Pouco se ouvia falar de intolerância e alergia alimentar no passado, mas hoje essas duas palavras estão em toda parte, dando sinais de que essas reações se tornaram uma epidemia.Alimentos até pouco tempo considerados saudáveis se tornaram vilões e são proibidos no cardápio de adultos que muito se fartaram deles no passado. Uma mudança crescente que levanta várias questões: por que estamos cada vez menos tolerantes a alguns alimentos? Por que estamos desenvolvendo cada vez mais alergias? Como podemos nos tornar alérgicos a um alimento que consumíamos sem problemas no passado? Quem mudou, os alimentos ou nosso organismo? Assim como as perguntas, as respostas são muitas.
- Nas últimas décadas as alergias e intolerâncias alimentares tornaram-se um grande problema no mundo. Embora alguns casos sejam de predisposição genética, essa mudança também está associada à piora da qualidade de vida, estresse, alto consumo de alimentos processados e industrializados, alimentos geneticamente modificados e melhores técnicas de diagnóstico – explica a nutricionista Cristiane Perroni.
COMO SABER SE SOU ALÉRGICO?
Com tantas possíveis causas é preciso fazer uma investigação no sentido contrário. E o primeiro passo é o consultório médico, onde, após um levantamento histórico, o paciente é encaminhado para vários exames.
- Testes cutâneos, avaliação sanguínea, biópsia intestinal e endoscopia, dieta de exclusão e teste de provocação oral estão entre os exames que vão detectar o alimento causador da intolerância ou alergia – elenca Cristiane, que ainda frisa a importância de identificar o tipo de reação.
Reações alérgicas mais comuns são diarreia, gases, distensão e dor abdominal, vômitos, rouquidão, tosse e chiado no peito, eczema, urticária, coceira, edema.
Conforme a nutricionista, enquanto a alergia alimentar é uma resposta imunológica adversa aos alérgenos (substâncias que podem induzir a uma reação de hipersensibilidade) presentes nas proteínas dos alimentos, a intolerância é uma resposta à ingestão do alimento não envolvendo o sistema imunológico, provavelmente o resultado de uma produção insuficiente ou deficiente (inexistente) de uma enzima digestiva.
ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
Nos casos das alergias, os maiores causadores são a predisposição genética (50% dos pacientes com alergia alimentar possuem história familiar de alergia), a introdução precoce de alimentos em bebês no período de desmame e a permeabilidade do sistema digestivo. No entanto, não se pode descartar a culpa dos alimentos geneticamente modificados. A polêmica que envolve esses produtos é grande e ainda não temos um estudo conclusivo sobre a influência deles na saúde. Entretanto, algumas pesquisas indicam que, a mesma tecnologia responsável pelo aumento da produtividade e a redução dos impactos ambientais da agricultura, está associada a vários problemas de saúde como infertilidade, mal de Parkinson, alguns tipos de câncer, e diversos problemas na flora intestinal que podem levar à dificuldade de digerir a lactose e desencadear e/ou agravar transtornos relacionados ao glúten, incluindo a doença celíaca, uma grave desordem autoimune.
Alimentos que normalmente são alvo do herbicida: milho, soja, beterraba, batata, alfafa, canola, mamão, arroz e tomate.
Conforme um relatório publicado pela pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Stephanie Seneff, e o cientista Anthony Samsel, foram encontrados resíduos de "glyphosate em alguns alimentos," o principal ingredientes do Roundup, o herbicida mais usado no mundo. Esses resíduos seriam os causadores e/ou potencializadores dessas disfunções e doenças.
- Os perigos potenciais dos alimentos geneticamente modificados podem estar associados com toxicidade, alergenicidade, alterações nutricionais e efeitos antinutrientes e a possibilidade remota de transferência horizontal de genes. É preciso uma maior fiscalização de órgãos governamentais para certificar o cultivo seguro, além de uma maior seriedade por parte da indústria na descrição dos ingredientes nos rótulos, pois existem outros produtos alergênicos além dos conhecidos glúten e lactose. Soja, amendoim, nozes e ovos também precisam estar claramente nos rótulos – alerta Cristiane Perroni.
Alimentos geneticamente modificados com mais frequência: milho, soja, canola, algodão, tomate e mamão.
RISCOS DOS ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
* Efeitos imediatos de proteínas tóxicas ou alergênicas destes alimentos geneticamente modificados
* Acumulação de herbicidas e seus metabólitos nas variedades e espécies resistentes;
* Transferência horizontal das construções transgênicas para o genoma de bactérias simbióticas tanto de humanos quanto de animais.
PRODUTOS ORGÂNICOS
Na dúvida, a especialista indica a troca de alimentos geneticamente modificados por produtos orgânicos. Recorra a ferinhas e continue de olho nos rótulos, mas tenha em mente os alimentos que mais estão relacionados a alergias alimentares: soja, ovo, nozes, amendoim, lactose, glúten(trigo, aveia, centeio e cevada), crustáceos, peixes.
Do grupo destacam-se o glúten e a lactose, que ao contrário da febre momentânea que os coloca como vilões das dietas, só precisam ser banidos das refeições de algumas pessoas.
- Com relação ao leite, há que se diferenciar a alergia da intolerância. A alergia ao leite é uma reação com sintomas bem mais severos do que a intolerância e acontece quando a proteína do leite é ingerida. Já a intolerância surge devido ao açúcar do leite. – explica a nutricionista.
Segundo ela, o ser humano para de produzir lactase (a enzima que quebra a lactose na digestão) quando desmama, então é normal que ocorra a rejeição por parte do organismo, o que pode aumentar na medida em que a pessoa envelhece. Já a doença celíaca, ou intolerância ao glúten, geralmente ocorre com indivíduos geneticamente predispostos.
Seja qual for a reação do organismo, ela precisa ser identificada com cuidado para só depois receber tratamento.
- A melhor forma de amenizar os sintomas e tratar o problema da intolerância alimentar é retirar por um tempo o alimento e tratar a flora intestinal, a nossa barreira imunológica – indica Cristiane, que recomenda antes de tudo uma visita a um profissional especializado.
Fonte: Eu atleta.
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