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CANSAÇO E MITOCÔNDRIA. QUAL A RELAÇÃO?

quinta-feira, 1 de junho de 2017
As mitocôndrias são as organelas que geram energia para a célula estando presentes em todas as células do corpo humano, exceto as células vermelhas do sangue e convertem proteínas, gorduras e carboidrato em ATP, nossa principal forma de energia celular . As mitocôndrias são responsáveis pela geração de mais de 90% da energia necessária para o corpo estimular o crescimento e manter a vida. Quando mais velho ficamos menos mitocôndrias e menos produção de energia ( ATP)

Mitocôndria
Quando elas começam a falhar, menos energia é gerada dentro da célula, podendo causar lesão e até mesmo morte celular. Se este processo for repetido por todo o organismo, sistemas inteiros começam a falhar e a qualidade de vida deste indivíduo fica severamente comprometida.,

A perda de função na mitocôndria, organela chave responsável pela produção de energia celular, pode resultar em excesso de fadiga e outros sintomas que são queixas frequentes em quase toda doença crônica.

Umas das atuais vertentes para o envelhecimento saudável é a busca de formas de estimular a biogênese mitocondrial , isto é, o nascimento de novas mitocôndrias, independente da idade. Existem inúmeras formas de se fazer isso, mais abaixo citarei algumas.

No nível molecular, uma redução da função mitocondrial ocorre como um resultado das seguintes alterações:

(1) uma perda de manutenção elétrica e química dos potenciais da membrana mitocondrial interna,

(2) alterações na função da cadeia de transporte de elétrons (CTE),

(3) uma redução no transporte de metabólitos críticos nas mitocôndrias.

Por sua vez, estas alterações resultam numa redução da eficácia da fosforilação oxidativa e uma redução na produção de trifosfato de adenosina (ATP). Esta fadiga é muitas vezes descrita pelos pacientes como uma falta de energia, cansaço mental ou físico, resistência diminuída e recuperação prolongada após a atividade física, coisa bem comum de se ouvir de pessoas doentes e mais velhas Mecanismos etiológicos subjacentes à fadiga não são bem compreendidos, no entanto, a fadiga é um sintoma característico da doença mitocondrial.

Por isso, uma revisão realizada por Filler et al.1 analisou estudos que investigaram a associação de marcadores de disfunção mitocondrial com fadiga e propôs possíveis direções de pesquisa para melhorar a compreensão do papel da disfunção mitocondrial na fadiga. A busca minuciosa usando PubMed, Scopus, Web of Science, e Embase localizou 1.220 artigos. Depois da aplicação de critérios de inclusão e exclusão, um total de 25 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade foram selecionados para a revisão completa. Disfunções na estrutura mitocondrial, a função mitocondrial (enzimas mitocondriais e estresse oxidativo/nitrosativo), metabolismo energético mitocondrial (ATP produção e metabolismo de ácidos graxos), as respostas imune e genética foram investigadas como potenciais contribuintes para a fadiga. A carnitina foi o marcador da função mitocondrial mais investigado. Níveis disfuncionais foram relatados em todos os estudos investigando carnitina, no entanto, o tipo específico de carnitina que apresentou nível disfuncional variou. Perfis genéticos foram o segundo parâmetro mitocondrial mais estudado. Foram propostas seis vias comuns: metabolismo, produção de energia, o transporte de proteínas, morfologia mitocondrial, disfunção do sistema nervoso central e infecção pós-viral. A coenzima Q10 foi a enzima mitocondrial mais comumente investigada. Os baixos níveis de coenzima Q10 estiveram consistentemente associados à fadiga.

Vários componentes do sistema metabólico mitocondrial requerem a substituição de rotina, e essa necessidade pode ser facilitada com suplementos naturais. Os ensaios clínicos têm demonstrado a utilidade do uso de suplementos orais de reposição, tais como L-carnitina, ácido alfalipóico, coenzima Q10 (ubiquinona). Combinações destes suplementos podem reduzir significativamente a fadiga e outros sintomas associados com a doença crônica e podem naturalmente restaurar a função mitocondrial, mesmo em pacientes de longo prazo com fadiga intratável.

