Conhecido por suas propriedades energéticas, o açaí tem se mostrado um importante aliado da saúde graças ao seu alto teor de flavonoides do tipo antocianinas, substâncias presentes nos alimentos de cor roxa e que funcionam como poderoso antioxidante, garantindo melhor circulação sanguínea e protegendo o organismo contra doenças. A fruta também é fonte de energia e rica em fibras, pouco consumidas no padrão alimentar atual no Brasil e que contribuem para o emagrecimento, pois conferem sensação de saciedade, auxiliam na função do intestino e evitam a obstipação intestinal. Além disso, agem no controle da glicemia, de triglicérides e de colesterol sanguíneo.
Nas regiões sul e sudeste, principalmente, o consumo da fruta costuma ser associado com guaraná ou granola, que possuem açúcar, o que transforma o fruto em um alimento energético. “Para ter ideia, meio litro de açaí substitui uma refeição, então, quando se almoça ou janta e, em seguida, se ingere açaí como suco ou sobremesa, o indivíduo pode considerar que fez a refeição duas vezes”, observa o cardiologista Eduardo Augusto Costa, professor associado e coordenador da disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O potencial antioxidante do açaí é comprovado em inúmeros estudos e também vem sendo associado a um menor risco de doenças cardiovasculares. Segundo a nutricionista Renata Cintra, professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IBB-UNESP), campus Botucatu, a presença de antioxidantes e fibras na alimentação são fatores que, realmente, reduzem o risco dessas doenças, pois diminuem o colesterol, agem contra a oxidação dos lipídeos e o risco de formação de placas de aterosclerose, principal causa de morte no mundo.
Abundante nas mesas paraenses, o açaí é prato principal de muitas famílias em alguns municípios daquele Estado como, por exemplo, em IgarapéMiri. Ao consumir o fruto diariamente, essa população não sabia que estava se prevenindo contra a aterosclerose, até que os pesquisadores da UFPA conseguiram demonstrar, por meio de estudo científico, o efeito positivo do alimento. Os cientistas, que desenvolvem uma linha de estudos pioneira no Brasil há 10 anos, queriam saber se o consumo do açaí auxiliava na prevenção de doenças cardíacas. Para isso, acompanharam 346 homens com idade acima dos 35 anos. Destes, 277 consumiram suco de açaí diariamente.
Após uma bateria de exames, os resultados apontaram que o grupo consumidor do açaí apresentou taxas de HDL-colesterol elevado e de LDLcolesterol normal e, para os que não ingeriram o fruto, o resultado foi o contrário. Segundo o cardiologista Eduardo Augusto Costa, coordenador da pesquisa, os dados demonstram que o primeiro grupo possui menos riscos de sofrer com doenças ateroscleróticas. “Quando há lesões na parede interna das artérias, provocadas por tabagismo, hipertensão, diabetes, obesidade e herança genética, entre outras causas, o LDL penetra na lesão e se oxida. A antocianina do açaí impediria essa oxidação, diminuindo o risco de problemas”, explica. O cardiologista ressalta que a fruta sozinha não previne doenças mas, se estiver associada a alimentação e estilo de vida saudáveis, certamente será benéfica.
Câncer
O alimento também está sendo considerado eficaz na prevenção ao câncer de mama, depois que um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) percebeu resultados importantes no potencial antioxidante do fruto diante de linhagens de neoplasias mamárias, o tipo mais comum entre as mulheres. O grupo trabalhou com três linhagens celulares de câncer de mama e avaliou os efeitos de um extrato, obtido a partir da semente de açaí, sob alguns aspectos celulares, principalmente de proliferação das células. “No processo de desenvolvimento de câncer, a célula entra em uma proliferação descontrolada e o extrato atua promovendo uma inibição desta situação, com modulação do ciclo celular e aumento do processo de apoptose das células, ou seja, um método de morte programada das células cancerígenas”, explica o professor doutor Anderson Junger Teodoro, do Departamento de Tecnologia de Alimentos – Núcleo de Bioquímica Nutricional da UNIRIO, que atribui possivelmente às antocianinas, grupo de compostos bioativos majoritário do açaí, a responsabilidade por esse efeito.
Embora os resultados sejam favoráveis e a equipe esteja muito otimista, não é possível afirmar, com certeza, a eficácia do açaí contra a neoplasia mamária. “Como em toda linha de pesquisa, o processo é demorado e passa por uma série de etapas. Começamos com modelos celulares, já trabalhamos com a possibilidade de estender a pesquisa para modelos animais e, mais tarde, vamos partir para experimentos com humanos. Só nesse momento poderemos confirmar sua efetividade”, ressalta o professor. Paralelamente, a equipe tem trabalhado no desenvolvimento de extratos de outras frutas, também ricas em antocianina, para avaliar outras linhagens celulares de câncer.
Fonte: Super Saudável - Yakult
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