Bastante utilizada na culinária por conferir mais sabor aos alimentos, as vantagens da pimenta vão muito além do paladar. O consumo frequente desse alimento funcional pode proporcionar benefícios para a saúde devido à presença de vitaminas e substâncias que aliviam dores, além de contribuir para o aumento da salivação, o que auxilia na mastigação e na proteção da saúde bucal. A pimenta desempenha outros papéis importantes para a saúde, sendo utilizada até mesmo como matéria-prima na fabricação de medicamentos para combater os sintomas de artrose e artrite, e na produção de cosméticos. A lista de benefícios do consumo regular é extensa, o que justifica o fato de o alimento ser chamado de ‘analgésico natural’.
Segundo a professora doutora Silvia Justina Papini, do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB/UNESP), a capsaicina, substância responsável pela pungência do fruto, pode auxiliar no alívio de dores de cabeça, enxaquecas e dores musculares, além de melhorar a digestão. “Imediatamente após o consumo e com a ardência, o cérebro recebe uma mensagem de que algo não está bem e inicia o processo de combate, elevando a produção de saliva, a transpiração e a umidificação do nariz para o corpo se refrescar. O cérebro também libera endorfinas, que oferecem sensação de bem-estar e euforia”, enumera.
O médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), acrescenta que a pimenta também é aliada da digestão, pois as substâncias capsaicinoides que estimulam a salivação auxiliam na mastigação e aumentam a secreção gástrica. “Além disso, colaboram para efeito de antiflatulência”, acentua. Considerada um potente antioxidante para neutralizar a ação de radicais livres, a pimenta atua, ainda, na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer e, por conter vitaminas A, C e E e flavonoides, ajuda a evitar o envelhecimento precoce. A capsaicina colabora na prevenção do acúmulo de gordura na região abdominal e aumenta a liberação de catecolaminas, noradrenalina e adrenalina, que agem diminuindo o apetite e a ingestão calórica.
Na pimenta do reino, a substância que causa a ardência é a piperina, com propriedades que também podem auxiliar no emagrecimento, na redução dos níveis de colesterol e dos níveis glicêmicos, por aumentar a liberação de insulina. Por ser termogênica, a pimenta acelera o metabolismo ao elevar a temperatura corporal e aumentar o gasto calórico, auxiliando no processo de emagrecimento. Com quantidades apreciáveis de vitaminas do complexo B (tiamina, niacina, riboflavina), potássio e cálcio, também é benéfica ao sistema circulatório, por apresentar propriedades vasodilatadoras, contribuir para a diminuição da formação de coágulos e o aumento do calibre de vasos sanguíneos, o que reduz o risco de infarto ou acidente vascular cerebral. Os fitoquímicos presentes nas pimentas, substâncias consideradas quimiopreventivas, ativam o sistema imunológico e atuam como desintoxicantes do sangue.
Dúvidas
Existem muitos mitos sobre os benefícios e os prejuízos que a pimenta traz, mas, assim como qualquer alimento, deve ser consumida com moderação e receber atenção de quem tem histórico de problemas gastrointestinais. “Pesquisas mostram que a pimenta é benéfica e o consumo frequente promove e preserva a saúde, desde que associado a um hábito de vida saudável e a uma dieta equilibrada”, acentua a professora doutora Silvia Justina Papini. A recomendação é de até 30mg/dia para que se obtenha algum efeito terapêutico, o que equivale a seis unidades da pimenta dedo-de-moça ou meia pimenta malagueta, que podem ser consumidas puras ou em preparações, sempre acompanhadas de outro alimento.
O nutrólogo Durval Ribas Filho alerta que, em quantidades excessivas, a pimenta pode agredir a mucosa que encobre os órgãos que compõem o sistema digestivo. “O consumo elevado pode desencadear algum problema gastrointestinal, além disso, é contraindicado para quem tem gastrite, úlcera, duodenite e esofagite”, explica. A pimenta também é utilizada pela indústria farmacêutica, na composição de pomadas para artrose e artrite e em emplastros, e pela indústria de cosméticos, em xampus antiqueda e anticaspa. As pimentas são originárias do México, do Norte da América Central, onde são produzidas as Capsicum annuum (pimentas doces), e da América Central, responsável pelas espécies picantes Capsicum frutescens. No Brasil, a maior parte da produção está no Sudeste e Centro-Oeste, e as mais consumidas são as do gênero Capsicum (vermelha), que inclui a malagueta (C. Frutescens), a dedo-de-moça (C. baccatum), a cumari (C. baccatum var. praetermissum), a pimenta de cheiro e a pimenta bode (C. chinense). Já a pimenta do reino faz parte do gênero Piper.
Estudos demonstram ação eficaz
Quando as células do fígado sofrem lesão causada por medicamentos, ingestão de bebidas alcoólicas ou por doença ocorre uma inflamação, ativando as células estreladas e criando fibras de colágeno que, com os anos, podem provocar a cirrose. Entretanto, um estudo realizado no Laboratório de Biofísica Celular e Inflamação da Faculdade de Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) mostrou que o consumo regular de pimenta pode proteger o fígado de doenças que o lesionam. Na pesquisa, as células estreladas ativadas foram incubadas com capsaicina e estudos pré-clínicos mostraram que houve queda de 50% na formação das fibras e de 70% no número de células ativadas por inflamação, comprovando que a pimenta pode oferecer proteção para o fígado contra certas doenças crônicas. “Não realizamos trabalhos científicos com humanos, porém, acreditamos que para surtir efeito é necessário o consumo diário, que pode ser in natura e em outras formas. Cabe ressaltar que a alta quantidade de capsaicina pode ser muito picante e provocar desconforto ou, dependendo do organismo, uma reação alérgica”, enfatiza o professor doutor Jarbas de Oliveira, coordenador da pesquisa.
O Departamento de Ambiente e Ciências da Saúde Ocupacional da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, também conduziu um estudo envolvendo a pimenta, denominado 'Nicotine from edible Solanaceae and risk of Parkinson disease', cujos resultados mostraram que a ingestão de pimenta e outros alimentos da mesma família reduz o risco de doença de Parkinson. Os pesquisadores queriam ver a relação entre a doença e certos vegetais que pertencem à família Solanaceae e estudaram pimentas, tomates e batatas. Indivíduos que comiam pimentas pelo menos cinco vezes por semana reduziam as chances de desenvolver a doença de Parkinson em 50%, em comparação com aqueles que comiam pimentas menos de uma vez por semana. O consumo de pimentas duas a quatro vezes por semana resultou em uma redução de 30% do risco de desenvolvimento da doença.
Fonte: Yakult
0 comentários:
Postar um comentário