Deficiência de L Carnitina
A carnitina (ácido beta-hidroxi-gama-trimetilaminobutírico) é substância indispensável para transportar os ácidos graxos de cadeias médias e longas através da membrana interna das paredes mitocondriais. A carnitina disponível para esta função provém 25% da dieta normal e 75% é sintetizada no organismo. Não é conhecido e requerimento dietético diário, mas sabe-se que a carne contém mais carnitina que os vegetais. A síntese da carnitina é feita a partir da lisina, que é transformada em gamabutirobetaína que é transformada em carnitina no fígado e rins dos seres humanos. A deficiência de carnitina pode ocorrer por dieta deficiente, diminuição da síntese hepática, aumento de excreção, defeito de transporte da carnitina para o músculo e alta proporção de carnitina esterificada em relação a carnitina livre.

Sintomas: Cardiomiopatia, déficit de crescimento e alterações da consciência e coma, por vezes, hipotonia. O tratamento consiste na suplementação da dieta com L-Carnitina.
Deficiência de Coenzima Q10

A CoQ10 é feita naturalmente no corpo, mas a deficiência pode ocorrer devido a doença, baixo consumo de alimentos ou a utilização de alta CoQ10 pelo organismo. Os sintomas de deficiência incluem insuficiência cardíaca, pressão arterial elevada e dor no peito. Dependendo da causa da deficiência, suplementos com CoQ10 ou aumento da ingestão diária pode ser eficaz. A falta da Coenzima Q10 pode causar diversas situações de importância clínica, como:

– Insuficiência cardíaca: Evidências preliminares sugerem que CoQ10 pode ser eficaz para a insuficiência cardíaca crônica. Baixos níveis sanguíneos de CoQ10 têm sido associados a esta condição. CoQ10 tem sido utilizado em combinação com outras ervas e suplementos para a insuficiência cardíaca crónica.

– Pressão alta: Há boas evidências para apoiar o uso de CoQ10 no tratamento da pressão arterial elevada. No entanto, são necessários mais estudos avaliando uma dose mais elevada, por um período de tratamento mais longo.

– Degeneração macular relacionada à idade: Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular que causa perda de visão em adultos mais velhos. As primeiras investigações sugerem que uma combinação de acetil-L-carnitina, ômega-3, e CoQ10 pode melhorar a função visual de DMRI.

– Envelhecimento cutâneo: Estudos iniciais sugerem que uma combinação de CoQ10 e outros antioxidantes e minerais podem melhorar a aspereza da pele e as rugas finas. Mais pesquisas são necessárias para entender o papel da CoQ10 no envelhecimento da pele.

– Doença de Alzheimer: Existe alguma evidência de que a idebenona, um composto feito pelo homem, semelhante a CoQ10, pode beneficiar as pessoas com doença de Alzheimer. No entanto, o efeito da CoQ10 em si ainda não está bem esclarecido.

– Esclerose lateral amiotrófica (ELA): A CoQ10 tem sido estudada para a esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença que afeta o cérebro e células nervosas da medula espinhal que controlam o movimento muscular.


Pirroloquinolina quinona – PQQ: Em 2010, pesquisadores da Universidade da Califórnia na cidade de Davis, lançaram um artigo de revisão mostrando que o papel fundamental da Pirroloquinolina quinona – PQQ (uma vitamina do complexo B) no crescimento e desenvolvimento, decorre de sua capacidade única para ativar vias de sinalização diretamente envolvidas no desenvolvimento, funções e metabolismo energético celular. O estudo demonstrou de modo muito significativo que a PQQ não só protege a mitocôndria do estresse oxidativo, mas promove a geração espontânea de novas mitocôndrias (biogênese mitocondrial) nas células em processo de envelhecimento. Trata-se de um antioxidante extremamente potente, até cinco mil vezes mais eficaz que a vitamina C.

