São Paulo – O não muito saboroso óleo de fígado de bacalhau marcou a infância de muita gente e, se depender de um grupo de médicos, continuará presente na rotina das pessoas.
A razão para isso está em um consenso formulado pela Associação Brasileira de Nutrologia, que traz um conjunto de estudos que confirmam a importância do consumo de alimentos que contenham o chamado DHA (ácido docosahexaenoico), tipo de ômega-3 encontrado em peixes comuns em águas profundas e frias, como salmão, atum, bagre, sardinha e as diferentes espécies de bacalhau.
De acordo com Mario Cicero Falcão, doutor em pediatria pela USP (Universidade de São Paulo), o consenso do qual faz parte foca principalmente nos benefícios desse nutriente para gestantes, lactantes e crianças, mas isso não significa que pessoas de todas as idades não sintam o impacto positivo do DHA.
Consumir 200 miligramas do nutriente, o que equivale a três porções de 100 gramas de salmão por semana, basta para que o organismo sinta a diferença. Essa substância atua diretamente no desenvolvimento das estruturas do cérebro, do sistema nervoso central e dos olhos, durante a gestação.
Após o nascimento, o DHA continua atuando no desenvolvimento cognitivo e visual das crianças. Em adultos, o benefício está na prevenção de doenças neurodegenerativas e cardiovasculares. “Eu comprovei esse resultado em casa. Minha filha melhorou o rendimento escolar, porque melhorou o nível de atenção dela”, afirma Falcão.
Segundo ele, apesar dos vários estudos que mostram esses resultados, o consumo de alimentos com DHA pelos brasileiros ainda é baixo. A razão, para o médico, não tem muita relação com o preço alto dos peixes que apresentam maiores quantidades do nutriente.
“Nós temos a questão do preço, mas o pior problema é cultural. O brasileiro não tem costume de comer peixe e aqueles que comem não consomem as espécies com mais DHA”, diz. É por esse motivo que o consenso irá orientar médicos de diferentes especialidades a falar mais sobre isso com os pacientes, principalmente as grávidas.
Este público é um alvo ainda mais delicado, pois, ao mesmo tempo em que é essencial o consumo do nutriente, segundo o médico, existe o risco de contaminação por metais pesados, que faz com que futuras mães fujam de cardápios que incluem peixe. Nesse caso, a orientação é, em vez de comer o peixe, adotar suplementos, como cápsulas ou o tradicional óleo de fígado de bacalhau (preferencialmente puro).
Fonte: Exame
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