Deveriam os consumidores ser alertados sobre o consumo excessivo de carne, assim como hoje se faz no caso do açúcar e do sal?
Esta questão está sendo levantada pelos especialistas porque a carne na dieta ocidental oferece um excedente de energia que não é necessário ao modo de vida sedentário da maioria da população, contribuindo assim para a prevalência da obesidade que se verifica em nível global.
Para analisar a questão mais a fundo, uma equipe da Universidade de Adelaide (Austrália) estudou a correlação entre as taxas de consumo de carne e a prevalência de obesidade em 170 países.
"Nossos resultados provavelmente serão controversos porque sugerem que a carne contribui para a prevalência de obesidade em todo o mundo na mesma medida que o açúcar," relata o professor Maciej Henneberg, coordenador do estudo.
Digestão das proteínas da carne
"Na análise da prevalência da obesidade em 170 países, constatamos que a disponibilidade de açúcar em uma nação explica 50% da variação na obesidade, enquanto a disponibilidade de carne explica outros 50%. Depois de fazer correções para levar em conta as diferenças de riqueza das nações (Produto Interno Bruto), o consumo de calorias, níveis de urbanização e de inatividade física, que são os principais contribuintes para a obesidade, a disponibilidade de açúcar permaneceu um fator importante, contribuindo de forma independente por 13%, enquanto a carne contribuiu com outros 13% para a obesidade.
"Embora nós acreditemos que seja importante que o público esteja alerta para o excesso de consumo de açúcar e algumas gorduras em suas dietas, com base em nossos resultados acreditamos que as proteínas da carne na dieta humana também estão dando uma contribuição significativa para a obesidade," disse o professor Henneberg.
"Gostemos disso ou não, as gorduras e carboidratos nas dietas modernas estão fornecendo energia suficiente para atender às nossas necessidades diárias. Como a proteína da carne é digerida depois das gorduras e dos carboidratos, isto torna a energia que recebemos das proteínas um excedente, que é então convertido e armazenado como gordura no organismo humano," acrescentou Wenpeng You, principal autor da pesquisa.
Os resultados e as recomendações foram publicados nas revistas médicas BMC Nutrition e Journal of Nutrition & Food Sciences.
Fonte: Diário da Saúde.
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