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MITOS SOBRE A DOENÇA CARDIOVASCULAR.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
No mínimo, o nosso coração merece muito mais atenção.
Imaginem ouvir noticias sobre uma catástrofe que causa milhares de vitimas diariamente – uma em cada 40 segundos. Uma epidemia? Um acidente nuclear? “Apenas” a doença cardiovascular! O maior assassino mundial, a doença cardiovascular causa muito mais mortes do que todas as formas de cancro. É um exterminador implacável que pode atacar todos embora tenha preferência pelos maiores do que 65 anos, mas nenhuma idade, raça ou classe econômica lhe é imune.

Há uma certa falta de consciencialização acerca do que esta doença é na realidade. Enquanto 35% das pessoas diz ter boa saúde, quando inquiridos acerca dos principais fatores de saúde: dieta, atividade física, tensão arterial, colesterol, peso, açúcar sanguíneo e tabagismo – apenas 1% tem consciência sobre todos os fatores conducentes a uma boa saúde. Há vários mitos acerca da doença cardiovascular:

• É uma doença dos idosos. Embora o risco aumente com a idade, as raízes desta patologia podem ser plantadas até na adolescência. O crescimento da placa arterial que venha a dar um enfarte pode demorar anos a desenvolver e crescer. Os que crescem num ambiente de “fast-food” são mais atreitos a esta doença

• Não afeta as crianças. Embora raramente, também pode afetar as crianças. Com a crescente epidemia de obesidade infantil é provável vermos aparecer esta patologia cada vez mais cedo. As paragens cardíacas são responsáveis por um número crescente de óbitos infantis.

• Não atinge as pessoas em forma e fortes. Embora estar em boa forma física diminua muito os riscos, é o conjunto da eliminação dos fatores de risco que trás proteção.

• O excesso de colesterol ou a tensão arterial elevada dão sinais de alarme, como dores de cabeça ou no peito. É um dos maiores erros. Nenhuma condição produz sinais de aviso, pelo que esta é uma doença silenciosa. Mais do que a elevação do colesterol total, é a qualidade do “mau” colesterol dependente do aumento dos triglicerideos que aumenta o risco de doença cardiovascular. Um terço dos adultos tem hipertensão arterial e destes, 1/3 não faz ideia disso. Idealmente a tensão arterial deve ser cerca de 120/80.

• Os sintomas de ataque cardíaco são iguais nos homens e nas mulheres. As mulheres têm frequentemente sintomas muito mais leves do que no caso dos homens – dor no peito, sudação e dificuldade em respirar – aparecendo mais frequentemente a dor abdominal ou no queixo, a náusea e a respiração ofegante. Metade das mulheres nem sequer tem a clássica dor no peito. É frequente as mulheres ignorarem os seus sintomas confundindo-os com indigestão ou sintomas de falta de boa forma (o cansaço é um sintoma comum). Isso pode ser fatal. A principal manifestação de um ataque cardíaco na mulher é a morte súbita!

• A doença cardíaca é genética. Se os pais não tiveram nós não teremos. Há os tais fatores supracitados que podemos controlar e que nada têm a ver com os genes. Claro que se os nossos pais tiveram um enfarte ou trombose antes dos 55 e 65 anos, teremos um risco maior.

• O excesso de peso é normal. É um dos maiores fatores de risco, nomeadamente a gordura abdominal nos homens. Esta situação combinada com a diminuição da testosterona é uma bomba-relógio.

• É mais provável uma mulher morrer de cancro da mama do que de enfarte. A maior causa de morte nas mulheres é a doença cardiovascular, especialmente na menopausa quando perdem a proteção hormonal feminina. Mas mulheres jovens a combinação da pílula e do tabagismo é explosiva.

• A diabetes não ameaça o coração, desde que se mantenha o açúcar sob controle. Os diabéticos são mais saudáveis quando a glicemia está em limites mais estreitos do que os anunciados, mas ainda assim a doença causa inflamação nas artérias, lesando-as. Nunca se pode descansar sob uma diabetes controlada.

• Se estiver em risco, o médico prescreve exames para despistar a doença. Mesmo que isso aconteça, raramente tem o valor desejado. Talvez o somatório dos exames disponíveis possa dar um sossego enorme, mas nunca 100%. E são raros os profissionais de saúde capazes de os identificar a todos!

No mínimo, o nosso coração merece muito mais atenção.

FONTE: Texto de Dr. Luís Romariz, fundador do Instituto Médico NewAge no Porto. 

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