“OBESIDADE SAUDÁVEL É MITO”, ALERTAM ESPECIALISTAS
Aquela história de “gordinho saudável” caiu por terra. Mesmo sem nenhum problema metabólico aparente, como diabetes, colesterol elevado e pressão alta, as pessoas obesas (IMC — Índice de Massa Corpórea — entre 30 e 35) ou com sobrepeso (IMC entre 25 e 30) têm risco 24% maior de morte prematura causada por problemas súbitos como o infarto, quando comparados aos que estão dentro do peso ideal.
A constatação veio de uma pesquisa feita pela Annals of Internal Medicine, resultado de análise de dados de mais de 61 mil pacientes de oito estudos conduzidos por cientistas.
Martinho Rolfsen, cirurgião da obesidade do Hospital Sírio-Libanês, explica que essa ideia nasceu há alguns anos baseada num estudo que afirmava que indivíduos “metabolicamente compensados”, ou seja, sem doenças associadas à obesidade, poderiam ser considerados saudáveis. Além disso, chegaram a sugerir que indivíduos obesos, mas que eram ativos no dia a dia, poderiam ser tão saudáveis quanto pessoas magras. Mas a afirmação sempre foi discutida por alguns especialistas, sobretudo cardiologistas.
“Sobrepeso já é uma condição predisponente para a obesidade, que é uma doença. Portanto, o indivíduo pode naquele momento específico não apresentar alterações laboratoriais, mas ainda assim ele está doente”, diz Rolfsen.
Um dos riscos mais evidentes da obesidade está no acúmulo de gorduras nas artérias, o que pode desencadear uma série de malefícios, como angina, infarto do miocárdio, dificuldades de memória, risco de diabetes tipo 2, problemas de ereção, impotência sexual e até cegueira.
“Às vezes o indivíduo é jovem ou possui uma reserva metabólica funcional orgânica que consegue compensar as alterações que viriam na esteira da obesidade. Ou seja, metabolicamente, naquele momento, ele pode se encontrar competente para superar as mudanças que a obesidade traria para o organismo dele, como pressão alta, por exemplo. Mas à medida que o tempo vai passando, a reserva funcional pode não ser mais suficiente e ele passa a apresentar problemas sérios”, explica o especialista.
A médica Maristela Monachini, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, é enfática em relação a essa questão. Para ela, a obesidade já é uma epidemia. A especialista acredita que até 2030 haja uma inversão da pirâmide no país: haverá muito mais pessoas obesas do que indivíduos saudáveis.
“Mesmo que o paciente não possua histórico familiar para doenças cardíacas, ele passa a ter um risco elevado por causa da obesidade. Ela só não vai ter a predisposição genética. Não existe obeso saudável. Isso é mito. Quando você começa a analisar a fundo o colesterol da pessoa, perfil de glicose, triglicérides, sempre há alterações”, alerta a cardiologista.
OBESIDADE E SOBREPESO
Alimentação saudável, associada à prática de exercícios, é fundamental para diminuir o sobrepeso ou acabar com a obesidade.
Estima-se que 20% da população brasileira seja formada por obesos sendo que cerca de 80 mil mortes (mais do que a AIDS) são atribuídas à obesidade. A Organização Mundial da Saúde alertou que, no mundo, 155 milhões de jovens (um em dez) sofrem da doença e estão propensos a ter colesterol alto (que impede o crescimento), diabete, hipertensão e problemas cardiovasculares, como enfarte.
A obesidade é definida como o excesso de peso atribuído ao aumento de gordura corporal, principalmente no abdome, que é acompanhado de resistência à insulina, hipertensão arterial, diabetes, aumento do colesterol e obstruções nas coronárias.
A perda de peso deve ser aconselhada constituindo-se uma maneira de reduzir a morbidade e mortalidade. A aplicação de dietas ou outros procedimentos para redução do peso deve ser baseada em documentações científicas que comprovem sua utilidade e racionalidade de uso.
A alimentação adequada inclui reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras e mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas assim como diminuir o consumo de gorduras trans (hidrogenada) e aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais, diminuindo a ingestão de açúcar e sal, consumidos habitualmente em excesso.
Confira algumas dicas que ajudam a manter o bem-estar e refletem na saúde:
Hábito alimentar saudável.
Ingesta menor de gorduras trans e saturadas.
Dar preferência a alimentos vegetais ou animais magros, isto é, com pouca gordura.
Atividade física rotineira.
Uso regular e orientado por médico, quando necessário, de tratamento medicamentoso.
Não fumar.
Controlar o diabetes e a hipertensão.
Fonte: coração alerta
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