O mineral atua na produção de neurotransmissores e na sua interação com os receptores do sistema nervoso. Foto: Getty Images
Os estímulos externos são essenciais para que a criança aprimore o raciocínio, a memória e a concentração. Mas o esforço dos pais em encher o filho de livros e proporcionar variadas experiências pode ser vão se não houver combustível de qualidade para que os neurônios e as conexões entre eles se formem direito. Estamos falando da comida certa no momento certo. “Alimentos adequados atuam na construção de tecidos e órgãos, viabilizando o desenvolvimento físico, o socioemocional e o cognitivo”, explica a nutricionista Tatiana Hernandes, da Mead Johnson Nutrition no Brasil. Esse cuidado deve começar antes mesmo de o bebê nascer. “Na gestação, a mãe tem que comer alimentos ricos em ácido fólico, importante na formação dos neurônios”, diz a pediatra Lilian Zaboto*. Após o nascimento, as gorduras têm papel-chave, pois compõem a bainha de mielina, estrutura que envolve os neurônios e atua na aprendizagem.
As gorduras são abundantes no leite materno. Portanto, enquanto a mãe amamenta, o aporte de minerais, vitaminas, proteínas e carboidratos está garantido. “A partir da introdução dos alimentos, deve haver uma rica oferta de ferro, iodo e zinco, para estimular o desenvolvimento neurológico e cognitivo”, diz Lilian. Entenda por quê.
A força do zinco
O mineral atua na produção de neurotransmissores e na sua interação com os receptores do sistema nervoso. A falta dele pode retardar o crescimento e a formação de neurônios, comprometendo o processo de cognição. Estudos mostram um risco elevado de deficiência nas crianças brasileiras: pesquisa com pré-escolares na Paraíba concluiu que 16,2% tinham um nível abaixo do ideal.
Onde encontrar: a principal fonte são as ostras, mas elas não costumam agradar ao paladar infantil. Por isso, o zinco deve ser consumido por meio dos ovos, das carnes e dos grãos integrais.
Dose diária: 3 miligramas até 4 anos e 5 miligramas até os 6 anos – a partir daí, a quantidade indicada são 7 miligramas. Um ovo contém 0,5 miligrama de zinco.
Poderoso iodo
Sua função mais conhecida é a ação no metabolismo da tireoide, mas o iodo também tem papel importante na produção dos lipídeos estruturais que formam o cérebro, além de influenciar no processo cognitivo. Sua deficiência constitui a principal causa de retardo mental em crianças e leva a um baixo desenvolvimento psicomotor. Um estudo feito na cidade de Novo Cruzeiro (MG) avaliou 475 crianças em idade pré-escolar e constatou a carência do mineral em 34,4% delas. A falta pode provocar também bócio, um inchaço na tireoide. Para evitar isso, há décadas o mineral é adicionado ao sal de cozinha. Mas, em abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) optou por diminuir essa suplementação. Em vez de 20 a 60 miligramas por quilo de sal, a quantidade será de 15 a 45 miligramas. O saudável é garantir o aporte de iodo por meio dos alimentos.
Onde encontrar: frutos do mar, peixes de água salgada (cavala, salmão, pescada e bacalhau), leite e ovos.
Dose diária: 0,15 a 0,20 miligramas.
Dá-lhe ferro!
Ele tem papel fundamental na oxigenação dos órgãos, especialmente o cérebro. “A deficiência de ferro é um dos principais problemas infantis apontados pela Academia Americana de Pediatria. Estudos recentes revelam que a falta do nutriente pode causar efeitos irreversíveis no desenvolvimento cognitivo e comportamental das crianças”, diz a nutricionista Tatiana Hernandes. Se estiverem anêmicas por deficiência de ferro, elas podem apresentar sonolência, o que leva a um baixo rendimento escolar. Não se engane achando que esse é um drama apenas de pessoas subnutridas. Na verdade, a carência de ferro é um problema sério em vários países, inclusive no Brasil. Um estudo realizado nas escolas de Santos, no litoral de São Paulo, revelou que mais de 40% dos alunos do ensino fundamental e médio apresentavam anemia.
Onde encontrar: fígado, carnes vermelhas e brancas são alimentos ricos no ferro chamado heme, que é absorvido com facilidade pelo organismo. Grãos como feijão, ervilha e lentilha também contêm ferro, só que de outro tipo, o não heme. Isso significa que precisa haver uma força de outros nutrientes (principalmente a vitamina C) para ser sintetizado pelo organismo. “Por isso, a sobremesa ideal após as refeições são as frutas cítricas, ricas nesse tipo de vitamina. Os doces à base de leite ou iogurte devem ser evitados, pois o cálcio presente compete com o ferro na hora de ser absorvido pelas células”, alerta a nutricionista Inty Davidson (SP), especialista em educação nutricional.
Dose diária: a recomendação é que crianças de até 1 ano consumam 5 miligramas de ferro; de 1 a 3 anos, 7 miligramas; de 4 a 8 anos, 10 miligramas; a partir dos 9 anos, 12 miligramas. Para ter uma ideia, 100 gramas de contrafilé possuem 2,4 miligramas do mineral. Já 100 gramas de fígado contêm, em média, 5,8 miligramas.
Também não podem faltar
O cálcio e a vitamina C devem entrar na dieta do seu filho, embora não participem do processo cognitivo. O cálcio ajuda a formar as células ósseas e fortalecer os dentes e ainda atua no funcionamento dos sistemas nervoso e imunológico. A principal fonte é o leite e seus derivados. Já a vitamina C age na síntese de colágeno, indispensável no desenvolvimento de ossos e dentes. As frutas cítricas (laranja e acerola) são boas fontes.
Fonte: M de mulher.
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