Obesos

Uma vez que indivíduos obesos são predispostos a apresentar de­fi­ciência de selênio e perfil lipídico alterado, a nutri­cionista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cristiane Cominetti, realizou pesquisa, em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-­FMUSP), para verificar se o consumo de uma castanha-do-brasil por dia seria suficiente para promover benefícios no status de selênio, na atividade enzimática antioxidante, no perfil lipídico e no risco cardiovascular de mulheres em idade reprodutiva com obesidade grave que aguardavam a cirurgia bariátrica. As voluntárias consumiram uma castanha por dia por dois meses.
 
Os principais resultados foram relacionados a um aumento significativo nas concentrações sanguíneas de selênio e na atividade da enzima antioxidante glutationa peroxidase. Além disso, houve melhora no perfil lipídico sérico, com aumento significativo nas con­centrações de HDL-c. “Esta redução foi suficiente para melhorar o perfil de risco cardiovascular das pacientes, avaliado pelas razões colesterol total/HDL-c e LDL-c/HDL-c”, complementa.
 
Apesar de todos os benefícios, é importante estar atento à quantidade de castanha ingerida, pois apenas uma unidade é suficiente devido à alta concentra­ção de selênio, cuja recomenda­ção é de 55µg por dia. Uma noz, que tem de 3 a 5 gramas, pode chegar a ter 30µg até 115µg do mineral. “O excesso pode ge­rar intoxicação e sintomas como distúrbios gastrointestinais graves, odor de alho exalado pelas vias respiratórias, bem como danos no cabelo e nas unhas”, alerta a professora Silvia Cozzolino.
 


 
Óleo da castanha reduz placa bacteriana
 
Estudo realizado na Pontifícia Universitária Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) demonstrou que a adição de óleo de castanha- do-brasil no creme dental promove redução do biofilme dentário (BD), chamado de placa bacteriana. A pesquisa foi baseada na efetividade dos óleos essenciais no controle do BD e no levantamento bibliográfico que mostram a eficiência em alguns problemas odontológicos. A opção de utilizar um óleo com alta concentração em lípides foi pelo fato de que alimentos gordurosos e oleosos­ interferem favoravelmente na inibição da formação do biofilme dentário, podendo formar uma barreira protetora sobre o esmalte. Os pesquisadores optaram pelo óleo de castanha-do-brasil (Brazil Nut Oil) porque, além de possuir elevado valor calórico e nutrientes essenciais para o organismo nos processos fisiológicos e bioquímicos do tecido epitelial, é de fácil extração e aquisição.
 
A dentista e autora da pesquisa, Cintia Buldrini Filogônio, explica que os óleos essenciais têm certa atividade na inibição do BD e, consequentemente, na prevenção e controle de cáries dentárias, pois são compostos fenólicos que agem especificamente sobre as bactérias, não havendo o desequilíbrio da microbiota ou proliferação de microrganismos oportunistas. “Portanto, agem rompendo a parede celular bacteriana, inibindo os sistemas enzimáticos e diminuindo os lipo­po­lissacarídeos e o conteúdo proteico do biofilme bacteriano. Com isso, reduzem os sinais clínicos de inflamação na gengiva, afetando a formação do BD e diminuindo a síntese de prostaglandinas e a quimiotaxia para os neutrófilos”, complementa.
 
O estudo duplo-cego teve participação de 30 estudantes voluntários do segundo período da Faculdade de Odontologia da PUC-Minas, distribuídos em três grupos. O primeiro recebeu creme dental original disponível no mercado; o segundo e o terceiro receberam tubos contendo o mesmo dentifrício, mas, com 10% em volume de óleo mineral ou de óleo vegetal de castanha-do-brasil. Os resultados demonstraram que a adição dos óleos mineral e vegetal contribuiu para a significante redução do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHO-S), o que po­de justificar sua inclusão como adjuvante no controle químico do biofilme dentário. “O óleo de castanha-do-brasil demonstrou ser eficaz na redução da formação do biofilme dentário e, associado aos procedimentos mecânicos de higiene oral, poderia ser utilizado para prevenir cáries e doenças periodontais”, afirma a pesquisadora. No entanto, esta hipótese ainda deverá ser testada cientificamente e mais estudos são necessários para novas comprovações. 
 
Fonte: Yakult - Super Saudável, acesso em 12/11/2013.

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