Há muito que sabemos que os diabéticos envelhecem mais rapidamente do que as outras pessoas. Ao mecanismo por detrás da destruição celular chamamos glicação – a perigosa ligação não enzimática entre açúcar e proteínas. A resultante glicose/proteína é conhecida como AGE (produto final da glicação). O processo é similar ao que ocorre quando cozinhamos carne a alta temperatura. Esta fica acastanhada, processo que ocorre igualmente nos nossos tecidos vivos sempre que há excesso de açúcar. Aqui é a temperatura contínua a 37ºC e a acção permanente dos radicais livres que transformam as nossas proteínas em substâncias disfuncionais. Isto foi ver ficado laboratorialmente sempre que a glicemia (açúcar no sangue) passava dos 85 mg/dl, o que ocorre após uma refeição moderna. A lesão infligida pela glicação é irreversível. Felizmente, podemos usar um parente da vitamina B1 – a benfotiamina – que nos protege deste fenómeno corrosivo. Nova evidência confirma a acção de diminuição do risco de doença cardiovascular, AVC, insuficiência renal e perda de visão consubstanciada pele benfotiamina. Num processo em tudo similar ao que se obtém ao assar a carne – reação de Maillard – o nosso corpo é lentamente cozinhado pelos açucares, acelerando imenso o processo do envelhecimento por dar origem aos AGE’s que despoletam uma reacção contínua de inflamação. Ora sabemos perfeitamente que uma inflamação de baixo grau, crónica e contínua, conduz às doenças degenerativas características do envelhecimento nomeadamente:
• Aumento do “colesterol” e aterosclerose
• Aumento no risco de AVC por aterosclerose da carótida
• Alterações do ritmo cardíaco seguidas de ataque cardíaco
• Cataratas
• Aumento no risco de todos os tipos de cancro
• Aumento das enzimas hepáticas
• Aumento na incidência de apneia do sono
As artérias são revestidas interiormente por uma finíssima camada unicelular – endotélio – o qual regula o fluxo sanguíneo e a tensão arterial. A lesão do endotélio, tal como decorre do aumento dos açúcares, leva aos ataques cardíacos (enfarte do miocárdio) e trombose cerebral (AVC). Ora a benfotiamina bloqueia esta lesão por parte da glicose tornando-se num auxiliar precioso na luta contra a glicação, quer aumentando a produção de óxido nítrico quer exercendo uma acção antioxidante directa. Felizmente, os meus doentes tomam este precioso nutriente no “multiessencial” – formulação poliantioxidante, vitramínica e mineral – desde há vários anos, bem como o ácido alfalipóico que combate também a glicação. Claro que o exercício físico, ao consumir glicose, diminui a glicação, e isto conjugado com uma alimentação de baixa carga glicémica rejuvenesce-nos.
GLICAÇÃO
Glicação é o fenómeno em que o açúcar carameliza com as proteínas celulares, tornando as nossas células rígidas e diafuncionais.
Todos os doces e muitos dos amidos, incluindo o pão não integral, arroz branco, batatas, massa não integral, cereais (excepto aveia), batatas fritas, crackers, e outros “snacks”, devem ser evitados. Apenas alguns vegetais devem ser evitados — milho, cenouras (crua é aceitável), e beterraba. Muitos frutos devem ser consumidos em pequenas quantidades e sempre com alimentos proteicos (por ex:yogurte) — bananas, kiwi, ananás, papaia, manga, melão e melancia, frutos secos (excepto damascos) e todos os sumos de fruta (mesmo os caseiros e feitos na hora). E por fim, mas muito importante deve-se evitar a todo o custo beber cerveja — pode beber-se vinho tinto em pequenas quantidades.
Se consumir pequenas quantidades destes alimentos durante a semana está a aumentar a sua glicação (e como tal a aumentar a sua velocidade de envelhecimento) muito mais do que se comer muito uma vez por semana.
A alimentação rica em proteínas ajuda a controlar o metabolismo da glicose.
Certifique-se que divide a sua ingestão alimentar por 3 refeições diárias, devendo o pequeno-almoço ser substancial.
E nunca se esqueça, a comida é o medicamento mais poderoso que o ser humano ingere na sua vida, por isso trate-a com todo o respeito!
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