Ácido Lipóico: Presente em todas as células do nosso corpo, é chamado de antioxidante universal, pois é solúvel tanto em água quanto em gordura, ajudando a diminuir o armazenamento de gordura no corpo direcionando as calorias para produção de energia. O aumento de energia permite à célula ingerir mais nutrientes, remover resíduos e substituir componentes danificados. O Ácido Lipóico é encontrado em pequenas quantidades em alimentos como o espinafre, brócolis, ervilha, levedo de cerveja, couve, farelo de arroz e carne, ele é facilmente absorvido pela corrente sanguínea e também pode cruzar a barreira hematoencefálica.

D-Ribose: é um carboidrato monossacarídeo diferenciado, sendo componente do material genético e do ATP (trifosfato de adenosina). O ATP é uma molécula utilizada pelo nosso corpo como principal fonte de energia. Todos os movimentos e processos químicos do organismo são alimentados por moléculas de ATP. Já é conhecida a suplementação com ribose por via oral, por um período curto de tempo, porém os efeitos da ribose são potencializados através do tratamento endovenoso, realizado por um profissional de saúde especializado. Não é de ocorrência natural nos alimentos, exceto na forma de riboflavina (vitamina B2). Algumas das melhores fontes de riboflavina incluem filé mignon, ovos, leite de vaca, leite de cabra e iogurte, salmão, atum, arenque e bacalhau. A riboflavina é encontrada em uma grande variedade de alimentos vegetarianos e é particularmente rica em vegetais de folhas verdes. Algumas das melhores fontes incluem nozes, grãos integrais, espinafre, couve de Bruxelas, legumes, cogumelos, espargos, acelga, mostarda, couve, nabo, aipo, repolho e alface.

L-Carnitina: é um nutriente fabricado pelo próprio organismo, sintetizado nos rins, fígado e cérebro a partir de dois aminoácidos essenciais, a lisina e metionina, estando presente em todas as mitocôndrias. E seus níveis teciduais são influenciados por fatores desde má alimentação até desnutrição, envelhecimento e algumas doenças. Por proporcionar uma variedade de benefícios para o organismo, pode aumentar a desempenho energético, reduzir os danos da neuropatia diabética e regular o metabolismo associado ao estresse oxidativo das células.

Vitamina B3 (niacina): também conhecida como niacina ou ácido nicotínico, é importante para a manutenção do sistema nervoso. Principais fontes: amendoim, castanha do Pará, levedura, fígado, aves, carnes magras, leite, ovos, frutas secas, cereais integrais, brócolis, tomate, cenoura, abacate, batata doce e em grande parte dos legumes, verduras e frutas, em geral. Pesquisadores da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e da École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça, têm mostrado que a vitamina B3 pode retardar a progressão da doença mitocondrial, sugerindo o seu potencial como uma abordagem terapêutica inovadora para as doenças mitocondriais musculares em adultos. Em sua publicação atual, Dr. Nahid Khan do grupo Prof. Anu S. Wartiovaara mostrou que alimentando ratos com alimentos suplementados com a vitamina B3, retardou a miopatia mitocondrial. O tratamento aumentou a massa e função mitocondrial, e curou as anormalidades estruturais. Estes resultados mostram claramente o potencial desta forma de vitamina B, para ativar o metabolismo mitocondrial disfuncional.A melhor forma de usar a vitamina B3 é em HEXANICOTINATO DE INOSITOL

“Estes resultados são um avanço para a compreensão dos mecanismos de doenças mitocondriais musculares humanas e para explorar as opções de tratamento eficazes para esses distúrbios progressivos de adultos. Eles também destacam o papel potente de niacina em guiar o metabolismo energético mitocondrial”, concluiu o Professor Wartiovaara.

Como podemos observar, a alimentação natural é forte aliada da saúde mitocondrial. Portanto, muito cuidado com alimentação industrializada, rica em carboidratos simples, com baixa concentração de minerais essenciais como Cromo, Zinco, Cobalto, Manganês, Magnésio, Cálcio, Complexo B e Vitaminas C e E. Este tipo de alimentação tem ação deletéria sobre o nosso DNA, sendo esta ação mais intensa sobre o DNA mitocondrial, que é 20 vezes mais sensível à ação dos radicais livres do que o DNA nuclear.

Fonte: Parte do texto em Dr. Roberto Franco do Amaral.

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