Google Analytics Alternative

DHA: NUTRIENTE QUE ESTIMULA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL.

terça-feira, 15 de abril de 2014
Escola, pediatra, roupas, brinquedos, carinho...Você está sempre buscando oferecer o que há de melhor para o seu filho – e com a alimentação não é diferente. Agora, uma novidade vai fazer você incluir mais um ingrediente no cardápio: o DHA, abreviatura em inglês de docosa-hexaenoic-acid ou ácido docosa-hexaenoico, um ácido graxo do tipo ômega 3.
 
Especialistas apontam que esse nutriente é fundamental para o desenvolvimento cerebral e para a visão das crianças, e que deve fazer parte da dieta da mãe desde a gestação. Essa substância é encontrada em altas quantidades em peixes de água fria (como salmão, atum e sardinha) e também está presente no leite materno, na gema de ovo e em algumas sementes, como a linhaça. Mas não se assuste se você nunca ouviu falar dela.

A descoberta é recente (fala-se sobre isso com mais frequência na área médica há cerca de dez anos) e o assunto ainda divide opiniões. Porém, cada vez mais se vê estudos sobre o tema e mais entidades confirmam sua eficácia – tanto que a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Associação Brasileira de Nutrologia já recomendama ingestão de DHA na gestação e nos primeiros anos de vida. A seguir, você vai saber tudo sobre a importância
desse nutriente e a quantidade que deve colocar no prato do seu filho.
 
Vitamina cerebral
O DHA atua na formação, no crescimento e no próprio funcionamento do cérebro. Esse órgão começa a ser estruturado ainda no útero, quando se formam bilhões de células nervosas chamadas neurônios. Elas são protegidas por uma capa de gordura, a bainha de mielina, que também ajuda na comunicação entre os neurônios, as chamadas sinapses – e, quanto mais delas, mais rápido é o pensamento.
 
A mielina é composta por uma combinação deuma proteína (esfingomielina) e gordura – no caso, o DHA. Nosso corpo é rico em ácido alfa-linoleico (ALA), o precursor do DHA e por meio do qual conseguimos metabolizar o nutriente no organismo. Porém, o grau de conversão é reduzido e, por isso, a ingestão de DHA se faz necessária. Como a retina também é formada por células nervosas, o neuronutriente acaba tendo efeito positivo na visão.
 
Força extra na gestação
Entre 18 e 24 dias de gestação se forma o tubo neural, estrutura que vai dar origem ao
cérebro do bebê. Por volta da décima semana, são produzidos ali cerca de 250 mil neurônios por minuto. Se o DHA atua diretamente na proteção das células nervosas, não é difícil entender porque é importante ingeri-lo durante a gravidez. É a chamada “janela de oportunidade", período único em que órgãos vitais da criança estão se formando e temos a chance de colaborar para que isso aconteça da melhor maneira possível, como explica Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. Segundo a nutróloga, ainda há resistência dos médicos em relação a esse componente. Ela se deve pela gestação ser um período delicado para indicar qualquer tipo de complementação – já que a maioria das mulheres não come a quantidade de peixe necessária. Para adultos, são recomendados 200 mg de DHA por dia. Um filé de 100 g de salmão silvestre temcerca de 1,4 g do nutriente, mas, como os que são vendidos no Brasil são criados em cativeiro (sem dados sobre a qualidade nutricional), o ideal é que o peixe seja consumido de duas a três vezes por semana por toda a família – até porque ainda não se sabe quanto do nutriente é absorvido pelo corpo. Ou uma combinação de duas porções de salmão e duas gemas de ovo por semana. Com os estudos começando a comprovar a importância do nutriente, os obstetras já estão indicando para as pacientes. Uma pesquisa da Universidade deKansas (EUA) mostrou que bebês de mães que consumiram DHA durante a gravidez tinham menos chances de nascer prematuros ou com baixo peso, fatores que podem comprometer seu desenvolvimento. Os resultados são referentes aos primeiros cinco anos de análises (de um total de dez) de um grande estudo que pretende comprovar a eficácia do DHA no que diz respeito ao desenvolvimento da inteligência das crianças. Existem cápsulas de ômega 3 desenvolvidas especialmente para gestantes, com registro na Anvisa. Opte por elas se o obstetra indicar e fique atento à quantidade: devem ter, no mínimo, 100 mg de DHA por grama.

Ainda dá tempo
Se o seu filho já nasceu, saiba que o desenvolvimento cerebral segue até a adolescência. “A primeira infância é um período importante, em que se fortalecem atividades intelectuais como a linguagem e a memorização”, explica Eduardo Alvarez, pediatra neonatologista e membro da Academia Mexicana de Pediatria. Segundo ele, 85% do cérebro se forma até os 5 anos, por isso é tão essencial a ingestão de DHA nessa fase. Para Mário Falcão, pediatra nutrólogo e autor de Nutrição do Recém-Nascido (Ed. Atheneu), dos 6 meses aos 5 anos são necessários de 70 a 150 mg de DHA por dia. O leite materno é uma boa fonte do componente – mas só se a mãe tiver uma ingestão adequada do nutriente. Como é difícil a criança (e até o adulto) comer peixe, começam a chegar no Brasil alimentos enriquecidos com DHA, inclusive fórmulas infantis. “Crianças de 1 a 5 anos deveriam ingeri-las, já que o leite de vaca não possui o nutriente, além de ter quantidades inferiores de ferro, cálcio e vitaminas A, C e D”, conclui o pediatra Falcão.
 
DHA no rótulo
No Brasil, tudo isso ainda é muito recente. Mas, lá fora, o DHA já é considerado essencial para o desenvolvimento infantil. A European Food Safety Authority (EFSA) aprovou, em maio de 2011, que três frases de saúde relativas ao DHA fossem impressas nos rótulos de alimentos fonte ou enriquecidos: “a ingestão de DHA contribui para o desenvolvimento de crianças com idade até 12 meses”; “a ingestão materna de DHA contribui para o desenvolvimento normal da visão do feto e de crianças amamentadas”; e “a ingestão materna de DHA contribui para o desenvolvimento normal do cérebro do feto e de crianças amamentadas.”
 
Luiz Celso Vilanova, professor de Neurologia da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil; Marilisa Mantovani Guerreiro, coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Infantil da Academia Brasileira de Neurologia.
Fonte: Revista Crescer, acesso em 15/04/2014.

0 comentários:

Postar um comentário